quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Trabalho, Justiça e Produtividade

  Lendo o artigo sobre o trabalho de dissertação de Thiago Figueiredo Fonseca Ribeiro em  "http://www.unicamp.br/unicamp/ju/581/estudo-investiga-efeitos-e-alcance-da-autogestao" me veio a lembrança de uma postagem antiga onde mencionava os modismos gerenciais. Volta e meia aparecem, em meio a uma sopa de letras, novas (?) técnicas e métodos gerenciais que prometem o céu e a terra e passam a ser a "novelle vague" dos agraciados com "emebieis" fajutos que apenas servem para informar,  quando, por dever e mesmo por lei, deveriam estar incentivando a pensar, a criar, e a ousar novas teorias, novas ideias, para sairmos da condição de dependentes ou incapazes.
       Há bem uns trinta e cinco anos que venho estudando os métodos de planejamento e programação de produção na busca da simplicidade mas, principalmente, na capacidade de construir soluções próprias; e mais do que isso, na busca da competência e suficiência para ousar, no intuito de ajudar as industrias brasileiras. Isto me move então à algumas palavras, mas tenho ainda que fazer algumas referências históricas. É próprio dos "vividos", para não dizer idosos.

      Não posso esquecer do encontro que tive com o professor israelense Elyahu Goldratt em 1978 em Fort Lauderdale, na Flórida, quando ele construía a sua obra "A Meta" que, praticamente, mudava o enfoque de gestão e produtividade diante do "milagre japonês". Nesta época as industrias americanas sofriam uma concorrência imensa das congêneres japonesas e não sabiam mesmo fazer frente a invasão de seus produtos de baixo custo e alta qualidade. Duas características que, nos moldes da cultura ocidental até então, eram antagônicas. O professor Goldratt apontou então, naquela época, a fórmula do poder de competição dos nipônicos: geravam excesso de capacidade. Aos ouvidos ocidentais isso soava como uma heresia. No entanto, mostrou o professor Goldratt, que o excesso ocorria exatamente onde era necessário. Ou seja, onde o Japão mais precisava: em grãos, em petróleo, em minério de ferro, em matérias primas. Pois em capacidade industrial, em qualidade de mão-de-obra, em custo de mão-de-obra, realmente havia suficiência. Isto implicava dizer que, na prática, é nestes pontos que se podia ousar em economizar. 
Daí vieram os programas "zero-inventories", "kan-ban", "just-in-time", "total quality control". Todos visando economizar onde podiam, sem nenhum prejuízo da qualidade. - Faltasse grãos, não lograriam qualidade, pois ninguém produz esfaimado; faltasse petróleo nem ligariam as máquinas operatrizes, nem robôs; faltasse minério de ferro, não haveria metalurgia. Investiram então pesado nessas commodities, independentemente dos preços até. Na construção de Itaipú vendiam seus pneus de trator a um terço dos concorrentes. Na expansão das telecomunicações no Brasil, ganharam a maioria das concorrências. NEC, Fujitsu, Hitachi, Mitsui, Mitsubishi, Toshiba, bateram suas equivalentes americanas e europeias; algumas destas até fecharam ou tiveram que se fundir. 
      Mas o "Milagre Japonês" acabou. Como? Acreditaram na abundância do recurso do capital. Nem precisa lembrar que agora tiveram que "se reagrupar", usando um termo militar, na construção, ou reconstrução, dos seus "keiretsu", que são grupos financeiros que se apóiam, não ao contrário, nas grandes industrias. Os keiresu´s  Mitsubishi, mais autônomo, o Mitsui, o Sumitomo, o Fuyo, o Daichi-Kangyo, o Midorikai, todos se apoiam em indústrias famosas, cujas marcas ( Mazda, NEC, Toyota, Nissan, Isuzu, etc...) mesmo após a "bolha" (eufemismo para conto-do-vigário) financeira e imobiliária, voltam a fazer frente até aos chineses. 
      Não entrando então no fulcro da questão econômica, mas sim naquela relativa aos métodos gerenciais de planejamento, controle de produção e produtividade, quero lembrar a necessidade de se aprofundar nas questões básicas da produção e do trabalho. A dissertação do Thiago Figueiredo Fonseca Ribeiro traz a tona a importância das questões relativas ao trabalho, a sua valorização e a importância do Estado como agente impulsionador de progresso e do desenvolvimento industrial. Daí a necessidade de, antes mesmo de discutir métodos, estabelecer os valores que estão postos na definição do problema industrial. Nem quero passar pelos antecedentes sociológicos da educação de qualidade para todos, da justiça para todos, do direito ao trabalho para todos, e do estímulo à produção nacional em lugar dos juros. Já são pontos absolutamente unânimes nas mentes à esquerda e à direita do espectro político. Creio. Conseguidas as encomendas estimuladas pelo Governo, como fez o o MITI do Japão à época do milagre, aí sim vamos optar por este ou aquele  método. Ter método e não ter encomenda não faz sentido. 
      A leitura da mencionada dissertação da Unicamp me estimula a rever a evolução da metodologia concernente a evolução da tecnologia da informação. Do PERT ao MRP, ao MRPII, ao Kan-Ban, PLM, CRM, PMI, etc... todos passam pela construção de seus análogos naturais, seus modelos canônicos simplificados, pelo mapeamento de suas restrições e, no limite, na racionalidade de seus dirigentes no cumprimento da sua missão social. Justiça social sem lucro é utopia, ou ingenuidade. Lucro sem justiça social é suicídio. Todos que viveram as duas situações provaram do amargo e nos servem de exemplo.
      Leia a dissertação e veja o quanto esta suscita de reflexão.
     http://www.unicamp.br/unicamp/ju/581/estudo-investiga-efeitos-e-alcance-da-autogestao
    Trabalho, justiça e produtividade andam juntos.

Passou dos limites da sanidade mental

Postado originalmente em 09/08/2012, ou seja, há mais de um ano. Será que trocaremos o nome Gushinken por Genoíno? Esta farsa já foi longe demais. Nem mais os ingênuos e apedeutas controlados pelo que ouvem e vêem na TV estão acreditando neste espetáculo dantesco.


      Esse Procurador Geral é mesmo um inútil. Se não inútil, pior, pois conseguiu, por incompetência ou intenção, desmontar a oportunidade de se fazer justiça e mesmo gerar as condições jurídicas e políticas para implantação de uma nova forma de financiamento de campanha, expurgando o "caixa2", forma viciada que gera as oportunidades de lavagem de dinheiro. 
      Talvez movido por razões políticas, ou mesmo comparsiado com alguém, conseguiu fazer da ação penal 470, o mensalão da mídia, peça que está sendo desmontada pausadamente pelos advogados de defesa, alguns até de forma primária. Mas nenhuma defesa foi mais terrível que a de Luiz Gushiken, do advogado Luis Justiniano de Arantes Fernandes, que de forma até pouco extravagante, com pouca retórica, mostrou a real natureza da ação 470, um espetáculo político tal como foi a Carta Brandi. Nada mais. Simplesmente os procuradores Antônio Fernando de Souza e o atual Roberto Gurgel surrupiaram peça dos autos. 
      Nada mais há a dizer e fazer senão continuar tocar a vida e ir trabalhar, como faz aquela grande quantidade de lutadores que vejo aqui da minha janela desembarcar na Central do Brasil, absolutamente desligada desta farsa e preocupada com a sua difícil luta pela sobrevivência.
      Se observarmos pelo lado humano o sofrimento imposto a Gushiken pode ter se somatizado de tal forma a deixá-lo hoje neste estado de saúde.
     Se observarmos pelo lado jurídico, simplesmente o próprio procurador contaminou os autos e desmereceu a ação, ao negar acesso a documentos de defesa e mesmo retirar o laudo da Visanet. 
Resta agora esperar pelo pronunciamento da côrte suprema e seguir o exemplo dos anônimos lutadores aqui da Central do Brasil.