Hoje vejo com muita esperança a notícia da pesquisa do Senador
Requião sobre a viabilidade de sua candidatura a presidência da
República. É mais uma reação ao golpe da direita, cujos quadros
não conseguem oferecer nenhuma alternativa para saída desta miséria
em que metram o país.
São válidas as candidaturas de todos aqueles que se rebelam contra
esta dominação por parte das finanças internacionais e por parte
de um Ministério Público politiqueiro, incompetente e autoritário,
um Judiciário viciado, corrompido até por salários, ajudas,
reembolsos, mimos e agrados para lá de imorais, e que violam a lei
com a maior desfaçatez. A cara do golpe é a cara dos poderes que
deveriam estar à margem da politicagem, guardando a soberania do
País; inclua-se aí as Forças Armadas também que andam se metendo
na politicagem, qual milícias de repúblicas bananeiras.
Se observarmos que, se sobram candidaturas pelo lado da esquerda e da
centro-esquerda do espectro político, pelo lado da direita nem
existem nomes respeitáveis para o cargo, nem tampouco está a
aparecer alguém que queira se queimar; o Joaquim Barbosa é o caso.
Marina não conta, pois esta nada mais é que uma rêmora
politiqueira.
Ocorre que o PT, até com justa razão, não abre mão da candidatura
de Lula, pois o ônus de vir a negá-la cabe aos golpistas e,
principalmente, do poder judiciário pra lá de contaminado. Até lá
a candidatura de Lula mantém todo o espectro da direita em cheque,
esperando para dar o cheque-mate em eleições democráticas. Seja
com Lula ou com quem ele indicar, isto já está claro e óbvio.
Ocorre também que Boulos, Ciro, Manuela (nem conto os demais) muito
se beneficiariam se ungidos fossem pela indicação de Lula. E aí
Ciro parece ser, sendo o mais experiente e maduro, a opção natural.
Desde que este não andasse convidando o seu antigo patrão, Benjamin
Steinbruch, para compor a chapa e outros neoliberais fichados. Não
que algumas medidas neoliberais não sejam necessárias na atual
situação da civilização, mormente no âmbito atuarial (falaremos
em outra oportunidade) mas há economistas no seu grupo que cheiram a
naftalina.
Com este cenário a festa da esquerda corre perigo de acabar mais
cedo do que se esperava. E é neste cenário que a possível candidatura do Senador Roberto
Requião transforma a água em vinho para salvar a festa.
Se este vier candidato pelo MDB, disputando a vaga com Meirelles,
herdará a maior capilaridade política do país, de vereadores,
prefeitos, a Governadores de Estado. Os parlamentares que não
queiram se afogar junto com Meirelles deverão optar por Requião. E,
aí é que está o busílis, não poderão ter a facilidade de
encurralar o Presidente, como fizeram com todos desde Sarney; apesar
da afirmação ferrabraz de Ciro que será capaz de se sair bem nesta
empreitada, enfrentar a maior bancada do Congresso.
Ocorre ainda que Requião, criador da Frente
Parlamentar Mista em Defesa da Soberana Nacional,
maior do que qualquer partido, já que acolhe vários deles, não
somente recolhe o apoio daqueles que defendem a Soberania, dentro de
vários partidos de esquerda, como avaliza a participação dos
segmentos políticos oriundos da capilaridade do PMDB; como disse,
desde a vereança até Governadores de Estado.
Vejo então uma luz no fim do túnel.
Aguardo com esperança que Requião entenda que a pesquisa que está
efetuando refletirá a necessidade de se construir uma saída para o
impasse que a esquerda, e a direita também, enfrenta no
desdobramento deste golpe.
Digo que em boa hora seu nome está sendo lembrado, já que o
aguardava desde 2010.