quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O tema central, urgente

Fala-se em 100 dias de governo, mas os assuntos que deveriam estar pautados na última campanha eleitoral são poucos, ou nada, mencionados na grande imprensa. Também..., houve Carnaval, visita do Obama, realmente não havia tempo nem espaço para se ocupar de coisas que não eram mesmo do interesse da grande mídia. Mas o que vai esquentar o tempo será a regulamentação deste ambiente pouquíssimo higiênico onde habita a grande mídia e os governos. A qualidade do que se veicula é lamentável há muito tempo; portanto urge uma ação saneadora neste ambiente.
Parece claro que o Governo vai agir com tática cuidadosa, mas a batalha final será reservada ao Parlamento. É aqui que estará à prova a capacidade de mobilização das forças de vanguarda da sociedade, pois mais uma vez os jornalões vão fazer de tudo para manterem seus.....

Iniciei escrevendo este artigo em abril de 2011, ficou como rascunho este tempo todo e somente agora fui revê-lo para apagar da lista, mas me surpreendi, pois se o tivesse lido por volta de junho deste ano de 2013, acabaria por perceber que passeatas nada mais seriam que um eco e uma consequência do conflito entre construção e desconstrução que vem sendo travado entre Governo, mais propriamente Estado e mídia; nem pode se falar em Oposição, pois esta, a parlamentar se expõe e se envolve nos debates tendo de negociar. Os jornalões se travestiram de partido político, sem o ônus do voto conquistado. Daí esta situação que vivemos que se iguala a tentar acelerar com o freio-de-mão puxado.
Nem quero evoluir para a denúncia do denuncismo, para a manifestação crítica das manifestações, basta avaliar o que pude perceber naqueles cem dias. Hoje diria que a Dilma dos mil dias (não façam alusão a Ana, por favor) está mais pragmática ainda, mais segura e adquiriu, ou cristalizou, a plena consciência que está no cargo, não por acaso; tem uma missão, terrível, à cumprir. Missão esta que somente quem passou pela provação que passou teria a capacidade de cumprir: vencer um inimigo quase invisível, mas sempre presente, a concupiscência do poder econômico. 

Cismando a fila dos diligentes

    Da minha janela, no imponente prédio da Central do Brasil, com seu magnífico relógio, no centro do Rio de Janeiro, palco de manifestações históricas, posso ver o povo que sai dos trens e continua na sua luta para chegar ao lugar de trabalho; ou por ônibus, ou por metrô. Testemunhas e atores de uma luta que remonta à herança de um Estado prestativo para com os donos deste mesmo Estado, servil aos interesses do capital. A História conta e prova esta assertiva. Os trens que criados no final do século IXX, tiveram na construção deste imponente monumento art-deco, pronto em 1937, já no século XX, o apogeu do serviço e a marca indelével da era Getuliana. Populista, dizem alguns bem nascidos. Desde então o Estado deixa este serviço, deficitário por certo, apodrecer na incúria e na pactuação com os fabricantes de veículos (ônibus em chassis de  caminhões) recém instalados por JK, para transportar tudo, destruindo a ferrovia, inclusive a de carga, de forma impune. Hoje pagamos o preço, alto, desta traição. Seja no frete do tomate, seja no frete do aço, seja no transporte de passageiros. Hoje olho com a razão, mas outrora via este lugar com o terceiro olho da infância.
    Lembro que, onde hoje vejo a fila de espera dos ônibus, havia sobrados remanescentes da Rua General Pedra, que fora destruída para dar passagem a Avenida Presidente Vargas. Sobrados estes que em época de eleição, alugavam espaços na janela para a instalação de altofalantes, que propagandizavm os candidatos. Ou achavam que assim o faziam, pois o berreiro era tanto e os candidatos mais ainda, que o efeito desta propaganda talvez fosse o oposto desejado pelos canditados que gastavam ali suas verbas de campanha, muitas vezes mal explicadas.
    Lembro-me, pela mão de meu pai, saindo em 1950 da gare da Central e dando de frente com aquele espetáculo que, por tanto e negros anos, ficou silenciado. À época, com a intuição de criança, via que aquilo, aquela barulheira que me desagradava, ainda seria melhor que o silêncio.
    Hoje observo em silêncio a fila de ônibus. Trabalhadores que há pouco estavam desempregados, pacientes na espera daquilo que tanto lhes fora negado pelos bem nascidos, o trabalho. A demora na fila do ônibus, às vezes na chuva, em nada se compara a espera do emprego, do salário parco no final do mês. 
    Da janela continuo observando aquele espetáculo de dignidade. Fico cismando a fila, lembro de meu pai, e pensando o pensamento lá daqueles diligentes em direção ao trabalho. Lembro Provébios 12:27: "O preguiçoso não assará a sua caça, mas o bem precioso do home é ser ele diligente"

A internet de todos


É com grande ansiedade que espero a implantação do PNBL-Programa Nacional de Banda Larga. Não para que se repita o fenômeno da TV - o sentido único da comunicação. O Programa tem que mudar o lema de "Internet para todos" para "Internet de todos". Esta sutil diferença léxica serve para marcar uma profunda diferença conceitual, que reside no fato que a internet tem que trazer para a grande urbe o produto cultural da brasilidade remota, que hoje, sem voz, só recebe o que lhe é imposto pelo império da comunicação. Forma moderna de escravização por um dominador cultural que mal ouve, mal fala e mal vê. Basta ter paciência para assistir a uma programação de final de semana da tv aberta. Louve-se o esforço da TVBrasil, mas as demais que não estão ao alcance do espectro de difusão aberta, são apenas acessíveis no sistema de assinatura, podem então, via internet banda-larga, alcançar a imensa brasilidade do interior que possui um acervo cultural imenso. 
É este acervo cultural que precisa estar disponível à sociedade brasileira, para que esta não seja consumidora cativa de refugo cultural alheio. A internet tem que aí estar para construir o caminho de volta, trazendo esta riqueza cultural e não apenas levando o lixo produzido pelo bas-fond des sociedades velhas e cansadas.
A internet para todos é a internet para produção cultural de todos, e não apenas a produção cultural dos poucos corrompidos por velhos esquemas viciados e dominados pelas velhas oligarcas.
A internet não será para todos se não for de todos. E sendo de todos, produtores e consumidores, maiores serão as chances de democratização do conteúdos. Por esta razão estão aí a fazer um enorme estardalhaço, pois a viabilidade da produção por parte de pequenas empresas levará inexoravelmente à  melhoria da qualidade através do aumento da quantidade, à criar massa crítica com poder seletivo e competitivo.
O PNBL tem de ser apoiado por todos os brasileiros pois, ainda que não seja a saída única para o imbroglio em que nos metemos na área da comunicação, será o aguilão a forçar as operadoras de telefonia e de tv à competir em condições mais limpas e com tarifas menos vergonhosas; afinal temos os custos mais ridículos de comunicação, se comparado a outros países democráticos.
Várias tentativas de evolução neste setor, simplesmente não vingaram, devido a dimensão do mercado restrito à poucas cidades periféricas aos grande centros, somando-se aí os custos de equipamentos, já que perdemos os esforços dos anos 70 e 80 da indústria nacional.
Transcrevo aqui o texto extraído do "PANORAMA DA COMUNICAÇÃO E DAS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL - Vol I-109"
O setor apresenta características ambíguas no Brasil. Por um lado, tem indicadores de inovação e de esforço tecnológico mais elevado que a média do setor industrial, em função das características já citadas. Por outro lado, o setor apresenta duas fraquezas estruturais, que têm relação entre si. Em primeiro lugar, existe uma forte dependência da importação de componentes eletrônicos, que têm importância crescente no valor agregado dos produtos. Em segundo lugar, as firmas brasileiras em geral não participam da determinação dos novos padrões tecnológicos (como o LTE), que é feita por meio de alianças entre grandes corporações internacionais, em alguns casos com participação governamental. Neste mercado, as economias de rede são cruciais para a competitividade.
Como pode se observar neste texto o problema da comunicação não se restringe a um ministério, é um problema de todos os brasileiros, e por consequência do Governo como um todo. 

Não precisa nem de título, foi Fernando Brito que escreveu

iara

Iara, a Nordeste de Lula, é outro megacampo do pré-sal. 


Veja o que FHC entregou

12 de novembro de 2013 | 21:33
A Petrobras comunicou hoje a descoberta de petróleo médio-leve, de boa qualidade (28°API) no quinto poço perfurado desde que começou a prospectar o campo de Iara, a Nordeste do campo de Lula (ex-Tupi).
Todas as perfurações, que começaram em 2009, deram resultado positivo, com óleo semelhante e este último poço, chamado de Iara “Alto Ângulo”, como você vê na imagem, foi feito para dimensionar o polígono de exploração. Ao contrário dos demais, este poço tem parte de sua extensão na horizontal, para definir melhor os limites do reservatório rochoso.
E o que ele encontrou foi um horizonte de petróleo de 310 metros de extensão vertical, o que é muito. Equivale, por exemplo à espessura da coluna de rochas petrolíferas encontradas no poço descobridor de Libra.
A Petrobras não comenta, mas o resultado dos poços levanta a possibilidade de que Iara tenha um potencial maior do que o estimado anteriormente, entre 3 e 4 bilhões de barris. Há fortes possibilidades de que Iara seja cerca da metade do campo de Libra, o maior do mundo.
A área, porém, não vai ser explorada pelo regime de partilha. Foi licitada durante o Governo Fernando Henrique Cardoso e, ao menos, a Petrobras ficou com a maior parte (65%), a inglesa BG com 25% e a portuguesa Petrogal – aqui, agora, controlada pela chinesa Sinopec – com 10%.
Por Iara – que, repito, pode ser a metade de Libra – deu-se um lance de R$ 15 milhões, mil vezes menor que os R$ 15 bilhões de Libra.
O que é nada, incrível, perto dos 20 a 25% menos que teremos do petróleo, que pagará royalties e participação especial, em lugar de royalties e partilha.
Esses eram os “gênios” que hoje deitam falação, dizendo que eles é que sabem fazer “leilão bão”.
Por: Fernando Brito