quinta-feira, 17 de maio de 2012

Indústria brasileira e de imigrantes

Chegada ao Porto de Santos
  
Muito tem se falado na industrialização brasileira como se fosse uma novidade. Uma pequena reflexão e uma visão histórica nos leva a identificar a industrialização como uma conquista que vem de longe. Vem muito da influência de imigrantes laboriosos que aqui chegaram, desde o século IXX, de todas partes do mundo. Nem adianta enumerá-las pois algumas das nações nem existem mais. 
    O fato é que estes laboriosos e sonhadores deram um grande impulso à nossa economia e escreveram uma história que ajudou a amenizar a doença escravocrata. Não que tenhamos nos curado de todo, pois tal doença ( é este o nome mesmo ) deixou sequelas enormes, que hoje são visíveis na prática da usura bancária, na prática do cartorial,  na prática da exploração rural e em várias outras mazelas que atrasam nosso desenvolvimento e nossa soberania. Mas a que mais nos impede de crescer é a que, sutilmente, nos faz serviçais da coroa. Pode ser explicado facilmente:  
- Ainda temos, não a maioria do povo, é claro, a síndrome do colononizado  de  qualquer coroa, contanto que nos alienemos e não nos aflita o peso da responsabilidade, o ônus da independência. 
     O "Medo à liberdade" de Erich Fromm já identificava em 1941, numa sociedade dita capitalista, este comportamento como patológico, à ponto de preferir a escravidão à ter de lutar pela liberdade. Pois a contribuição destes imigrantes foi a de trazer o sentimento de liberdade e a vontade de lutar. 
    A industrialização foi a forma mais concreta e mais imediata de fazerem de seus sonhos a realidade e de legarem patrimônio para seus dependentes. Muitos porém tombaram nesta luta, muitos foram até escravizados nas lavouras de café; enganados que foram em suas terras por traficantes conluiados com os empregadores daqui, denominados "barões do café". Mas muitos que escaparam puderam criar de seus ofícios, ferreiros, latoeiros, toneleiros, agricultores, carpinteiros, pedreiros, padeiros, de toda a sorte de saberes, empresas que hoje são um valoroso ativo econômico, mas sobretudo, um exemplo para aqueles que ousam e que, nascidos livres, se tornam empreendedores e criam as indústrias geradoras de empregos. Muito se perdeu, em qualidade e quantidade. Alguns empresários se desviaram da rota da produção e preferiram, ou o rentismo ou a mera importação. Alguns no passado chegaram até financiar ações de torturadores. 
    Mas a grande maioria resistiu, alguns até falindo mas sem perder o espírito empreendedor e a sua dignidade. Mas quem pode, resistiu. A estes industriais, com consciência social, nosso apoio e a convicção da necessária proteção do Estado contra a concorrência internacional desleal. A nossa convicção da necessidade de se aliviar o peso fiscal. Mas a nossa cobrança severa da consciência social, pois foi com esta que Lula recuperou o mercado interno, que nos deu chances de sobrevivênvia em meio a crise internacional. Sofremos uma "marolinha" é claro, mas a nossa indústria ajudou a passar por esta crise. E é esta indústria brasileira que hoje, ainda amarrada a prática cartorial e fiscal, que luta para crescer  e que fará do Brasil uma economia desenvolvida. 
    Com isso, é dever do Estado, do Governo, criar as condições de progresso, de expansão do mercado interno, através da educação, da saúde, do estímulo à pesquisa tecnológica e de todas as formas possíveis, incluindo aí a preferência pelo nacional nas suas encomendas. E é também dever da sociedade, saber escolher quando o produto nacional for preferencial. Afinal a nossa sobrevivência como Nação e o futuro de nossos filhos dependem do esforço e da consciência de cada um. 
    Sempre que possível "Produzido no Brasil", mas aceitamos também "Made in Brazil". Afinal, os imigrantes que escolheram esta terra para viver e aqui terem seus filhos merecem esta escolha por nossa parte. 
    Temos de agradecer a estes, italianos, portugueses, espanhóis, japoneses, sírios e libaneses, alemães, holandeses, poloneses, lituanos, russos, bielo-russos, ucranianos, chineses, argentinos, chilenos,  uruguaios, bolivianos, coreanos, turcos, egípcios, gregos, croatas, sérvios, austríacos, húngaros, ... nem sei mais. 
     Resolvi nomeá-los individualmente pois conheço pessoalmente, se não imigrantes, descendentes diretos destas nacionalidades que citei. Afinal quem não conhece. Não poderia falar em indústria brasileira sem falar destes sonhadores. 
  

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