terça-feira, 8 de janeiro de 2019

A canoa vai virar, olê, olê, olá


Tenho, precavidamente, aguardado um tempo pra ter uma ideia mais precisa da natureza desta segunda fase do golpe dado pelo Departamento de Estado dos EUA na soberania brasileira. Golpe treinado e ensaiado em vários outras partes do mundo, através das revoluções Coloridas ( Egito, Líbia, Ucrânia ) e as da América Latina, Paraguay e Honduras e agora na tentativa na Nicarágua. 
Na Nicarágua, no claro intuito de prejudicar a construção pelos chineses do canal de ligação, concorrente do Canal do Panamá, que ligaria, ou ligará, o Mar do Caribe, o Oceano Atlântico, até o Oceano Pacífico. Claro que fazendo concorrência ao Canal do Panamá, única passagem, fora o Estreito de Magalhães, quase na Antártida, entre aqueles os Oceanos. Cobra-se no Canal do Panamá, pela passagem no complexo de eclusas e pelo canal, o preço mínimo de cinquenta mil dólares (US$ 50.000,00) variando por tamanho e tonelagem de navio, chegando ao valor médio de US$ 150.000,00 por passagem. A Administração do Canal do Panamá, com uma receita anual de alguns bilhões de dólares, não irá medir esforços para anular a tentativa dos chineses e nicaraguenses de construir um alternativa. No momento se fomenta um golpe de estado, ao estilo que deram em Honduras, no Brasil, no Paraguay e alhures.
O mínimo que se pode afirmar é que estes golpes se justificam pelos interesses econômicos objetivos, ou seja, relacionados as receitas e custos diretos envolvidos; e pela tentativa de manter a hegemonia americana no continente americano prioritariamente.
Os demais países onde se aplicaram golpes, invasões e toda sorte de ações de espionagem, incluindo aí os países amigos, tal como ocorreu com o Brasil e a Alemanha, testemunham a ação americana de manter a sua hegemonia à qualquer custo, independente de quais violações, sejam as de direitos humanos ou sejam de acordos diplomáticos e econômicos.
Agora então, diante da certeza que esta hegemonia será transferida pra China dentro de poucos anos, caso não haja mudança de curso no cenário mundial, passa a ação americana de querer mantê-la, a chegar ao estágio de intensificação prioritariamente na América Latina, seu quintal próximo, geográfica e politicamente.
O que se passa no Brasil atualmente é o desdobramento do golpe de 2014, já à época cevado nos gabinetes do Exército, à custa de revanches a pouca eficácia da Comissão da Verdade que não puniria ninguém, mas que deixaria à mostra a vergonhosa carreira de alguns generais.
Quem melhor então encenaria o papel de algozes da democracia brasileira, perpetrada pelas próprias instituições, Legislativo, Judiciário e as Forças Armadas, assessoradas pelo então poderoso Ministério Público?
Quanto a mídia? Ah, esta sempre esteve à soldo.
Com isto, o planejamento do golpe desde Washington, já baseado em levantamentos e no conhecimento dos sátrapas a serem contratados e daqueles que traem por vocação, entrou na fase de execução passando a desfrutar de licenças adicionais de espionagem eletrônica e, quem sabe, de violação do próprio sistema eletrônico eleitoral brasileiro.

Ocorre que não existe perfeição em nenhum planejamento e, no caso de uma ação predatória como esta, sempre haverá falhas que entropicamente degradarão o objetivo final. O produto final poderá sofrer distorções e mesmo ser abortado. Quão mais complexo for o objeto, maiores as exigências de planejamento e de execução. Ocorre que os agentes do golpe, por construção e pela sua própria natureza, não são confiáveis. Se estão à soldo, só podem ser pagos após a missão cumprida e qualquer atraso compromete a operação, o sucesso do assalto. Ocorre o mesmo quando da repartição do roubo por parte dos membros da quadrilha; acaba em conflito ou mesmo em perda do produto do roubo. Quadrilhas controladas com mão de ferro tendem a minimizar os conflitos.

Aqui ocorrerá o mesmo: - O assalto ao Estado Brasileiro terá como consequência o surgimento de conflitos não contornáveis. Vejamos então:

Mudança na Previdência: Como os militares não são afetados, assim como o judiciário, os trabalhadores irão arcar com o ônus da mudança sozinhos.

Petróleo: Judiciário e Militares já deram sinais que foram convencidos da oportunidade da exploração eficaz por parte de empresas estrangeiras, inclusive estatais. Só a Petrobrás é “ineficaz”.

Tecnologia: Nem pensar. Esta é a verve do processo de independência econômica, pois nos libertaria da dependência da exportação de grãos e minério a preço vil. Portanto, faculdade e ensino técnico devem ser demolidos.

Terras cultiváveis: A garantia de alimento para os países centrais. Capturar então a propriedade tão logo quanto possível.

Há várias outras riquezas que estão na mira do golpe, mas há uma questão que acabará por revelar as entranhas da segunda parte do golpe, a patranha a que deram o nome de eleição: - Os que se vendem, via de regra, passam a fazer extorsão, pois tudo passa a ter preço. Não importa se estejam no judiciário, nas forças armadas ou no legislativo; não importa a área de atuação, são venais por natureza. E quem fizer acordo com tais, sairá logrado.

É ver pra crer, mas o enfrentamento a estes venais terá de ser diuturno, sem descanso. É nosso dever. nos salvarmos, pois esta canoa vai virar. 

Carnaval vem aí e o povo vai cantar nas ruas:" a canoa vai virar" ou algo parecido