terça-feira, 12 de junho de 2012

RIO+20 e justiça.

     Enfim chegou a RIO+20, passados vinte anos desde que Collor, o então presidente em despedida, plantava mudas, fazia poses e  recebia os chefes de estado que se supunham estarem de acordo com a agenda ecológica. 
     Ledo engano, passaram-se os vinte anos e a turma acima da linha do Equador, continua queimando carvão, andando de automóvel pra todo o canto e construindo prédios cada vez mais altos e ineficazes em termos de calefação, já que enfrentar o frio nórdico implica em aquecimento artificial. Uma agulha de mais de cem metros de altura expõe uma superfície que torna qualquer sistema de calefação ineficaz. 
    Aproveita-se água da chuva, vento, recicla-se a água servida, utiliza-se caros painéis solares, mas frio, só aquecendo e aí haja carvão, haja energia nuclear.               
     Somados então os efeitos do sistema de transporte baseado na gasolina e os gastos de calefação vemos que a equação térmica ainda permanece com sinal negativo. 
    O compromisso de vinte anos atrás não foi cumprido, pois o problema, o da ecologia, não se resolve nem com discurso nem sem mudar drasticamente o "way of live" dos países ricos que, além de queimar combustível fóssil, ainda descarta uma quantidade astronômica de plásticos e outros materiais não degradáveis. Ou seja, o que alimenta este monstro anti-ecológico que corrói a camada de ozônio, não são os que vivem na caatinga, nem tampouco nas regiões miseráveis da Africa, e muito menos os habitantes das comunidades carentes (termo politicamente correto para favela), são os desperdícios de uma sociedade que não sabe dividir, compartilhar seria o termo mais elegante, e tampouco multiplicar. Não multiplica as oportunidades de desenvolvimento, estão aí os europeus a dar mostra, não divide os ganhos abusivamente extraídos da grande massa de excluídos do progresso. Nem lá e nem cá, diga-se de passagem. 
     Há vinte anos atrás propalava-se ecologia num discurso vazio por um lado, e por outro se apostava num Estado mínimo, incapaz do mínimo planejamento necessário para o cumprimento das promessas assumidas na ECO 92. O ex-presidente Collor, e sua família também, que sobreviveu ao massacre da mídia, pode agora testemunhar o que seu erro gerou. Não só ele responsável, mas nós que, ignorantes da História, movemos a nossa consciência política à custa de estereótipos, pelo menos assim esperam e se esmeram os que estão por trás da mídia.  
     Não será possível solução ecológica antes da solução política. Não será possível qualquer solução, enquanto poucos despejam em lixões, o que um exército de gente busca o que comer. Nem tentem qualquer artifício mental para tentar resolver esta inequação, esta assimetria moral, senão através da justiça social.
     Não haverá programa ecológico, some-se a geração de energia limpa, os veículos flex, as campanhas de banimento das sacolinhas plásticas, os happenings de protesto, o charme do ecologicamente correto, enquanto a questão mais essencial da vida humana não for enfrentada, a justiça. 
        Se a cada reunião desta a consciência da justiça e erradicação da pobreza não emergir como  resultado e compromisso concreto, então estas só servirão mesmo para fazer turismo e gastar o dinheiro do contribuinte.

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