Há um ditado que diz "que do bobo nada se espera, e do esperto todos se previnem". É por isso que o esperto se faz de bobo. E sempre acaba pegando de surpresa seus pretensos predadores.
O que temos visto nos últimos dias faz jus ao ditado mas, mais ainda, ao papel que os espertos interpretam na arena da política, que tem como espetáculo principal a CPMI.
Os outros esquetes são interpretados por contratados já em fim de carreira, que já não tem mais claque espontânea. Os números do Mendes e do Gurgel não tem aplausos, nem mais da claque da mídia, contratada, mas que já perdeu a paciência mesmo após ter ajudado nos malabarismos, pois acabaram jogando os pratos no chão, na frente do público.
Vejam então que no meio do disse-me-disse, no meio deste arranca rabo político, marcha incólume a Senhora Dilma, absolutamente distante, porque ligada e ocupada com obra, com crise, com indústria brasileira, com pleno emprego.
Será então que estes senhores, papas da comunicação, não se dão conta que não tem mais platéia? Que a arena que montaram os leões comeram todos os condenados e esgotaram o espetáculo?
Em meio a crise, a problemas extremamente complexos de segurança, soberania, energia, economia, distribuição de renda, o cidadão mais humilde intelectualmente não irá ocupar o espaço mental da sobrevivência e do trabalho, com questões artificiais; melhor é discutir futebol.
Pouco a pouco, mas inexoravelmente, os mais incrédulos e crentes estão perdendo a paciência com estes prestigitadores de feira.
Temos que lutar por uma imprensa mais culta e mais esperta, porque esta é boba legítima; nem mais consegue se passar por esperta para se fazer de boba. Ninguém mais acredita nela, nem os espertos que se fingem de bobos. São apenas claque de aluguel. Quem os paga?
Em discurso recente no Senado, Pedro Simon advertiu contra o
perigo de que o crime organizado se aposse das instituições do Estado. Até o
caso Cachoeira, disse o parlamentar gaúcho, havia sido comprovada a corrupção
de setores da burocracia dos governos, mas não a da estrutura do Estado.O governador Marconi Perillo se esquivou, com habilidade,
das questões mais graves, em seu depoimento na CPMI. Registre-se que ele se
encontrava mais do que tranquilo, mesmo respondendo às indagações precisas do
relator, até que chegou a vez do deputado Miro Teixeira. O experiente homem
público, mesmo tendo como ponto de partida o caso menor, que é o da venda da
casa de Perillo, deixou, na argúcia de suas perguntas, graves suspeitas.
Como pôde o governador receber o dinheiro de uma empresa e
passar a escritura a um particular? Também ficou claro a quem ouviu o
governador ser difícil que ele ignorasse as atividades ilícitas do apontado
contraventor; ele conhecia, com intimidade, a sua vida empresarial, social e
familiar.
O caso Cachoeira — e a advertência de Pedro Simon é
importante — mostra como a nação está acossada por um inimigo interno
insidioso, que é o crime organizado. Os recursos públicos são desviados para
alimentar um estado clandestino, que está deixando de ser paralelo, para
constituir o núcleo do poder, em alguns municípios, em muitos estados e na
própria União. Essa erosão interna da nacionalidade brasileira, que se
assemelha a uma gangrena, coincide com o cerco internacional contra o nosso
país.
Enquanto parte da opinião nacional acompanha, indignada, as
revelações do esquema Cachoeira, articula-se eixo internacional entre os
Estados Unidos, a Espanha e todos os países da Costa do Pacífico, com a exceção
do Equador e da Nicarágua, contra o nosso povo, mediante a Aliança do Pacífico.
Não há qualquer dissimulação.
Como informa a publicação Tal Cual, da oposição venezuelana, o foro funciona ativamente e já celebrou seis reuniões
de alto nível. “Os quatro países signatários da nova Aliança do Pacífico — revela
a publicação — têm, todos eles, governos de centro ou centro-direita, creem no
capitalismo, são amigos dos Estados Unidos, e favorecem os tratados de livre
comércio e o princípio do livre comércio em geral. Une-os sobretudo um temor
comum e impulso defensivo frente à ascendente potência hegemônica ou neoimperial
que é o Brasil”. E termina: “sentimo-nos satisfeitos e aliviados pelo
surgimento do muro de contenção à expansão brasileira, que é a Aliança do
Pacífico”.
Assim, os Estados Unidos cuidam de retomar a sua influência
e presença militar na América Latina. Nesse sentido, procuram valer-se da
Aliança do Pacífico para estabelecer bases militares cercando o Brasil, da
Colômbia ao sul do Chile. Leon Paneta, o secretário de Defesa dos Estados
Unidos, acaba de acertar com o presidente do Chile, Sebastián Piñera, o
estabelecimento de uma base norte-americana em Fuerte Aguayo, nas
proximidades de Valparaíso.
Entre outras missões dos militares americanos está a de
treinar os carabineiros chilenos, a fim de coibir manifestações populares. Há,
ao mesmo tempo, uma orquestração da imprensa e dos meios políticos e empresariais,
a fim de reabilitar a figura do ditador Pinochet.
Os Estados Unidos, que mantêm uma base no Chaco paraguaio,
quiseram também ocupar o aeroporto de Resistência, na província argentina do
Chaco, e o governador Capitanich assentiu, mas o governo de Cristina Kirchner
vetou o acordo.
A participação da Espanha nesse novo cerco ao Brasil é
evidente. Em Madri, os embaixadores dos quatro países maiores envolvidos
(México, Colômbia, Peru e Chile) se reuniram, para defender a nova aliança, e
coube ao embaixador do Chile, Sergio Romero, ser bem explícito. Ao afirmar que
o bloco não nasce contra o Brasil, nem contra o Mercosul, aclara, no entanto,
que o grupo recebe de braços abertos os investimentos europeus, especialmente da
Espanha e dos Estados Unidos — que poderiam formalmente participar da Aliança.
Limpemos os nossos olhos, vejamos os perigos que ameaçam
diretamente a nossa sobrevivência como nação independente, às vésperas do
segundo centenário do Grito do Ipiranga. Não temos que ficar abrindo mais
divisões internas, e devemos nos unir para enfrentar, ao mesmo tempo, o inimigo
interno, que é o crime organizado e suas teias nas instituições do Estado, e os
inimigos externos.
Esses, sempre que estivemos avançando no desenvolvimento
social e econômico, procuraram quebrar as nossas pernas, contando com traidores
brasileiros. Não é preciso recuar muito no passado. Basta lembrar o cerco
contra Vargas, em 1954, a
tentativa de golpe de 1955, repetida em 1961 e, por fim, o golpe de 1964, com
as consequências conhecidas. Registre-se que, apesar da vinculação com os
Estados Unidos, durante o governo Castelo Branco, e a famosa doutrina das
“fronteiras ideológicas”, vigente durante o governo Médici, a partir de Geisel
os militares brasileiros não mantiveram a mesma subserviência diante de
Washington.
Enfim, espera-se que o Itamaraty mantenha o governo da senhora
Dilma Roussef a par dessas manobras antibrasileiras, comandadas a partir de
Madri e de Washington, e que a CPMI vá até o fundo, nas investigações em curso. Elas não devem
parar nas imediações de Anápolis, mas chegar a todo o Brasil, conforme os
indícios surjam. É bom conhecer a verdade do passado, mediante a Comissão
formada para isso. Mas é também necessário conhecer a verdade do presente, e
impedir que o crime tome conta das instituições nacionais, como está ocorrendo
no México de Calderón.
E não nos devemos esquecer que o sistema
financeiro mundial é também uma forma — superior e mais poderosa — de
crime organizado. E muito bem organizado.
Enfim chegou a RIO+20, passados vinte anos desde que Collor, o então presidente em despedida, plantava mudas, fazia poses e recebia os chefes de estado que se supunham estarem de acordo com a agenda ecológica.
Ledo engano, passaram-se os vinte anos e a turma acima da linha do Equador, continua queimando carvão, andando de automóvel pra todo o canto e construindo prédios cada vez mais altos e ineficazes em termos de calefação, já que enfrentar o frio nórdico implica em aquecimento artificial. Uma agulha de mais de cem metros de altura expõe uma superfície que torna qualquer sistema de calefação ineficaz.
Aproveita-se água da chuva, vento, recicla-se a água servida, utiliza-se caros painéis solares, mas frio, só aquecendo e aí haja carvão, haja energia nuclear.
Somados então os efeitos do sistema de transporte baseado na gasolina e os gastos de calefação vemos que a equação térmica ainda permanece com sinal negativo.
O compromisso de vinte anos atrás não foi cumprido, pois o problema, o da ecologia, não se resolve nem com discurso nem sem mudar drasticamente o "way of live" dos países ricos que, além de queimar combustível fóssil, ainda descarta uma quantidade astronômica de plásticos e outros materiais não degradáveis. Ou seja, o que alimenta este monstro anti-ecológico que corrói a camada de ozônio, não são os que vivem na caatinga, nem tampouco nas regiões miseráveis da Africa, e muito menos os habitantes das comunidades carentes (termo politicamente correto para favela), são os desperdícios de uma sociedade que não sabe dividir, compartilhar seria o termo mais elegante, e tampouco multiplicar. Não multiplica as oportunidades de desenvolvimento, estão aí os europeus a dar mostra, não divide os ganhos abusivamente extraídos da grande massa de excluídos do progresso. Nem lá e nem cá, diga-se de passagem.
Há vinte anos atrás propalava-se ecologia num discurso vazio por um lado, e por outro se apostava num Estado mínimo, incapaz do mínimo planejamento necessário para o cumprimento das promessas assumidas na ECO 92. O ex-presidente Collor, e sua família também, que sobreviveu ao massacre da mídia, pode agora testemunhar o que seu erro gerou. Não só ele responsável, mas nós que, ignorantes da História, movemos a nossa consciência política à custa de estereótipos, pelo menos assim esperam e se esmeram os que estão por trás da mídia.
Não será possível solução ecológica antes da solução política. Não será possível qualquer solução, enquanto poucos despejam em lixões, o que um exército de gente busca o que comer. Nem tentem qualquer artifício mental para tentar resolver esta inequação, esta assimetria moral, senão através da justiça social.
Não haverá programa ecológico, some-se a geração de energia limpa, os veículos flex, as campanhas de banimento das sacolinhas plásticas, os happenings de protesto, o charme do ecologicamente correto, enquanto a questão mais essencial da vida humana não for enfrentada, a justiça.
Se a cada reunião desta a consciência da justiça e erradicação da pobreza não emergir como resultado e compromisso concreto, então estas só servirão mesmo para fazer turismo e gastar o dinheiro do contribuinte.