terça-feira, 22 de março de 2011

Líbia ou lábia ?

Ao ler as notícias oriundas da Líbia, acabo por não saber o que verdadeiramente está acontecendo. Se Kadafi, ditador quase centenário protege o sub-solo, de quem ? Se Kadafi é diatador satânico, quem o defende no seu território ? Realmente é difícil entender o que está acontecendo, pois os que lutam para derrubá-lo se associam a uma parte dos quem o apoia.
Temos de assumir agora uma posição mais responsável que a que tivemos no passado. Falo nós ocidentais, que permitimos massacres terríveis na Mauritânia, na Costa do Marfim, em Biafra, e em muitos outros países da África sub-saariana, apenas porque não possuíam petróleo. Era problema deles, mas agora com a Líbia o probema é diferente; como ficaria a Europa seca de petróleo? Afinal Kadafi não era tão malvado assim quando Tony Blair o recebia com honras, quando o próprio Sarkozi se desdobrava em mesuras.
Temos é que ser menos hipócritas para tratar deste assunto que se arrasta desde o final da Segunda Guerra e deixa  no norte da África e na Palestina sequelas abomináveis.
O que não podemos mais é ficar com esta lábia de intervenção preventiva e mesmo com políticas de conveniência de curto prazo. Chega desta lábia de cafetão do petróleo. Ou assumimos uma posição de gente honesta e madura, que diz o que pensa e não apenas posa para a foto, ou teremos anos após ano, banhos de sangue ao estilo das Cruzadas, em nome de uma "civilização" que produziu de tudo, de Recheulieu a Torquemada e de Stalin e Milosevicht a Stroessner.
Mas estou vendo que realmente vai acabar ( ou continuar ?) mal esta história.

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►  Fevereiro (5)

segunda-feira, 21 de março de 2011

A internet de todos

É com grande ansiedade que espero a implantação do PNBL-Programa Nacional de Banda Larga. Não para que se repita o fenômeno da TV - o sentido único da comunicação. O Programa tem que mudar o lema de "Internet para todos" para "Internet de todos". Esta sutil diferença léxica serve para marcar uma profunda diferença conceitual, que reside no fato que a internet tem que trazer para a grande urbe o produto cultural da brasilidade remota, que hoje, sem voz, só recebe o que lhe é imposto pelo império da comunicação. Forma moderna de escravização por um dominador cultural que mal ouve, mal fala e mal vê. Basta ter paciência para assistir a uma programação de final de semana da tv aberta. Louve-se o esforço da TVBrasil, mas as demais que não estão ao alcance do espectro de difusão aberta, são apenas acessíveis no sistema de assinatura, podem então, via internet banda-larga, alcançar a imensa brasilidade do interior que possui um acervo cultural imenso. 
É este acervo cultural que precisa estar disponível à sociedade brasileira, para que esta não seja consumidora cativa de refugo cultural alheio. A internet tem que aí estar para construir o caminho de volta, trazendo esta riqueza cultural e não apenas levando o lixo produzido pelo bas-fond des sociedades velhas e cansadas.
A internet para todos é a internet para produção cultural de todos, e não apenas a produção cultural dos poucos corrompidos por velhos esquemas viciados e dominados pelas velhas oligarcas.
A internet não será para todos se não for de todos. E sendo de todos, produtores e consumidores, maiores serão as chances de democratização do conteúdos. Por esta razão estão aí a fazer um enorme estardalhaço, pois a viabilidade da produção por parte de pequenas empresas levará inexoravelmente à  melhoria da qualidade através do aumento da quantidade, à criar massa crítica com poder seletivo e competitivo.
O PNBL tem de ser apoiado por todos os brasileiros pois, ainda que não seja a saída única para o imbroglio em que nos metemos na área da comunicação, será o aguilão a forçar as operadoras de telefonia e de tv à competir em condições mais limpas e com tarifas menos vergonhosas; afinal temos os custos mais ridículos de comunicação, se comparado a outros países democráticos.
Várias tentativas de evolução neste setor, simplesmente não vingaram, devido a dimensão do mercado restrito à poucas cidades periféricas aos grande centros, somando-se aí os custos de equipamentos, já que perdemos os esforços dos anos 70 e 80 da indústria nacional.
Transcrevo aqui o texto extraído do "PANORAMA DA COMUNICAÇÃO E DAS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL - Vol I-109"
O setor apresenta características ambíguas no Brasil. Por um lado, tem indicadores de inovação e de esforço tecnológico mais elevado que a média do setor industrial, em função das características já citadas. Por outro lado, o setor apresenta duas fraquezas estruturais, que têm relação entre si. Em primeiro lugar, existe uma forte dependência da importação de componentes eletrônicos, que têm importância crescente no valor agregado dos produtos. Em segundo lugar, as firmas brasileiras em geral não participam da determinação dos novos padrões tecnológicos (como o LTE), que é feita por meio de alianças entre grandes corporações internacionais, em alguns casos com participação governamental. Neste mercado, as economias de rede são cruciais para a competitividade.
Como pode se observar neste texto o problema da comunicação não se restringe a um ministério, é um problema de todos os brasileiros, e por consequência do Governo como um todo; envolve a soberania nacional.