domingo, 22 de julho de 2012

Outros virão

     Tenho muito falado e trazido textos sobre industrialização, e sobre desendustrialização também,  mas é preciso sobretudo fazermos algumas reflexões acerca da nossa própria vontade e capacidade de nos tornarmos industrializados; aqui utilizando o termo na sua plenitude; ou seja, pesquisando, projetando e fabricando. 
     Mas para conseguir cumprir o ciclo completo será necessário que nós como profissionais e empresários, mais do que governos, sejamos capazes de construir nossas empresas baseadas nos princípios da democracia e respeitando também nossa cultura. Em artigo anterior "Por que o Brasil se atrasa" de  Adriano Benayon, transcrito  do www.algoadizer.com.br, pode-se observar que a própria política de industrialização  está eivada de erros. Já é mais do que sabido que as "cabeças pensantes" da tecnocracia dos quadros do governo também foram formadas nos mesmos centros de formação dos tecnocratas neoliberais dos quadros das transnacionais. Como disse uma vez a Profa. Maria da Conceição Tavares, "esta rapaziada pode ter o coração na esquerda, mas a cabeça ainda pensa com a direita". E isso também é verdade para o empresariado que está aculturado no processo de geração de riqueza de antanho, quando os filhotes iam gastar o resultado do trabalho alheio nas praias de Biarritz, San Sebastian, Côte D´Azur e mais tarde iam esquiar em Chamonix; alguns iam para Aspen CO, e os mais simplesinhos iam para Bariloche ali pertinho.
   Quando a insigne professora falou da bipolaridade coração e cabeça, conseguiu uma síntese quase perfeita do conflito, se existe, que ainda habita a cabeça de empresários e mesmo dos tecnocratas; afinal ambos disputam os mesmos postos na classe média e foram formadas nos mesmos centros acadêmicos. Não importando aí qual a gradação desta média, se alta ou baixa. Importa sim, a competência e o compromisso de quem dirige os destinos da organização, ou privada ou governamental.
     O que temos visto é um descolamento da realidade brasileira, por parte daqueles desta classe que não firmaram um compromisso com o futuro. Quando falo futuro obviamente estou falando dos nossos filhos; e nossos aqui significa todos. 
     A industrialização é apenas fruto da capacidade de trabalho e superação, como foi provado na maior e mais poderosa nação do mundo, independentemente dos meios de exploração interna e externa que utilizaram, e ainda utilizam. Mas foi o resultado do insofismável sacrifício de seu povo
     O nosso povo também tem mostrado esta capacidade, mas as nossas próprias elites não. Mas já começamos com o Irineu Evangelista de Souza que trouxe a energia e a necessidade de sobreviver lá dos pampas. Igual ao Barão, tenho certeza que outros virão.

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