segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Há de haver limites

     Ando meio perplexo diante da campanha que está sendo desenvolvida pela mídia, aqui entenda-se os grandes, no único e raso intuito eleitoreiro. Não existe um mínimo de razoabilidade. Não se percebe a menor intenção (também nem se preocupam mais em parecer intelectualmente honestos) de ser útil a nação; de ter uma proposta de progresso, de melhoria do povo; nada, absolutamente nada. Apegam-se às mais variadas formas de degradação de seu "inimigo". Uso as aspas pois não são capazes de entender divergências, muito menos aceitá-las, já que se radicaliza qualquer forma de política de distribuição de riqueza como demagógica, populista e, in-extremis, comunista. Tal precarização da capacidade de percepção da realidade social, acaba por contaminar a percepção da realidade econômica, empresarial e transpassa a realidade que corre do macro ao micro. 
      Da percepção da realidade macro-econômica a realidade de sua empresa, alguns empresários ainda se apegam aos velhos e desgastados discursos que remontam a bipolaridade dos tempos da guerra-fria. A percepção binária melhor se acomoda à limitação intelectual e, portanto, não consegue alcançar a dimensão da atual multipolaridade. Atualidade que desde o fim do Muro de Berlim, o fim da União Soviética, o fim da Era Neoliberal, o fim do Consenso de Washington, estabelece diferentes pólos de influência no cenário mundial, restabelecendo uma condição cíclica de equilíbrio que remonta a primitivos tempos renascentistas.       Da sístole da aglutinação de economias a diástole da dispersão destas no mesmo espaço físico, percebe-se a lenta mudança dos padrões ideológicos. O próprio Lenin tinha uma frase mais ou menos assim: "O poder das idéias é tão forte, que mesmo que a realidade as contrarie, elas permanecem". É desta forma que percebo a permanência da bipolaridade, tanto à esquerda, quanto à direita do espectro político e que permeia os quadros tanto da gestão pública quanto a da privada.  O diferencial de incertezas e incompreensões é que estabelece o "teatro de operações" desta guerra, onde forças reacionárias emperram os esforços pelo progresso e diminuição do sofrimento dos mais pobres. O leilão de Libra promoveu uma excelente oportunidade de observação destes extremos bipolares; por um lado a esquerda queria permanecer sentada em cima da riqueza, por outro a direita queria  entregá-la a qualquer preço ao estrangeiro ( desde que não fosse chinês ). A solução, complexa como é a natureza do problema, incorporando as componentes de defesa econômica e defesa militar, ultrapassou a capacidade de análise de muitos e consequentemente os deixou à mercê de "formadores de opinião", mais do que espertos, rapaces.
      Juntamente à esta questão da complexidade  da sobrevivência e do progresso em meio a disputa entre as nações, aparece agora a vulgarização da ética, que passou rapidamente de "favorita do bordel" a "ecclesia beatae", atropelando direitos, desconstruindo conquistas jurisdicionais, tudo em nome de uma ética que quer ser beata mas acaba por revelar a sua condição de favorita de bordel; eleita pelos frequentadores mais do que fieis ao ambiente da malandragem.
      Todos temos a obrigação de refletir sobre o atual momento, concordem ou não com a minha opinião, pois o limite da paciência dos homens de bem está chegando a um ponto crítico. Não será a condição econômica mundial; não será o "pib", não será a balança de pagamento. Não serão razões econômicas, mas razões éticas que levarão homens da minha idade a cobrar agora nas ruas energia para com estas falsas beatas, que estão se aproveitando da boa fé de muitos e de poucos. Os donos dos meios de comunicação corrompidos têm de enxergar que já passaram dos limites.