Tenho,
precavidamente, aguardado um tempo pra ter uma ideia mais precisa da
natureza desta segunda fase do golpe dado pelo Departamento de Estado
dos EUA na soberania brasileira. Golpe treinado e ensaiado em vários
outras partes do mundo, através das revoluções Coloridas ( Egito,
Líbia, Ucrânia ) e as da América Latina, Paraguay e Honduras e
agora na tentativa na Nicarágua.
Na Nicarágua, no claro intuito de
prejudicar a construção pelos chineses do canal de ligação,
concorrente do Canal do Panamá, que ligaria, ou ligará, o Mar do
Caribe, o Oceano Atlântico, até o Oceano Pacífico. Claro que
fazendo concorrência ao Canal do Panamá, única passagem, fora o
Estreito de Magalhães, quase na Antártida, entre aqueles os
Oceanos. Cobra-se no Canal do Panamá, pela passagem no complexo de
eclusas e pelo canal, o preço mínimo de cinquenta mil dólares (US$
50.000,00) variando por tamanho e tonelagem de navio, chegando ao
valor médio de US$ 150.000,00 por passagem. A Administração do
Canal do Panamá, com uma receita anual de alguns bilhões de
dólares, não irá medir esforços para anular a tentativa dos
chineses e nicaraguenses de construir um alternativa. No momento se
fomenta um golpe de estado, ao estilo que deram em Honduras, no
Brasil, no Paraguay e alhures.
O
mínimo que se pode afirmar é que estes golpes se justificam pelos
interesses econômicos objetivos, ou seja, relacionados as receitas e
custos diretos envolvidos; e pela tentativa de manter a hegemonia
americana no continente americano prioritariamente.
Os
demais países onde se aplicaram golpes, invasões e toda sorte de
ações de espionagem, incluindo aí os países amigos, tal como
ocorreu com o Brasil e a Alemanha, testemunham a ação americana de
manter a sua hegemonia à qualquer custo, independente de quais
violações, sejam as de direitos humanos ou sejam de acordos
diplomáticos e econômicos.
Agora
então, diante da certeza que esta hegemonia será transferida pra
China dentro de poucos anos, caso não haja mudança de curso no
cenário mundial, passa a ação americana de querer mantê-la, a
chegar ao estágio de intensificação prioritariamente na América
Latina, seu quintal próximo, geográfica e politicamente.
O
que se passa no Brasil atualmente é o desdobramento do golpe de
2014, já à época cevado nos gabinetes do Exército, à custa de
revanches a pouca eficácia da Comissão da Verdade que não puniria
ninguém, mas que deixaria à mostra a vergonhosa carreira de alguns
generais.
Quem
melhor então encenaria o papel de algozes da democracia brasileira,
perpetrada pelas próprias instituições, Legislativo, Judiciário e
as Forças Armadas, assessoradas pelo então poderoso Ministério
Público?
Quanto
a mídia? Ah, esta sempre esteve à soldo.
Com
isto, o planejamento do golpe desde Washington, já baseado em
levantamentos e no conhecimento dos sátrapas a serem contratados e
daqueles que traem por vocação, entrou na fase de execução
passando a desfrutar de licenças adicionais de espionagem
eletrônica e, quem sabe, de violação do próprio sistema
eletrônico eleitoral brasileiro.
Ocorre
que não existe perfeição em nenhum planejamento e, no caso de uma
ação predatória como esta, sempre haverá falhas que
entropicamente degradarão o objetivo final. O produto final poderá
sofrer distorções e mesmo ser abortado. Quão mais complexo for o
objeto, maiores as exigências de planejamento e de execução.
Ocorre que os agentes do golpe, por construção e pela sua própria
natureza, não são confiáveis. Se estão à soldo, só podem ser
pagos após a missão cumprida e qualquer atraso compromete a
operação, o sucesso do assalto. Ocorre o mesmo quando da repartição
do roubo por parte dos membros da quadrilha; acaba em conflito ou
mesmo em perda do produto do roubo. Quadrilhas controladas com mão
de ferro tendem a minimizar os conflitos.
Aqui
ocorrerá o mesmo: - O assalto ao Estado Brasileiro terá como
consequência o surgimento de conflitos não contornáveis. Vejamos
então:
Mudança
na Previdência: Como os militares não são afetados, assim como o
judiciário, os trabalhadores irão arcar com o ônus da mudança
sozinhos.
Petróleo:
Judiciário e Militares já deram sinais que foram convencidos da
oportunidade da exploração eficaz por parte de empresas
estrangeiras, inclusive estatais. Só a Petrobrás é “ineficaz”.
Tecnologia:
Nem pensar. Esta é a verve do processo de independência econômica,
pois nos libertaria da dependência da exportação de grãos e
minério a preço vil. Portanto, faculdade e ensino técnico devem
ser demolidos.
Terras
cultiváveis: A garantia de alimento para os países centrais.
Capturar então a propriedade tão logo quanto possível.
Há
várias outras riquezas que estão na mira do golpe, mas há uma
questão que acabará por revelar as entranhas da segunda parte do
golpe, a patranha a que deram o nome de eleição: - Os que se
vendem, via de regra, passam a fazer extorsão, pois tudo passa a ter
preço. Não importa se estejam no judiciário, nas forças armadas ou
no legislativo; não importa a área de atuação, são venais por
natureza. E quem fizer acordo com tais, sairá logrado.
É
ver pra crer, mas o enfrentamento a estes venais terá de ser
diuturno, sem descanso. É nosso dever. nos salvarmos, pois esta canoa vai virar.
Carnaval vem aí e o povo vai cantar nas ruas:" a canoa vai virar" ou algo parecido