domingo, 8 de novembro de 2020

Milagre americano

Hoje li o discurso de Binden; realmente merece ser elogiado. Mas é um discurso. Revela intenções, verdadeiras ou não. Revela mudanças reais no quadro político americano. Mas uma coisa é o discurso de animação das bases, outra coisa é governar sem maioria no Senado americano. Nem sei se os democratas fizeram maioria na Câmara.

De qualquer forma a administração democrata, para efeito de política externa, não estará muito distante nos seus fundamentos do inventário de intervenções e sanções, da política republicana. Vamos nos lembrar que a maioria das recentes “revoluções coloridas” mundo afora ( ênfase para a Ucrânia) ocorreu sob os auspícios da administração democrata Obama. As sanções impostas ao Irã, a Rússia, a “perigosíssima” e ameaçadora Cuba (que ainda tem em seu território a excrescência da prisão de Guantánamo) vem desde de tempos democratas e o próprio Binden, como senador, apoiou e incentivou a invasão do Iraque à época do Presidente Bush. Nem quero me referenciar a Assange, Portanto, esperar pacifismo por parte da administração Binden, não me parece lógico.

No entanto, no que concerne ao nosso país, acho que podemos esperar alguma melhora nas relações diplomáticas, ainda que esteja viva a memória da interferência, ou melhor da tutela, na Lava-Jato.

Cabe sim, as nossas Instituições, ou seja, seus representantes e seus mandatários, estabelecerem uma relação mais profissional e mais soberana. Isso passa por um comportamento menos juvenil e lacaio e mais profissional por parte destes profissionais, sejam estes civis ou militares. Parece óbvio que esperar tal comportamento de parte do capitão insurreto e jubilado, que hoje tripudia sobre generais, é mais do que ilógico; seria infantil.

As relações internacionais irão sim ser afetadas pela situação da Síria, onde os comandantes militares americanos, que até iriam desocupar o território sírio, partiram para o mais escrachado mercenarismo, “rachando” a venda do óleo sírio com os terroristas da DAESH. Há fotos e testemunhas americanas comprovando a pirataria. Será que a nova administração democrata vai dar vim a esse comportamento vergonhoso por parte dos militares americanos na Síria? Como vão lidar com a situação que criaram na Ucrânia na “Revolução Laranja”? Incluindo também as ligações (escusas?) do filho do presidente eleito com a Burisma Holding. Ainda há a intervenção nada sutil na Bielo-Rússia, as sanções impostas aos construtores do NordStream-2, que incomodam tanto os alemães. A lista de intervenções, provocações, etc.. mundo afora é bem grande. Sobra então a mais importante: - Como irão se relacionar agora (comércio e militarismo) com a China?

Acho mesmo que a nossa vez na fila das reformas e consertos na diplomacia ainda está longe; o que pode nos levar até o ano que vem, ter que varrer “a nossa administração”. Na lista da “basura” estarão inexoravelmente Salles, Ernesto Araújo e mesmo Guedes.

Não dá para vaticinar, mas cobrar um comportamento mais maduro, soberano, decente, menos subalterno por parte dos comandos militares e um Legislativo e um Judiciário mais confiável, é o mínimo que podemos fazer.

Entramos neste fosso, ou nesta fossa; temos que sair com nosso próprio esforço. Esperar pelo “milagre” americano só mesmo alguém “deitado eternamente em berço esplêndido”.


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