sexta-feira, 24 de julho de 2015

Dilma e Obama

Alguns amigos me ligaram e me questionaram sobre o texto de ontem, quando disse que as coisas vão se ajeitando. A dúvida colocada era baseado no fato de que Dilma estaria indo a Obama para acertar, ou ajeitar, o cenário interno; como se este tivesse relação direta com os fatos da realidade interna, onde o nosso Parlamento, eleito pelo povo é bom que se diga, resolve à troco de interesses, diria, estranhos aos nacionais, "botar fogo no barraco", segundo a gíria carioca. 

A relação existe sim; mas não é direta. 
Diria que existe influência. Nem preciso fazer muita ginástica mental para mostrar o que é evidente. A questão é: quanto esta influência está ligada aos elementos causais da confusa realidade brasileira. 

Se remontarmos ao texto onde me refiro ao artigo de Marcos Coimbra, verão que mostro, até com auxílio da metáfora de Ilya Prigogine que projeta no universo social a "bifurcação histórica", verão que a componente estocástica é sim afetada pela turbulência aleatória, mas a componente secular é aquela que cabe aos estadistas construir e regular. É nesta componente que agem Obama e Dilma. 

Veja se a memória é capaz de relatar os fatos relacionados a tão badalada Operação Lava-Jato desde seu início. Talvez nem mesmo o Juiz encarregado saiba, tal a quantidade de atos, fatores influências do e no processo. Lamentavelmente um processo que deveria prestar um serviço ao Povo Brasileiro e se imiscuiu em futilidades e vaidades que a levaram a descrédito; e pior, poderá levar culpados a passear em Miami e inocentes a cadeia. Tão presa ao fenômeno estocástico está amarrada. 
Tivesse o Juiz mais maturidade, ou mais cabelos brancos, teria percebido a extensão da influência secular nesta e não deixaria a entropia política, expressa pela irracionalidade da mídia, gerar as componentes estocásticas nefastas. 
Somente uma instância maior e superior poderá agora criar uma nova "bifurcação histórica". O encontro de Dilma e Obama estabeleceu uma bifurcação que afeta até a operação dos BRICS. 
Aguardem os fatos, eles falarão pelo arranjo que fizeram. Tomara que venha o melhor

quinta-feira, 23 de julho de 2015

As coisas vão se ajeitando

 Um questionamento que para mim é mais do que uma constatação:


  • O que é melhor ? Um aliado bem posicionado no BRICS ? Ou ter que enfrentar o crescente poder da China, agora mais aliada ainda da Rússia, sem qualquer intermediário estratégico e eficiente diplomaticamente ?


Eis a questão que me ocorre, que implica em ações que se refletem neste conturbado quebra-cabeças interno, artificialmente construído, ou melhor, financiado, e que precisa agora ser desmontado progressivamente até que se consiga, em 2018, uma solução mais definitiva.
Vejo também que aquela conversa da senhora Presidenta com Henry Kissinger no mês passado não teria sido apenas sobre futebol. Seria até ingênuo admiti-lo, sabendo que o Ministro de Assuntos Estratégicos Mangabeira Unger, que a acompanhava, é comensal frequente nos encontros entre aquele e Obama. Parece-me óbvia a pavimentação de um caminho cooperativo neste momento. A vontade está aí, as pedras nem se fale; só precisa é começar o trabalho.
O questionamento acima reflete uma avaliação possível da estratégia que passa a vigorar quando do enfraquecimento europeu, que fica ainda mais aparente perante a evolução política e econômica dos novos atores abaixo da linha do equador.
Sabendo ainda que o atual desequilíbrio mundial, a qual chamamos de crise, baseia-se na própria instabilidade econômica e política do hegemon, pois dela se iniciou em 2008, é razoável admitir que este perceberá a necessidade de reconstruir as bases, sejam políticas, sejam econômicas, sejam militares, de influência e domínio a partir de alianças que venham complementar os já desgastados alicerces europeus.
Não tenho ilusão sobre o cumprimento transparente e fiel dos acordos que forem alinhavados. É da natureza do hegemon alterá-los, ou mesmo extingui-los unilateralmente, segundo a sua real ou imaginada necessidade. Mas, um passo foi dado. E este refletir-se-á nas nossas plagas.
Vale lembrar que aqui pelo sul já existe uma união, ainda que adolescente. Argentina, Brasil, Uruguay, Paraguay e mesmo o Chile, e agora a Bolívia, ( nem quero mencionar a Venezuela ) e esta implica na posse de respeitáveis reservas de petróleo, gás, minérios, terras raras e, sobretudo, admiráveis estoques de alimentos e energia.
Os atores são conhecidos, o teatro (de operações) é, apesar de mutável, o mesmo. O que muda é a forma de agir, agora mais azeitada pela visita; e mais urgente também, já que no outro lado do mundo Merkel, Lagarde e Draghi não conseguem uma solução para os problemas que foram criados pelo próprio Estados Unidos. E lá se vão quarenta anos que Paul Volcker, Willian Simon e George Schultz armaram esta bomba que está a estourar agora na mão de Obama, já que seu antecessor só fez piorar as coisas.
Aqueles senhores, ainda nos anos 70, aboletados no trono do FED, e banqueiros mancomunados com um presidente pitoresco, Regan, legaram um mundo com uma economia onde o volume total de derivativos passou de aproximadamente US$ 700 trilhões em 2008 para US$ 1.200 trilhões em 2011 contra um PIB real de US$ 70 trilhões. As transações entre investidores individuais foram substituídas por transações que ficaram sob o controle dos grandes bancos. E 96% dos derivativos financeiros nos EUA são controlados por apenas cinco grandes bancos: JP Morgan, Citigroup, Bank of America, Goldman Sachs e Morgan Stanley.
Acho que Obama acordou para a urgência do problema que não admitirá mais alianças interesseiras, principalmente aqui no Sul.

O tempo dirá que estou certo.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Memória

Antes escrevia no blog e posteriormente enviava aos meus amigos. A preguiça fez com que queimasse etapas; - mando direto pros amigos, pronto.
Agora me arrependo de não ter persistido aqui alguns textos que agora preciso rever, corrigir, analisar. Paciência. Recupero o que puder.

Registro aqui minha impressão sobre o artigo de Marcos Coimbra, cujo link coloco abaixo 

Bom dia companheiros

Tenho que chamar atenção para o artigo de Marcos Coimbra (*), cuja respeitabilidade jornalística e cultura política são irretocáveis. Deste retirei um pequeno trecho que vem de encontro a um pensamento. Este há muito me acode e ainda não consegui codificar plenamente. 

"Hoje, o debate político está influenciado por resultados de pesquisas que só olham para a dimensão conjuntural. Como se apenas ela existisse e nossa cultura política não houvesse amadurecido"

O artigo em síntese constata a existência de duas componentes no processo de gestação de consciência política. Uma, secular, determina tendências e dá base a movimentos de longo prazo e influencia com permanência. Outra, de natureza estocástica, compõe o cenário de curto prazo e está à mercê de influências do cotidiano; é sensível a manipulação midiática. É a dimensão conjuntural de que fala Marcos Coimbra. 

Ainda que no seu artigo se refira a interação desta duas dimensões ( dentre várias ), aqui reitero que,  ao mesmo tempo que se interpõe uma à outra, estas também se realimentam positivamente. Diria Pierre de Latil, "estão interligadas pelo mesmo efeituador", "Ils sont liés par le même ordinateur".
Ver o fenômeno político atual somente à luz desta componente estocástica destorce a percepção da complexa realidade, onde se alojam também os credos mais profundos que ensejam a evolução da componente secular. Nesta, crenças, ideologias, estão tão arraigadas que "mesmo que os fatos a contradigam, ela permanece", disse Lenin, ou algo assim.
Eis como se explica como, após intensa campanha midiática contra Lula, Dilma, PT ou tudo que signifique esquerda, estes, fumegados até as cinzas, se levantam qual Fênix, sacodem a poeira e dão volta por cima.
 
A não percepção da complexidade, ou é falta de inteligência dos seus oponentes, ou existe uma "culpa no cartório" que não pode se mostrar evidente, por mais que se tente esconder ( Operação Zelote recente, renegociação da dívida externa (**), Banestado, privatização das teles, e por aí vai ).

Ainda que meu pensamento tenha emergido das leituras precoces de Pierre de Latil, Jacques Monod e Ilya Prigogine, até por não ter formação humanista e sociológica, vejo que a percepção da complexidade inerente as duas dimensões de que fala Marcos Coimbra, revela quão difícil é para muitos ter consciência da quebra de paradigma, da bifurcação histórica que foi o aparecimento do fenômeno Lula. 
Nem mesmo os pensadores de esquerda ainda absorveram todo este significado. Lembro Ilya Prigogine na "Carta as futuras gerações" quando diz "As ciências da complexidade, assim, conduzem a uma metáfora que pode ser aplicada à sociedade: um evento é a aparição de uma nova estrutura social depois de uma bifurcação; flutuações são o resultado de ações individuais".

Escusado dizer que a visão imediatista da direita nem de longe enxergou o fenômeno Lula com a dimensão que este enseja e que se insere naquela componente secular. Por ódio talvez ?
Talvez o pensamento da complexidade que me foi instigado por Edgard Morin tenha me ajudado na percepção de quão longe foi Marcos Coimbra.
Vale a pena lê-lo, está na indicação * no rodapé. 

Um abraço do Zé

Um outro que escrevi sobre a cômica ação do Seu Timbó, promotor que recebeu uma missão e se embaralhou, pois teve que mostrar suas mazelas.

  
"Bom dia amigos


Esse tal de Timbó fez lembrar a minha sogra quando dizia, frente à uma estultícia qualquer: - acho-te uma graça
Bordão que remontava a um programa humorístico cujo nome esqueço, do tempo da Rádio Nacional, que virou marchinha de Carnaval  lá pelos idos de 60 e que dizia:

Chora palhaço, chora que passa
Pimenta nos olhos dos outros é refresco
Acho-te uma graça.

E caiu no gosto popular. Sempre que alguém achava a opinião expressada por alguém fora de propósito ou ridícula, lá vinha o : "acho-te uma graça".

O tal do procurador, procurando algo que servisse para manter aceso o fogo do ridículo, sem mesmo poder, pois lhe faltam as credenciais administrativas e jurídicas formais, e mesmo éticas, para tal, sai-se com esta de querer pegar o Lula. Não faz mesmo ideia do tamanho e da natureza  do papel que lhe deram para encenar.

Até aconselho o seu Timbó a ir cantar pra outras bandas, algo compatível até com o seu nome; pois existe no acervo da mpb algo muito bonito, que já foi cantado por Clara Nunes, Elza Soares e outros intérpretes. Esta música vem no caudal da produção da Velha Guarda da Portela e é do anos 50.

Já cantei muito com a Da. Elizabeth nos memoráveis cafés da manhã  de final de semana, quando naquela mesa se cantava sempre, músicas, letras e memórias, que hoje sei de cor.

Se conseguir me ouvir Elizabeth, mando esta pra  senhora.

Timbó
Foi um grande feiticeiro
Vindo do solo africano
Para o rincão brasileiro

Cresceu
Na ilha de Marajó
E nas noites
De luanda
Naquelas bandas
Só se ouvia timbó

E para o Seu Timbó, que já se ridicularizou, repito: "acho-te uma graça".

Um abração do Zé"


Outra mais antiga que consegui recuperar

"Bom dia amigos

Procurei estar o mais afastado neste final de semana deste turbilhão de notícias ( cabia melhor, fofocas ) que estão à atazanar a paciência de quem quer trabalhar e produzir e não pode viver neste clima de futuro incerto que querem nos impor, aqueles a quem produção e desenvolvimento pouco ou nada interessa, já que estarão sendo expostos ao julgamento público, político e eleitoral. 
Os últimos resultados mostraram que se a escala de valores de medição e comparação for regulada pela produção e riqueza, estarão sempre perdendo. 
Não importa os referenciais ideológicos, não importa os moralismos de ocasião, não importa qualquer outra componente que possa competir com o mais elementar, o mais básico e o mais importante: riqueza para todos.
Todas as tentativas de pejorar as conquistas sociais com adjetivos, tal como "populista" e outros a serem inventados, esbarram no fato inexorável do "prato cheio na mesa". Agora ainda se adiciona "o celular no bolso", e um pouco de lazer também. 
Veja que nem estou considerando a explosão do transporte aéreo, que hoje leva famílias inteiras a visitar sua terra natal, predominantemente o nordeste. Os índices de crescimento de passagens naquela direção, saindo do sudeste, mais do que quintuplicou nos últimos anos. Populismo ? O porteiro do meu prédio, agora visita os pais no Ceará duas vezes por ano; o que não fazia antes, senão de três em três anos. Um simples exemplo.
Mas como disse, procurei estar distante, mas não pude deixar de refletir sobre a notícia do fechamento do Estaleiro EISA Petro I.
Não há mais quaisquer justificativas que possam ultrapassar a constatação de que a orquestração sobre esta "destruição em massa" está em curso nas manchetes e na valorização de uma operação que, continuando a irresponsabilidade de vazamentos ( ainda por cima seletivos ), a prisão de empresários como se fossem meliantes comuns, a falsa imagem de seriedade e isenção, é realmente parar o país.
Urge dizer aos mais incautos e a alguns com maiores dificuldades de compreensão e pouco intelecto que, como disse um querido amigo, "temos uma nação à construir".  É o único legado de nossas vidas.

Ou reagimos à esta "infecção social e política" ou teremos mais empresários presos como meliantes, mais desempregados, mais pobreza, mais miséria.

Somos ou não um país de homens ? Confesso que a tentativa de não me aborrecer com tamanha ignomínia não vingou, pois a raiva de ver meu país açoitado por gente danosa, me fez lembrar até de um verso do poeta cearense Patativa do Assaré, quando lhe roubavam a cerca do curral, rogou até praga, Rogou mesmo, vejam:

Deus permite que o safado,
senvergonha ignorante,
que roubar de agora em diante
madeira do meu cercado,
se veja um dia atacado
com um cancro no toitiço,
toda espécie de feitiço e
encima do mesmo caia
e em cada dedo lhe saia
um olho de panariço. 


Já passou dos limites esta ridícula "crise", construída espertamente para roubar a madeira de nosso cercado.

Um abraço do Zé"


Outra mais antiga


"Ontem mesmo tive notícia de um incidente com o ex-ministro Mantega que, nascido genovês, escolheu o Brasil para crescer, progredir, ter filhos e chegar a um alto posto na administração pública, após formar e orientar na FGV-SP famosos nomes na economia. 
Almoçando com a família em um restaurante de classe em São Paulo, foi hostilizado ao berros por quem ali frequentando não tinha a mesma classe deste. Já não é a primeira vez. 
E estes episódios estão se repetindo, se repetindo, insuflados por uma notória despicienda mídia.
E o pior, pessoas sem defesas mentais, seja no plano cultural, seja no plano psicológico, estão cada vez mais sendo manipuladas e sendo utilizadas nesta campanha que irá desaguar em valas fétidas.

A história, até recente, tem mostrado que períodos obscurantistas têm se iniciado desta maneira; ou seja com a manipulação da opinião pública na direção da intolerância. Pergunte-se durante quantos anos o IRA ( na Irlanda ) foi alimentado com a mais rasa intolerância religiosa e política. Na realidade uma coisa realimentando outra. Até desaguar no brutal assassinado de Lord Mountbatten junto com seu neto.

Será que queremos isto para nossos filhos ? Pergunto aqueles cuja intolerância está sendo alimentada todo dia, á cada hora, por uma irresponsável corrente política que se nega a participar da construção de uma nação. 
Se nega a respeitar as regras do jogo republicano, que custamos tanto a construir, ainda que incipientemente. Esta planta ainda tenra que querem esmagar à qualquer preço. Será que não percebem que estão sendo massa de manobra ?

O mais desprovido de uma "subtle perception", que seria o robô testador de inteligência, perceberia a manipulação e a tentativa de ultrapassar as "defesas mentais".

Tal capacidade crítica não está mais ocorrendo, tal como nos tempos do Senador McCarthy, nos tempos de Mussolini, nos tempos de Stalin dentre outros do mesmo naipe.

Ou criamos juízo e protegemos nossos filhos desta histeria coletiva que agride uma família em um restaurante ( já nem falo do "morra Jô" ) ou iremos pagar um alto preço. Aliás, nós não, nossos filhos.

Veja o que ocorreu na Europa há poucos dias. Será que vamos permitir que isto continue ? Que iremos deixar uma imprensa irresponsável alimentar ódio e irresponsabilidade ?

Vamos para com essa súcia, usar melhor o nosso tempo e,  como disse um querido amigo meu "temos uma nação para construir". Basta"

Vou ficando por hoje na intenção de voltar ao ciclo anterior
(21/07/2015)