Mas a passeata não pode chegar até o final da monumental Avenida Rio Branco; não pode chegar a Cinelândia, local histórico de manifestações emoldurada pelo magnÃfico Theatro Municipal, pela Biblioteca Nacional, pela Câmara dos Vereadores. Foi antes emboscada e atacada pela turba de neofascistas, comandados por quem ainda não sabemos. Haveremos de saber sim. É uma questão de tempo. Mas que foram comandados foram; pois vi perfeitamente o ponto eletrônico que um dos neonazistas encapuzados utilizava. Vi o ponto de encontro previamente marcado, pois para lá fui testemunhar, acompanhando os encapuzados e mascarados que não foram nem um pouco incomodados ao passarem acelerados pela passeata.
Valorizo esta oportunidade do irrefutável testemunho e, à partir deste, reflito sobre o que se passou para chegarmos à este ponto tão decadente. Se era indignação, não justificava a agressão à um homem caÃdo no chão e atacado covardemente por vários, à ponto de receber dez pontos na cabeça; não importa se era um policial ou qualquer outro ser humano. Se era protesto, menos ainda justificava tal comportamento. Mas o meu testemunho revela uma inexorável explosão de ódio e intolerância. Não para com o Governo, seja o Estadual, seja o Federal ou o Municipal, pois ódio se expressa contra pessoas, não contra coisas. E é aà que podemos estender nossa reflexão. O ódio que ali via era aquele mesmo que motivava torturadores no passado. Era o mesmo destilado nas mentes fracas e preconceituosas que "gerenciavam" o DOI/CODI e os campos de concentração; mentes que mais tarde se justificaram no cumprimento do dever e no combate à inimigos.
Este mesmo ódio é que se voltou contra homens e mulheres idosos que também protestavam. Mas protestavam cÃvica e politicamente de forma honrada.
Afinal, quem destilou tanto ódio na mente de jovens que poderiam estar ombreados com aqueles que reclamavam um futuro melhor para estes jovens mesmos? A rede social? A rede social não fala por si própria. Os colegas emaranhados nestas redes? Nem sabiam se eram "fakes". A resposta está na arte de Regina Riefenstahl, na eficácia de Goebbels, e na eficiência de Brilhante Ulstra. Todos trabalhavam na arte de condicionar mentes; inclusive as das suas vÃtimas.
Mas uma coisa a história nos ensinou: a inexorável degradação dos seres e organizações fragilizados pelo ódio. Aqui no Brasil a finda UDN, semeou o ódio, instada por interesses externos que permanecem até hoje. Aqui no Brasil as Forças Armadas serviram aos interesses econômicos manipulados por civis; tiveram um triste ocaso à época de Collor e FHC. Custa crer que ainda existam alguns na reserva, nem sei se envergonhados, que idolatram seus algozes. Complexo o ser humano, não?
Lamentavelmente, se eu estiver errado na minha conclusão, não sobrará mais desculpa para um covarde que ataca o idoso que clamava por uma sociedade mais justa para este. Não poderá jogar a culpa na "rede", no "facebook"; não lhe sobrará perdão. Que lembrem a lição de Nuremberg.
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