segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Passageiros para Miami, última chamada.

Antes  de fazer qualquer manifestação sobre a questão que tenho ouvido sendo posta por vários jornalistas e que tem corrido a blogosfera, procurei a reflexão. 

A questão se expressa na seguinte interrogação: - Por que o povo ainda não foi as ruas como em 2013, para dar o recado de sua insatisfação com o que está acontecendo no Brasil ?

Para responder esta questão, para o que aliás não me sinto preparado, mas não posso simplesmente fingir que não a escuto e já também a expresso, tenho que definir o "que está acontecendo". E para uma definição "do que es
tá acontecendo" não científica, sociológica, a faço apenas como cidadão do povo. Posso afirmar que o que está acontecendo é o desdobramento de um ataque, precedido por um ataque cibernético, a nossa frágil democracia e ao nosso frágil estamento político. Ataque este que teve como coadjuvantes os membros da quadrilha que hoje está desavergonhadamente se expondo sem o mínimo pudor. Desencadearam o golpe de estado aos novos moldes da "primavera árabe" e estão dando curso a este na forma da "reformas" ( como se fosse possível dar este nome ).

Parece óbvio que não foram apenas estes bandoleiros que propiciaram o ataque; havia a anuência daqueles ( inclua-se aí os empresários industriais principalmente ) que achavam estava saindo caro a remuneração do trabalho. Nem se davam conta que a sua aversão ao risco, juntamente a inação do Estado que, querendo ser mínimo em alguns pontos, renegava a pesquisa científica e a educação de massas. Como diz o povão "deu ruim". 
Sem uma economia orientada a trabalho, premiando o rentismo, sem uma estrutura que viabilizasse a ascensão social das massas trabalhadoras, não se construiu um Estado com a higidez suficiente para enfrentar crises, sejam estas financeiras, ou econômicas, ou internacionais. Ou seja, faltou resiliência a este todo que chamamos de Estado.

Pois bem, entendida a "situação', ou "o que está acontecendo",  irrompe então a pergunta: - Qual a motivação para o Povo "ir as ruas" ?
Para defender um Judiciário, auto-corrompido pelos seus próprios salários imorais diante a pobreza do povo ?
Para justificar Juízes e Ministros das cortes que fazem política partidária descaradamente ?
Para defender um Ministério Público que resolve também fazer política partidária ?
Ademais ao fato que nenhum desses seus representantes sofrem da escolha popular, como é o caso do Legislativo e do Executivo. São auto-geridos e auto-fiscalizados.

Após a diuturna arenga de corrupção, que foi ecoada ad nauseam pelos meios de comunicação, e pela saturação produzida pelas próprias redes sociais, que outrora levou milhões "as ruas" por preço de passagem  ( quanta ingenuidade ), ainda querem que o povo vá para as ruas ?

Até o mais sofisticado sistema de comunicação, o neuro-fisiológico, que transmite a sensação de dor, quando saturado deixa de transmitir esta sensação de dor, adormece. Imagine agora a diuturna campanha que foi feita para destituir a presidente eleita. Some-se a isso a sensação de arrependimento de muitos que foram bater panelas, e não podem, ou por vergonha, ou por vaidade, se redimir publicamente. Some-se a continuidade da pressão dos agentes privilegiados, os bancos e toda a cadeia de financistas, mercadores e trambiqueiros incluídos.

Alguém pensaria em sair de sua casa para protestar, tendo a mínima desconfiança que essa gente permaneceria impávida em seus privilégios ? Sejam estes financeiros ou procuradores, ou juíizes ?

Não, não esperem que isso ocorra. Apesar de ser extremamente perigoso deixar a pressão subir e este processo de demolição do Estado continuar.

Há de se reagir a "esta situação", mas não vamos exigir que o cidadão, que divide o dinheiro da passagem com o da refeição, vá novamente salvar este país.

Quando bater no fundo saberemos quem é capaz de sobreviver as vicissitudes da pobreza.

Quem quiser ir para Miami, que embarque agora; última chamada.

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