Tenho ouvido recentemente, em redes sociais e de algumas poucas pessoas, uma declaração de absoluta ignorância de fatos sociais, econômicos, políticos e principalmente histórico; trata-se do bolsa-família. As inúmeras iniciativas anteriores de vale-leite, vale-transporte e, como disse Aécio Neves: o bolsa-família tem o DNA do PSDB. Pois bem, hoje a coisa ficou feia, pois a inquestionável origem da baixaria do boato sobre o fim do Bolsa-Família tem endereço certo; ninguém dar-se-ia ao trabalho de arregimentar pessoas para ligar simultaneamente, caso não houvesse uma patrocinador para tal.
Uma lição então pode ser tirada em várias escalas.
. Primeiro: a construção da verdadeira democracia ainda tem um longo caminho, pois ainda falta discernimento.
. Segundo: o benefício do Bolsa-Família já transcendeu a proteção contra a crise internacional, pois já serve como extensão de política externa e de segurança pública, pois ajuda a retirar das ruas uma quantidade, ainda que pequena, de menores desvalidos e esfomeados.
. Terceiro: A ajuda a sobrevivência realmente não substitui em nobreza e eficácia a renda do trabalho, portanto a geração de empregos é medida imperiosa que tem gerado os 4 milhões de empregos de carteira assinada de 2011 até hoje. Ainda é pouco. Mas não será com esfomeados, descalços e analfabetos que serão ocupadas estas 4 milhões de vagas. Portanto é para a família que necessita ter um membro empregado que deve ser dada uma chance.
. Quarta: A crítica de que quem recebe ajuda não procura trabalho, é sobejamente juvenil e superficial, em dois aspectos: um, que desconhece que aquele que deseja melhorar sai do programa quando arranja emprego ( há dados conhecidos já ); e outro, que aquele que está nesta situação e não deseja dela sair, este mesmo é que deve ser alvo da ação do Estado, dado a sua decadência absoluta, com programas de controle de natalidade, com serviço social efetivo e tudo que for necessário para não ir parar nas ruas, na mendicância, no consumo de crack e por aí vai o rol de misérias, tornando-se então um problema de Segurança Pública.
. Quinto: Os Estados mais evoluídos do dito Primeiro Mundo, passaram por esta mesma situação de miséria e proliferação descontrolada. Em Londres, há não pouco tempo, havia exploração do trabalho infantil (crianças de 3 anos), isto até a década de 30. Uma fundição até 1948 (depois da guerra) só empregava mulheres para poder pagar meio xeling de salário. Saíram desta situação coletivamente através da ação do Estado. A própria rainha-mãe, como era chamada a mãe de Elizabeth II, protagonizou, ela e o marido Jorge VI, várias ações neste sentido.
Os Estados Unidos teve o salário-desemprego e a ajuda iniciado na década de 30 com Roosevelt. Pois este é o único caminho de se reabilitar um Povo, não o fazendo morrer de fome.
. Sexto: O peso no orçamento é ridicularmente pequeno. Qualquer superestimação incidirá sobre o índice de mesquinhês dos moradores dos Jardins, Higienópolis ( bairros isolados dos mais de cinco milhões de moradores de favelas da Grande São Paulo).,
. Sétimo: Em números redondos, o Programa custa menos do que 0,8% do orçamento da União. Qualquer discussão depois desta parcela, a remete aos moradores dos Jardins, ou as ex-clientes da Daslu, que agora são obrigadas a ir comprar seus sapatos e roupas do Marc Jacob na Rodeo Drive de Beverly Hills.
E por último, vamos gerar empregos e sair da condição de subdesenvolvidos, condição que não incomodou a elite dos últimos cinquenta anos. Para esta, bolsas, só Louis Vuitton.