sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Energia, sempre a energia.

Dias atrás escrevi sobre o conflito do Estreito de Kerch, onde Ucrânia e Rússia tiveram que se enfrentar no tombadilho de dois barcos apenas. É claro que o episódio, arquitetado pela Ucrânia, ou melhor, por Porochenko como havia dito, não teve a intenção de iniciar um combate. Era pretexto para baixar a Lei Marcial, talvez assim postergando as eleições na Ucrânia. 

Lembro que a Ucrânia não é exatamente um país coeso no sentido político e mesmo social. Lá habitam etnias diversas, grupos de diferentes tendências políticas desde a Segunda Guerra Mundial. Há apoiadores do Ocidente e que execram os russos. Há o oposto, os que execram o ocidente e tem nos russos os salvadores. Tudo isso originado na terrível e sangrenta tentativa dos nazistas tomarem a Rússia, atravessando a Ucrânia até serem rechaçados na grande Batalha de Kursk. 

Os russos teriam deixados ucranianos à míngua morrendo de fome, dizem  aqueles que execram os russos. Se não fossem os russos, os nazistas exterminariam todos os ucranianos, como fizeram em Rawa-Ruska.  
Estes ódios remontam desde essa época, mas o período de União Soviética, não cuidou de amenizá-los, ao contrário. Hoje os russos pagam um preço alto pelo peso daquela ditadura.

Como havia dito naquele texto anterior, as conexões que existem no complexo e extenso ambiente geopolítico, faz com que até pequenas tensões acabem se desenvolvendo em grandes conflitos. Quem diria que o doido do Gravilo quando assassinou o Arquiduque Ferdinando iria acabar também desencadeando uma matança de mais de vinte milhões de seres humanos? 

O evento do Estreito de Kerch tem ainda duas causas remotas, mas nem tanto. Senão vejamos: -
Quando Putin e Merkel, que tem uma grande afinidade com Putin, já que este conversa em escorreito alemão sem necessitar de tradutores, apertam as mãos e selam a construção do gasoduto NordStream II. Quando Erdogam e Putin inauguram o TurkStream, mesmo após o recente episódio da derrubada do caça russo pelos turcos, uma coisa fica evidente: - a passagem dos gasodutos pela Ucrânia  passa a não ser moeda de troca com que ucranianos usavam para a negociar a extrema dependência da Rússia, já que a Europa, mais precisamente a Alemanha, não precisa mais se submeter a exigências de ucranianos, búlgaros e  austríacos, para não morrer de frio. 

O Mar Negro é então o teatro de operações deste imanente conflito, que ainda tem o Mar Báltico como adjacente. 
É por esta mesma razão que os Estados Bálticos (nem todos os três, Estônia, Lituânia e Letônia) e a Noruega também fazem chantagem com a OTAN. Ou seja, o fornecimento de gás nos dois gasodutos (NordStream e TurkStream) deixam a Ucrânia e a Noruega como fornecedores secundários do continente europeu.

Ainda por cima, fica o Trump a atiçar as tropas da OTAN para piorar a situação da Ucrânia, e por desdobramento, da Europa. 

Não é atoa que Macron e Merkel andam querendo criar o Exército Europeu, pra ver se não dependam tanto dos EUA e da Rússia para equilibrar a geopolítica europeia. Não se sabe mesmo se dará certo.
Mas acho que o golpe de misericórdia será dado mesmo é pela "Rota da Seda" que chegará ao Porto de Sines em Portugal. Marcelo de Souza e António Costa já deram sinal verde para Xi- Jinping.

Volta a questão: E o Brasil? Que tem a ver com isso ? 
Para responder bastar uma palavra que se refere a energia: Pré-Sal. 
Precisa desenhar?  

Ou foi por outra razão qualquer que deram um golpe?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A cada dia uma dúvida. A cada dia um susto.

Hoje tinha a intenção de me manifestar sobre o acontecimento do entrevero do advogado com o Ministro do Supremo Ricardo Lewandowsky. Mas como assisti ao vídeo onde o tal cidadão interpela o Ministro de forma primária e meio idiota, vi que nem valia perder meu tempo com esse episódio, que em qualquer país do mundo teria um desfecho bem mais severo. Em síntese, só uma pessoa muito primária e inconsequente dar-se-ia ao trabalho de tamanha besteira. Buscou seus minutos e fama, só isso.  

Prefiro me manifestar sobre um episódio diferente e bem mais cheio de significado: - Bolsonaro é homenageado pelo Exército. Fico então a refletir: - Há uns quarenta anos o então capitão se envolve em um episódio  de indisciplina e de vandalismo. Foi jubilado, pronto. Em condições normais nem se imaginaria que o dito baderneiro não iria curtir uma cadeia. Mas, como se diz popularmente, refrescaram. 

Mas ontem, antes mesmo de ser empossado, e antes de ser operado, logo lhe prestaram a homenagem da Medalha do Pacificador. Em outras palavras: - Pronto, está perdoado. Isso também tem significado que pode ser interpretado de duas formas. Uma, de forma rasa, que passa-se um esponja naquele episódio. A outra, que dá como encerrado o episódio de pantomima, para que no período de convalescença  de sua excelência, haverá "alguns ajustes" e nomes serão substituídos de forma furtiva e silenciosa, para que não se interprete que os militares estão a puxar os cordões dos mamulengos, incluindo aí o "chanceler" engajado na reeleição de Trump, de boné e tudo. As duas formas de interpretação neste momento são igualmente válidas. Resta saber qual das duas irá amenizar os estragos já feitos nas relações com os países amigos, seja a China, sejam os países árabes, sejam os países do MERCOSUL. Em outras palavras,: mais do que metade do nosso comércio exterior.

Até o dia vinte de janeiro do próximo ano ainda haverá várias passagens que elucidarão a dúvida sob qual das duas formas os militares, majoritariamente do Exército, irão construir um direcionamento aceitável e coerente de alternativas as indecentes diretivas de "escola sem partido", "ideologia de gênero", abandono  da postura soberana e equilibrada do Itamaraty,  e todo o demais besteirol que impingiram aos nossos irmãos neófitos e ingênuos.  



quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Estreito de Kerch e Teoria do Caos

Mesmo não sendo autorizado, dada a minha ignorância relativa, ao tema que ora  proponho comentar, gostaria de levantar algumas questões que derivam do episódio ou conflito, se é que pode-se assim chamá-lo, do Estreito de Kerch.

Aparentemente tal episódio seria derivado do contenciosos Russia-Ukrânia  que vem sendo alimentado pela OTAN, mais precisamente pelos EUA. Mas uma observação mais cuidadosa verá que tal conflito foi criado pela Ukrânia, ou melhor, pelo Presidente Porochenko para motivar  a Lei Marcial decretada logo após o incidente no claro intuito de postergar as eleições que se aproximam. Chegando a presidência por um golpe patrocinado desde fora, com pegadas da CIA na neve fofa do inverno de 2013, a famosa Revolução Laranja, ou Euro Maidan, e uma eleição após a derrubada do Presidente Yanukovych, este bilionário ucraniano não parece disposto agora a ceder o poder, pois sentiu o gostinho de uma importância que nem o dinheiro lhe proporcionara.  Elegeu então a separação da Crimeia como o moto de seu confronto coma a Russia, pois sabe muito bem que se avançar muito em Donbass, a reação de Putin será devastadora, assim como fez com a Checênia e a Odéssia do Norte. Prochenko é um jogador acostumado a grandes cartadas. Mas sabe que há limites também. 
A posição da Crimeia é altamente estratégica no Mar Negro e o Porto de Sabastopol, e não o Mar de Azov e seu acesso pelo Estreito de Kerch  é que é, e sempre foi o baricentro das tensões e interesses na região. 
Sebastopol foi fundada pelos russos, por Pontemkin lá no final do século 18. Abriga hoje  sede a Frota Russa do Mar Negro, foi motivo da Guerra da Criméia em 1855 que ceifou vidas na Batalha de Balaclava. É de uma importância estratégica para todos os países da região, Rússia, Romênia, Bulgaria, Ukânia, Georgia e Turquia. Não foi por outra razão que os EUA andaram a fomentar revoltas nestes três últimos, senão a criação de um "atoleiro" na linguagem militar, para a Rússia, agora considerada um inimigo poderoso, assim como a China, a Venezuela... e a pequenina Cuba.

Mas o que tem este conflito a ver conosco ?  Simplesmente a manutenção deste ponto de tensão alivia as possíveis tensões que adviriam se resolvêssemos protagonizar o BRICS, já que agora o governo, tanto do Temer que sai quanto do Bolsonaro que entra, que são siameses, praticamente se retiram do BRICS. Como Trump já sabe que não conseguiria intervir militarmente na Venezuela, convidou a Colômbia ( que já é um protetorado ) e o Brasil para a empreitada. Os nossos generais, incluindo aqueles mais falastrões, perceberam que se trataria de uma empreitada desastrosa para todos, pois não haveria vencedores nesta aventura desastrada. Trump agora está então refém dele mesmo. Só lhes resta ir lentamente desarmando artefatos que andou colocando no Mar da China, aliviando a tensão  com este sim, poderoso opositor; segurando a OTAN o quanto pode, já que os europeus mais ricos (França e Alemanha) já falam em criação de um Exército Europeu que não dependeria de ordens, como é hoje, de um comandante americano ( é até compreensível que um general francês ou alemão tenham que obedecer ao comandante da OTAN, um general americano ). Realmente Trump se meteu numa enrascada.
Lembro ainda que por aqui o então chanceler Zé Serra (PSDB), logo no início de Temer, assim como o filho do Bolsonaro, foi logo tomar a benção a Hillary Clinton. Lá se foi a PSDB pro ralo, Trump ganhou. E se os democratas vencem ? Nova virada.

Precisam avisar aos rapazes do ex-capitão que os sistemas complexos tem este nome por assim se comportarem. Como disse Edward Lorenz do MIT: Uma borboleta bate asas lá no MIT e desencadeia uma tempestade em Tóquio. É a síntese da Teoria do Caos.
Aliás estamos próximos dele. Falta pouco. 

      

       

Primarismo anunciado.

Está certo que a situação do país agora não me permite, eu e a qualquer um que tenha um pingo de seriedade, fazer prognósticos e mesmo sugerir um curso de ação na batalha pela soberania; hoje desleixada e avacalhada por ministros indicados por um notório sociopata vivendo no exterior. Figura, antes cômico, mas agora percebida como altamente perniciosa e de alta periculosidade.No entanto, tenho que considerar que, vivendo no país, sendo brasileiro, não poderia e nem conseguiria me alienar e me isentar de uma avaliação do atual cenário, teatro de operações de uma guerra híbrida que nos impuseram lutar.
O governo que se aproxima será constituído por figuras absolutamente desacreditadas pelos próprios correligionários. Um chanceler e um ministro da educação que não poderão orientar seus subordinados por absoluta falta de legitimidade e competência. Isso sem falar em Moro que suscitará toda sorte de conflitos com a sociedade e mesmo no seus ministério, agora totalmente desconfigurado e sem a solenidade ( não quero ser weberiano ) que o cargo exige.
Mas, por um lado, o Brasil não é um país pequeno, nem simples, nem desligado das demais nações; como se diz, não somos uma ilha. Isto implica em considerar os compromissos comerciais, políticos e diplomáticos anteriormente assumidos que afetam o comércio e nossas relações com as outras nações, sendo que a mais notória afetação será aquela que o presidente desdita, as relações com a China. Como um adolescente se intromete no conflito Washington - Pequim.
Diz um ditado popular: - pintos que ciscam com galos acabam bicados.
Se Bolsonaro pensa que, ao se submeter desta maneira indecorosa aos EUA, irá lhe render benesses, está é muito enganado. Até sem querer o gigante acaba pisando em quem está ao seu lado.
As relações com o Mercosul, estas então é que merecem a maior atenção, já que deste recebemos vantagens comerciais  e atenuamos nossos naturais problemas de fronteira. Parece que ele Bolsonaro e seu "posto ypiranga"  não se deram conta da magnitude e da complexidade desta criação de quase trinta anos que trouxe benefícios ainda intangíveis no plano geopolítico, diplomático, aduaneiro e comercial para as nações partícipes.

E aí naturalmente emerge uma questão: - Todos os participantes no nível mais alto de governo, ministros, secretários, comandantes militares  não se dão conta das bobageiras que saem da boca do Presidente e seu clã? E mesmo do Paulo Guedes ? E mesmo do Moro falando sobre o  faltoso confesso caixa-2 Onyx?  Após, diga-se de passagem, ter condenado o caixa-2 como crime mais grave do universo.

Ou nossos parceiros nos puxam a orelha e nos ajudam a colocar nos trilhos do bom senso, ou nós vamos nos perder em uma convulsão social sem precedentes, tal a inabilidade e primarismo anunciados. 

Será mesmo que generais, que tem obrigação de patriotismo e temperança, irão acompanhar estes pacóvios ?