quarta-feira, 28 de setembro de 2011

The winner is

Nem vi nos jornais a notícia que Richar Descoings, diretor da Sciences Po, entregou a Lula o título de Doutor Honoris Causa. Talvez porque Descoings seja desconhecido por aqui. Talvez porque o título não seja importante, tampouco a instituição que o outorgou, o Instituto de Estudos Políticos de Paris. O fato é que não deram importância mesmo. Talvez somente o próprio Lula, que dispensa apresentações ao planeta, tenha, juntamente com o senhor Descoings e seus pares, a noção exata do que significa em tertmos políticos este reconhecimento.
A instituição que lhe outorgou o título evidentemente não falou pelos milhões de brasileiros que saíram da pobreza exptrema. Tampouco pelo FMI que tem um novo "sponsor". Não, falou apenas em nome da instituição que, reconhecida pela competência e valor científico, atrai os mestres e doutores do mundo inteiro. Não foi também por Lula ter criado algum método científico, analítico, ou coisa assim, pertinente ao ofício dos doutos. Não, foi apenas porque Lula fez política como há muito não se faz por aqui. Aqui no país onde a educação ainda não é, na prática, direito de todos. Aqui no país, que em tempo de paz, poucos devem tanto a tantos.
Aqui, onde o preconceito social e racial, grassa qual a peste negra. Onde a imprensa amestrada pouco se dá se um conterrâneo, não importa a sua cor, credo ao posição social, seja reconhecido mundialmente.
O título não foi concedido aos beletristas. Não, foi dado a quem reconheceu a responsabilidade de ser escolhido para a tarefa política de tentar tirar o pais da senzala.
Os da casa grande ainda não aceitam de jeito nenhum. Ainda preferem assitir aos ganhadores dos prêmios artísticos e ouvir "the winner is" na tv.  

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A economia vai bem, e a corrupção?

 Andei vendo uma porção de gente, até imbuída da maior boa fé, como foi o caso de contemporâneos meus que andavam de vassoura na lapela à imitar o bigode do Jânio Quadros, figura exótica, projeto de um presidente que foi mas sem ter sido, a empunhar vassouras em um quase comício, cômico e notoriamente falso em sua motivação. Volta e meia o espírito de UDN sai da tumba e tenta, de alguma maneira, envenenar as relações entre o povo e as suas instituições; como se as instituições não fossem parte do povo. 
Vivemos todos atores de nossas misérias, e uma delas a corrupção, qual peste negra contamina as mentes e o tecido social. Fazendo sofrer muitos e fazendo rico poucos. Uns sofrendo por sentimento de impotência, outros sofrendo por tentar sobreviver em meio a tantas dificuldades. 
Este espírito do mal pouco se dá se os sofredores são deste ou daquele tipo. Basta que lhes envenene a alma, no mais simples intuito de disseminar a ideia de impotência. É deste sentimento que ele se alimenta.
Nada soou mais falso que esta campanha por limpeza, pois foi somente eflúvio do espírito maligno. Todos perceberam. Ficou o ridículo, de tão óbvia a sua motivação,  plus que parfait.
A grande questão política está aí visivelmente aberta: - após conseguir tirar o povo da condição de miserável, fase obrigatória do caminho da independência e da cidadania, aí sim este poderá frui-la. Quem pensa que pode dar saltos, ultrapassando a primeira fase, ou tem memória curta e esquece a submissão ao FMI,  ou deve ter a barriga cheia, ou é um tolo, ou está realmente mal intencionado, ou dominado pelo espírito udenista.
Quem pensa que poderá banir a corrupção por decreto está esquecido das vezes que tirou alguma vantagem
da sua posição social ou profissional, do salário que paga a empregada, da propina que pagou, do imposto que sonegou, da sua passiva conivência que permitiu enfim que se instaurasse a corrupção, a vergonha dos outros.
A economia terá de ir bem, para poder dar a maioria da população a chance de poder desfrutar de um mínimo de dignidade; mas terá de ir bem para todos, não só para aqueles que, nem ricos nem pobres, se julgam acima do bem e do mal. Diria Goethe: “Detém-te , ó tu que és tão belo”. Também diria: Detém-te oh fausto dos Faustos, a corrupção é tua amiga.