sexta-feira, 18 de novembro de 2022

MRP/MRP-II/ERP - ambiente econômico

 MRP/MRP-II/ERP - ambiente econômico

A partir do artigo de ontem (17/11/22) achamos conveniente reafirmar a importância a ser dada ao conhecimento e o tratamento da demanda independente no contexto relativo aos sistemas MRP/MRP-II/ERP. Temos que considerar que a metodologia convencional de tratamento da demanda baseada nas técnicas estatísticas, seja nos comportamentos contínuos (gaussianos) ou multinomiais, estabelecem parâmetros que servirão a projeção futura, tanto para o estabelecimento da demanda ela mesma, quanto dos elementos lógicos referentes a estoques, a estoques-de-segurança, quanto a lotes de encomenda/fabricação. É conveniente lembrar que os métodos de quantificação destes elementos lógicos, que miram os fundamentos da economia (minimização do capital imobilizado e investido em inventário, seja de processo, seja de estoque) datam da década de 20 do século 20; ou seja há cem anos. O cálculo do EOQ (economic order quantity) data de 1913 e parte de simplificações incompatíveis com os tempos atuais:

1-Não limitar a disponibilidade de capital;

2-Um horizonte infinito de planejamento e programação

3-Um item do inventário com nenhuma dependência com outros itens, sejam conjuntos, subconjuntos, matéria-prima ou produto final

4-Um tempo de fornecimento/abastecimento constante e conhecido;

5-Uma taxa de procura contínua, constante e conhecida;

6-A satisfação de toda a procura;

7-Nenhum inventário em trânsito

Mesmo a empresa vendedora de ponta, que alcança o consumidor final da cadeia(ver 5), isto é, o comércio, terá dificuldades, em qualquer regime de comportamento econômico(ver 1), em dimensionar a demanda, tendo que se proteger das variações implícitas (qualquer que seja o regime ver 2), com estoques de segurança.

Quando se trata da indústria, seja a de transformação, de manufatura ou de processo básico sua demanda sofrerá os efeitos dos componentes econômicos, tecnológicos e sociais que tramitam em toda a cadeia de suprimento (supply-chain), sendo que só será possível enxergar com clareza apenas as demandas imediatamente pertinentes, ou seja, a demanda de seu mercado comprador, e mais imediatamente dos seus clientes. Implicando assim em componente de incerteza na sua demanda independente (suas vendas firmadas e potenciais); incerteza esta que se propagará a todo o seu processo produtivo, até a compra dos seus insumos (material, mão-de-obra, energia e consequente capital).

Diante desse desafio, do risco inerente ao capital aplicado, vimos que os sistemas MRP/MRP-II/ERP que nasceram na década de 60, em ambiente industrial desenvolvido , buscavam minimizar incerteza, consequentes riscos. Quando então, o ambiente econômico passou a se tornar cáustico para a atividade industrial, a aplicação dos ditos sistemas não foi suficiente para minimizar a propagação dos riscos para a cadeia imediatamente fornecedora; ou seja, material, mão-de-obra e energia. Daí a propagação da incerteza em direção a escassez. O primeiro insumo a ser afetado, a mão-de-obra, desencadeou o desemprego e que multiplicou o efeito nefasto de crise.

Os sistemas não são milagreiros, não são capazes de mudar o ambiente de escassez; portanto temos que buscar a industrialização, o desenvolvimento econômico, o pleno emprego e nos adiantarmos com o desenvolvimento científico, pois novas metodologias estarão ao nosso alcance através da aplicação das técnicas para análise de comportamento, de análise bayesiana da demanda, de machine-learning e de toda a capacidade de interação da cadeia de suprimento. Mas os MRP/MRP-II/ERP terão de acompanhar este progresso...E os profissionais do ramo mais ainda.


quinta-feira, 17 de novembro de 2022

MRP, MRP-II, ERP, uma história nova.

 MRP, MRP-II, ERP, uma história nova.

Tive a oportunidade de acompanhar, desde o inicio, a evolução dos sistemas, e da metodologia a eles relativa, relacionados a gestão da produção industrial, mais propriamente o MRP-II, que derivava da evolução do MRP , que era um mecanismo de derivação de demanda e cálculo de demanda líquida, após considerar estoques em mãos e ordens de suprimento em curso.

Tal sistema de derivação de demanda, partiu da sacada genial do engenheiro da IBM, Joseph Orlicky de, com base no processador (BOMP e DPOMB) da lista de material de um produto, representar as dependências lógicas de um determinado item componente dentre vários produtos, de forma a calcular a demanda líquida respeitando os diversos níveis precedentes. Ou seja, só calcula a demanda líquida após todos os diversos produtos, conjuntos, subconjuntos, onde se aplica este material (componente ou matéria-prima) apresentarem as suas demandas líquidas. Esta solução para o problema do cálculo da demanda líquida (MRP) em uma única rodada de processamento do planejamento de produção e de materiais se deu nos anos 60. Daí derivou-se para o MRP-II, que é a integração das outras funções relativas ao planejamento empresarial, seja de produção ou de compras. Depois desdobrou-se a solução para o que hoje denominamos ERP (Entreprise Requirements Planning).

Mas tal solução sempre partiu do conhecimento explícito da demanda independente, aquela que parte do conhecimento da necessidade de uso do produto final. Ou seja, da explicitação por parte do cliente de suas necessidades, sejam estas contratadas, ou não. Hoje, com o advento da internet, das transações efetuadas em rede (na nuvem), facilitando a transação entre empresas e das suas unidades fabris, da aplicação de robótica e do tratamento da demanda utilizando técnicas de machine-learning, e as mais recentes aquisições tecnológicas, pode-se afirmar que o conhecimento preciso ou oportuno da demanda é que continua sendo a base para a acertividade deste instrumento gerencial: o conhecimento mais preciso possível da demanda.

A precisão da demanda independente está diretamente ligada ao ambiente negocial, a demanda efetiva do mercado consumidor. O que me moveu então em visitar, após alguns anos, os diversos fornecedores de softwares ERP, para conhecer as novas facilidades e automatismos foi a nossa situação econômica e mesmo, no específico caso brasileiro, as implicações fiscais que se diferenciam dentre os diversos segmentos produtivos e as diferentes legislações estaduais que tratam de recolhimento de impostos e diferentes favores e renúncias fiscais.

Aqui cabe então uma questão: Sabendo que vivemos um processo de desendustrialização, de consequente enorme influência de importação de produtos industrializados; do enorme ( !!! ) valor da renúncia fiscal, que alcança por volta de 4% do PIB, inibindo o investimento público estimulador da industrialização, faço a mim mesmo a seguinte pergunta: - Terão as empresas brasileiras de desenvolvimento de software capacidade de oferecer soluções próprias baratas, de qualidade, que possam fazer frente a uma futura industrialização e a concorrência internacional?

Tal questionamento nos obriga rever os atuais custos e modalidades de negócio relativas aos produtos de software. Daí uma nova fase de desenvolvimento e de política de emprego dos recursos de produção, que ora “pjtizados”, terão de projetar carreiras estáveis em ambientes de desenvolvimento criativo com aprofundamento tecnológico, científico que viabilizem soluções próprias.