segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Mérito ou Justiça ?

Nem precisa ser um bacharel, advogado, ou amanuense, (ou coisa assim), para perceber o que jaz na formação de alguns juízes. 
Há muito se propaga a ideia de meritocracia como meio de se alcançar o bem estar e a justiça social, a democracia. Nada mais retrógrado, senão o pensamento em voga e vigente nos séculos XVII e IXX, como aparece na crítica de Pierre Rosanvallon em "A Sociedade dos Iguais",. Lá o autor cita: ...

"O grande sociólogo britânico Michael Young foi o primeiro a falar nos anos 60 da meritocracia, que é um velho ideal dos séculos XVIII e XIX. Young definia como um pesadelo todo país que fosse governador pela meritocracia. E é um pesadelo porque, neste caso, ninguém teria direito a protestar contra as diferenças. Se todas as diferenças estão fundadas sobre o mérito, aquele tem uma condição inferior a tem por culpa própria. Trata-se então de uma sociedade onde a crítica social não teria mais lugar."
Se alguns juízes, chegassem ao mínimo de reflexão não estariam à cometer as mais rasas e absurdas injustiças e ilegalidades. Isto porque não lhes é cobrada pela sociedade a ponderação e o interesse coletivo, ideia mãe de democracia. 

Pois aí está o Sr. Marcelo Odebrecht preso há mais de quatro meses, por um juiz, concursado por certo, ocupando um cargo "de mérito" sem dar satisfação qualquer a nenhuma instância de direito ou saber superior.
Que meritocracia é esta ? Hipócrita e burra. O juiz, à seu talante, joga na prisão quem lhe parece suspeito ?  Baseado em uma delação premiada (oxímoro mais do que óbvio) ? 

O Almirante Othon lá está aguardando a boa vontade do juiz. Fartas e sobejas provas revelam outros interesses mais amplos e universais por trás da prisão do Almirante, que nada têm à ver com com propina.

Deu no que deu, acharmos que poderíamos fazer justiça fazendo ocupar postos importantes da administração pública pessoas cujo mérito era medido por apenas uma prova.  A prova de conhecimento imediato é necessária ? Claro que é. Mas não haver qualquer aferição do postulador ao cargo sobre seus conhecimentos sociais, suas intenções, seus discursos, é primário, infantil. 
Não gosto de fazer comparações externas, mas tenho que citar os Estados Unidos, onde xerife de polícia é escolhido em eleição. 

Voltando ao assunto do empresário e do almirante; até onde vai e quando irá parar esta sandice ?

Parece que por não mais serem motivos de manchetes estão lá os dois à apodrecer na prisão e o senhor juiz flanando por aí, dizendo um monte de sandices, dando declarações estapafúrdias ( que nem meu filho estagiário de direito diria ). 

Temos que cobrar uma solução para estes absurdos que a meritocracia criou.
Se não, ...interesses escusos.

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