segunda-feira, 15 de julho de 2013

Lição de Nuremberg

    Tive a oportunidade de participar da passeata promovida pelos Sindicatos em 11 de julho de 2013 na cidade do Rio de Janeiro. A passeata não pode chegar ao fim programado mas alcançou o seu fim, que foi colocar 20.000 pessoas na rua. No meio desta multidão estão aposentados, velhinhos que mostravam uma juventude ímpar, pois saíram às ruas como se fossem jovens. Havia jovens maduros, como se fossem os experientes de passeatas de 68, de 84 e de muitas outras. 
    Mas a passeata não pode chegar até o final da monumental Avenida Rio Branco; não pode chegar a Cinelândia, local histórico de manifestações emoldurada pelo magnífico Theatro Municipal, pela Biblioteca Nacional, pela Câmara dos Vereadores. Foi antes emboscada e atacada pela turba de neofascistas, comandados por quem ainda não sabemos. Haveremos de saber sim. É uma questão de tempo. Mas que foram comandados foram; pois vi perfeitamente o ponto eletrônico que um dos neonazistas encapuzados utilizava. Vi o ponto de encontro previamente marcado, pois para lá fui testemunhar, acompanhando os encapuzados e mascarados que não foram nem um pouco incomodados ao passarem acelerados pela passeata. 
    Valorizo esta oportunidade do irrefutável testemunho e, à partir deste, reflito sobre o que se passou para chegarmos à este ponto tão decadente. Se era indignação, não justificava a agressão à um homem caído no chão e atacado covardemente por vários, à ponto de receber dez pontos na cabeça; não importa se era um policial ou qualquer outro ser humano. Se era protesto, menos ainda justificava tal comportamento. Mas o meu testemunho revela uma inexorável explosão de ódio e intolerância. Não para com o Governo, seja o Estadual, seja o Federal ou o Municipal, pois ódio se expressa contra pessoas, não contra coisas. E é aí que podemos estender nossa reflexão. O ódio que ali via era aquele mesmo que motivava torturadores no passado. Era o mesmo destilado nas mentes fracas e preconceituosas que "gerenciavam" o DOI/CODI e os campos de concentração; mentes que mais tarde se justificaram no cumprimento do dever e no combate à inimigos.
    Este mesmo ódio é que se voltou contra homens e mulheres idosos que também protestavam. Mas protestavam cívica e politicamente de forma honrada. 
    Afinal, quem destilou tanto ódio na mente de jovens que poderiam estar ombreados com aqueles que reclamavam um futuro melhor para estes jovens mesmos? A rede social? A rede social não fala por si própria. Os colegas emaranhados nestas redes? Nem sabiam se eram "fakes". A resposta está na arte de Regina  Riefenstahl, na eficácia de Goebbels, e na eficiência de Brilhante Ulstra.  Todos trabalhavam na arte de condicionar mentes; inclusive as das suas vítimas.
    Mas uma coisa a história nos ensinou: a inexorável degradação dos seres e organizações fragilizados pelo ódio. Aqui no Brasil a finda UDN, semeou o ódio, instada por interesses externos que permanecem até hoje. Aqui no Brasil as Forças Armadas serviram aos interesses econômicos manipulados por civis; tiveram um triste ocaso à época de Collor e FHC. Custa crer que ainda existam alguns na reserva, nem sei se envergonhados, que idolatram seus algozes.  Complexo o ser humano, não?
Lamentavelmente, se eu estiver errado na minha conclusão, não sobrará mais desculpa para um covarde que ataca o idoso que clamava por uma sociedade mais justa para este. Não poderá jogar a culpa na "rede", no "facebook"; não lhe sobrará perdão. Que lembrem a lição de Nuremberg.


  

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