quinta-feira, 23 de julho de 2015

As coisas vão se ajeitando

 Um questionamento que para mim é mais do que uma constatação:


  • O que é melhor ? Um aliado bem posicionado no BRICS ? Ou ter que enfrentar o crescente poder da China, agora mais aliada ainda da Rússia, sem qualquer intermediário estratégico e eficiente diplomaticamente ?


Eis a questão que me ocorre, que implica em ações que se refletem neste conturbado quebra-cabeças interno, artificialmente construído, ou melhor, financiado, e que precisa agora ser desmontado progressivamente até que se consiga, em 2018, uma solução mais definitiva.
Vejo também que aquela conversa da senhora Presidenta com Henry Kissinger no mês passado não teria sido apenas sobre futebol. Seria até ingênuo admiti-lo, sabendo que o Ministro de Assuntos Estratégicos Mangabeira Unger, que a acompanhava, é comensal frequente nos encontros entre aquele e Obama. Parece-me óbvia a pavimentação de um caminho cooperativo neste momento. A vontade está aí, as pedras nem se fale; só precisa é começar o trabalho.
O questionamento acima reflete uma avaliação possível da estratégia que passa a vigorar quando do enfraquecimento europeu, que fica ainda mais aparente perante a evolução política e econômica dos novos atores abaixo da linha do equador.
Sabendo ainda que o atual desequilíbrio mundial, a qual chamamos de crise, baseia-se na própria instabilidade econômica e política do hegemon, pois dela se iniciou em 2008, é razoável admitir que este perceberá a necessidade de reconstruir as bases, sejam políticas, sejam econômicas, sejam militares, de influência e domínio a partir de alianças que venham complementar os já desgastados alicerces europeus.
Não tenho ilusão sobre o cumprimento transparente e fiel dos acordos que forem alinhavados. É da natureza do hegemon alterá-los, ou mesmo extingui-los unilateralmente, segundo a sua real ou imaginada necessidade. Mas, um passo foi dado. E este refletir-se-á nas nossas plagas.
Vale lembrar que aqui pelo sul já existe uma união, ainda que adolescente. Argentina, Brasil, Uruguay, Paraguay e mesmo o Chile, e agora a Bolívia, ( nem quero mencionar a Venezuela ) e esta implica na posse de respeitáveis reservas de petróleo, gás, minérios, terras raras e, sobretudo, admiráveis estoques de alimentos e energia.
Os atores são conhecidos, o teatro (de operações) é, apesar de mutável, o mesmo. O que muda é a forma de agir, agora mais azeitada pela visita; e mais urgente também, já que no outro lado do mundo Merkel, Lagarde e Draghi não conseguem uma solução para os problemas que foram criados pelo próprio Estados Unidos. E lá se vão quarenta anos que Paul Volcker, Willian Simon e George Schultz armaram esta bomba que está a estourar agora na mão de Obama, já que seu antecessor só fez piorar as coisas.
Aqueles senhores, ainda nos anos 70, aboletados no trono do FED, e banqueiros mancomunados com um presidente pitoresco, Regan, legaram um mundo com uma economia onde o volume total de derivativos passou de aproximadamente US$ 700 trilhões em 2008 para US$ 1.200 trilhões em 2011 contra um PIB real de US$ 70 trilhões. As transações entre investidores individuais foram substituídas por transações que ficaram sob o controle dos grandes bancos. E 96% dos derivativos financeiros nos EUA são controlados por apenas cinco grandes bancos: JP Morgan, Citigroup, Bank of America, Goldman Sachs e Morgan Stanley.
Acho que Obama acordou para a urgência do problema que não admitirá mais alianças interesseiras, principalmente aqui no Sul.

O tempo dirá que estou certo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário