quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Estreito de Kerch e Teoria do Caos

Mesmo não sendo autorizado, dada a minha ignorância relativa, ao tema que ora  proponho comentar, gostaria de levantar algumas questões que derivam do episódio ou conflito, se é que pode-se assim chamá-lo, do Estreito de Kerch.

Aparentemente tal episódio seria derivado do contenciosos Russia-Ukrânia  que vem sendo alimentado pela OTAN, mais precisamente pelos EUA. Mas uma observação mais cuidadosa verá que tal conflito foi criado pela Ukrânia, ou melhor, pelo Presidente Porochenko para motivar  a Lei Marcial decretada logo após o incidente no claro intuito de postergar as eleições que se aproximam. Chegando a presidência por um golpe patrocinado desde fora, com pegadas da CIA na neve fofa do inverno de 2013, a famosa Revolução Laranja, ou Euro Maidan, e uma eleição após a derrubada do Presidente Yanukovych, este bilionário ucraniano não parece disposto agora a ceder o poder, pois sentiu o gostinho de uma importância que nem o dinheiro lhe proporcionara.  Elegeu então a separação da Crimeia como o moto de seu confronto coma a Russia, pois sabe muito bem que se avançar muito em Donbass, a reação de Putin será devastadora, assim como fez com a Checênia e a Odéssia do Norte. Prochenko é um jogador acostumado a grandes cartadas. Mas sabe que há limites também. 
A posição da Crimeia é altamente estratégica no Mar Negro e o Porto de Sabastopol, e não o Mar de Azov e seu acesso pelo Estreito de Kerch  é que é, e sempre foi o baricentro das tensões e interesses na região. 
Sebastopol foi fundada pelos russos, por Pontemkin lá no final do século 18. Abriga hoje  sede a Frota Russa do Mar Negro, foi motivo da Guerra da Criméia em 1855 que ceifou vidas na Batalha de Balaclava. É de uma importância estratégica para todos os países da região, Rússia, Romênia, Bulgaria, Ukânia, Georgia e Turquia. Não foi por outra razão que os EUA andaram a fomentar revoltas nestes três últimos, senão a criação de um "atoleiro" na linguagem militar, para a Rússia, agora considerada um inimigo poderoso, assim como a China, a Venezuela... e a pequenina Cuba.

Mas o que tem este conflito a ver conosco ?  Simplesmente a manutenção deste ponto de tensão alivia as possíveis tensões que adviriam se resolvêssemos protagonizar o BRICS, já que agora o governo, tanto do Temer que sai quanto do Bolsonaro que entra, que são siameses, praticamente se retiram do BRICS. Como Trump já sabe que não conseguiria intervir militarmente na Venezuela, convidou a Colômbia ( que já é um protetorado ) e o Brasil para a empreitada. Os nossos generais, incluindo aqueles mais falastrões, perceberam que se trataria de uma empreitada desastrosa para todos, pois não haveria vencedores nesta aventura desastrada. Trump agora está então refém dele mesmo. Só lhes resta ir lentamente desarmando artefatos que andou colocando no Mar da China, aliviando a tensão  com este sim, poderoso opositor; segurando a OTAN o quanto pode, já que os europeus mais ricos (França e Alemanha) já falam em criação de um Exército Europeu que não dependeria de ordens, como é hoje, de um comandante americano ( é até compreensível que um general francês ou alemão tenham que obedecer ao comandante da OTAN, um general americano ). Realmente Trump se meteu numa enrascada.
Lembro ainda que por aqui o então chanceler Zé Serra (PSDB), logo no início de Temer, assim como o filho do Bolsonaro, foi logo tomar a benção a Hillary Clinton. Lá se foi a PSDB pro ralo, Trump ganhou. E se os democratas vencem ? Nova virada.

Precisam avisar aos rapazes do ex-capitão que os sistemas complexos tem este nome por assim se comportarem. Como disse Edward Lorenz do MIT: Uma borboleta bate asas lá no MIT e desencadeia uma tempestade em Tóquio. É a síntese da Teoria do Caos.
Aliás estamos próximos dele. Falta pouco. 

      

       

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