Passada
a eleição alemã, não acredito que a imprensa mundial vá se
ocupar mais deste assunto. Até porque os atores do espetáculo pouco
mudam. Mesmo dando uma pequena guinada, mais à esquerda, ainda não
foi suficiente para alterar as relações do porvir, com o resto da
Europa. Mormente com os mediterrâneos que estão dependentes da
vontade e da disponibilidade da bolsa alemã. Com um índice de
desemprego beirando os 6% existe o risco, na Alemanha pós eleição,
e na quarta legislatura de Merkel, de se pressionar o governo para
endurecer com os gregos e vizinhos. Lembro os atuais acontecimentos
na Grécia que evidenciam um renascimento do nazismo. Qualquer
sociedade em meio ao descontrole e do desespero é presa fácil de
ideologias extremas. A Alemanha dos anos 20 é prova irrefutável.
Posso
parecer repetitivo e renitente mas não posso deixar de alertar para
os riscos de manter o rumo que está sendo mantido pela leniência
dos Estados Europeus. A situação da Espanha, da Itália, de
Portugal não se altera. A Grécia, vizinha a crítica e
desequilibrada região dos |Balcans cada vez se interna em um
ambiente de extremos. Todo este cenário teve a sua construção
patrocinada pelos ricos estados europeus que hoje fogem do risco e se
enrolam na trama do desemprego conjugado com uma moeda artificial. É
uma questão de tempo; o preço da incúria será pago pelos alemães
também, pois os europeus não vão carregar este fardo sozinhos.
Françoise Holande já se manifestou, meio desajeitado, mas ficou
claro e bem claro a sua decepção com a pouca importância dada ao
desemprego sistêmico da Europa, onde a senhora Merkel vende produtos
alemães, cada vez menos.
Não se
enganem, o preço à ser pago é alto e vão tentar rateá-lo com
quem não tem nada com isso, inclusive nós brasileiros. Olho na
Alemanha repito.