sexta-feira, 6 de julho de 2012

Agora temos pressa

      As diversas análises feitas por diversos analistas especializados dão como certo o prolongamento da crise, a própria Lagarde assim afirma. Mas mesmo não sendo economista não acredito em crise perene; acredito sim, em processos de acomodação, mutação e renovação. Baseado nessa afirmação penso que teremos ainda o capitalismo como sendo o regime que irá guiar a economia das nações, por um bom par de décadas. Até que este, de dão metamorfoseado, terá outro nome, ou mesmo irá se parecer com um socialismo, que por sua vez também terá se transformado. 
      Ou seja, os rótulos e os extremismos terão que limar suas arestas e encurtar distâncias, pois a tarefa de distribuir alimento equanimemente para os sete bilhões de bocas, terá de ser enfrentada sem frescuras ideológicas. E esta tarefa não mais poderá ser cumprida de qualquer jeito; teremos de fazê-la ecológica e economicamente viável. As desculpas do passado, opondo crescimento à conservação do meio ambiente, não são mais aceitas. Falo do passado, mas numa época, tão recente e tão presente, em que valia tudo, pois junto à ignorância caminhava a ganância destruindo tudo o que via pela frente, rio, floresta, espécies animais. As lições aprendidas, no limiar da percepção de quão complexo é o sistema em nos situamos, (as que não foram aprendidas não contam obviamente, teremos que purgá-las) nos indicam e alertam para escassez de tempo. 
      Estamos diante de uma situação que obriga à evolução  dos sistemas de governo e dos sistemas econômicos em ritmo acelerado, pois a continuação da miséria na África poderá levar a deflagração de novas epidemias (já foi a AIDS, seria agora o Ebola?) e novas tensões sociais e conflitos derivados, como foram no Sudão, no Tchad, na Nigéria, sem contar os que não são veiculados na mídia nativa, mas que desdobram efeitos na Europa. Nesse ponto a ação diplomática do Brasil serve de exemplo, visto serve a interesses mútuos africanos e brasileiro, são pacíficos e não estão sob a arcaica égide da exploração.
       Mas diante deste cenário e da necessária presteza nas ações preventivas, sejam estas tomadas no plano social, da saúde, do saneamento, no controle da urbanização, no plano econômico, no plano político e mesmo na segurança pública e defesa, fica evidente a necessária capacitação do suprimento de alimentos manufaturados, equipamentos de toda natureza, feita de forma descentralizada. Isto implica em produzir o mais próximo possível do local de consumo e de uso. A consequência mais imediata é a minimização dos custos de transportes; mas a mais importante é equilibrar a demanda e o suprimento. Falamos da arcaica égide da exploração, exatamente para retomar esta questão agora, já que não será apenas o custo de transporte que será minimizado. Será a minimização do desemprego, causa da maioria dos males, será a criação das oportunidades de educação, será a busca por relações sociais mais estáveis e sadias, estejamos no plano interno e mesmo tratando de relações internacionais. Portanto temos que começar pela nossa casa. Comecemos estimulando a produção local, como já dito, minimizando custos de transporte e a poluição consequente.  Isto é verdade para toda gama da manufatura será tão eficaz quão maior for a variedade de produtos.
     Caminhar nesta direção exige o primeiro passo, e este é "Made in Brazil".