Ledo engano, passaram-se os vinte anos e a turma acima da linha do Equador, continua queimando carvão, andando de automóvel pra todo o canto e construindo prédios cada vez mais altos e ineficazes em termos de calefação, já que enfrentar o frio nórdico implica em aquecimento artificial. Uma agulha de mais de cem metros de altura expõe uma superfÃcie que torna qualquer sistema de calefação ineficaz.
Aproveita-se água da chuva, vento, recicla-se a água servida, utiliza-se caros painéis solares, mas frio, só aquecendo e aà haja carvão, haja energia nuclear.
Somados então os efeitos do sistema de transporte baseado na gasolina e os gastos de calefação vemos que a equação térmica ainda permanece com sinal negativo.
O compromisso de vinte anos atrás não foi cumprido, pois o problema, o da ecologia, não se resolve nem com discurso nem sem mudar drasticamente o "way of live" dos paÃses ricos que, além de queimar combustÃvel fóssil, ainda descarta uma quantidade astronômica de plásticos e outros materiais não degradáveis. Ou seja, o que alimenta este monstro anti-ecológico que corrói a camada de ozônio, não são os que vivem na caatinga, nem tampouco nas regiões miseráveis da Africa, e muito menos os habitantes das comunidades carentes (termo politicamente correto para favela), são os desperdÃcios de uma sociedade que não sabe dividir, compartilhar seria o termo mais elegante, e tampouco multiplicar. Não multiplica as oportunidades de desenvolvimento, estão aà os europeus a dar mostra, não divide os ganhos abusivamente extraÃdos da grande massa de excluÃdos do progresso. Nem lá e nem cá, diga-se de passagem.
Há vinte anos atrás propalava-se ecologia num discurso vazio por um lado, e por outro se apostava num Estado mÃnimo, incapaz do mÃnimo planejamento necessário para o cumprimento das promessas assumidas na ECO 92. O ex-presidente Collor, e sua famÃlia também, que sobreviveu ao massacre da mÃdia, pode agora testemunhar o que seu erro gerou. Não só ele responsável, mas nós que, ignorantes da História, movemos a nossa consciência polÃtica à custa de estereótipos, pelo menos assim esperam e se esmeram os que estão por trás da mÃdia.
Não será possÃvel solução ecológica antes da solução polÃtica. Não será possÃvel qualquer solução, enquanto poucos despejam em lixões, o que um exército de gente busca o que comer. Nem tentem qualquer artifÃcio mental para tentar resolver esta inequação, esta assimetria moral, senão através da justiça social.
Não haverá programa ecológico, some-se a geração de energia limpa, os veÃculos flex, as campanhas de banimento das sacolinhas plásticas, os happenings de protesto, o charme do ecologicamente correto, enquanto a questão mais essencial da vida humana não for enfrentada, a justiça.
Se a cada reunião desta a consciência da justiça e erradicação da pobreza não emergir como resultado e compromisso concreto, então estas só servirão mesmo para fazer turismo e gastar o dinheiro do contribuinte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário