quinta-feira, 7 de abril de 2011

A parada súbita e o nosso desafio.

Na leitura da coluna excelente e instrutiva de Luiz Gonzaga Belluzzo em Carta Capital nesta semana (06/04/11) intitulada "O risco da parada súbita" me permití discordar da expressão "parada súbita". Primeiramente porque em sistema de tamanha envergadura e complexida como é a interligada economia mundial,  seria raro um corportamento desta natuteza. O que percebemos como súbito já havia dado sinais há muito tempo. Quantos e quantos economistas respeitados deram o alarme sobre a crise de 2008 provocada pela quebra do Lgehman Brothers ? É evidente que os deslumbrados neo-bobos ( o termo foi cunhado pelo FHC ) que só sabiam bater palma, nem se deram conta da bomba armada. Mas que os países foram avisados, ah isso foram, sim. O que ocorre é que o sistema financeiro que se apoia na economia pouco real, de tempos em tempos, deixa de ser real de fato. A realidade do trabalho cobra seu preço. E aí parece, o termo é este mesmo, parece, que subitamente as coisas pioram.
Quando Belluzzo mostra a situação dos emergentes Brasil e China, também mostra que a adesão à onda de valorização da moeda acabará por prejudicar os esforços de industrialização. E todos sabem muito bem o custo social de ter conseguido feito sobreviver uma indúustria mais ou menos avançada tecnologicamente. Ocorre que a sociedade compradora de "importados" mais cedo ou mais tarde vai pagar o preço do sistema; e então parece que foi "súbita" a parada.
Todos sabemos que o declínio da moeda americana é inexorável; este é um processo orgânico, que se iniciou quando as empresas americanas foram buscar "custos baixos" na China. Agora a China fabrica de guarda-chuva até jatos militares e satélites.  Não foi uma partida súbita, logo... não haverá parada súbita. Haverá sim, uma estacionalidade que irá preparar o sistema para um novo estágio de competição, pois essa é inerente a este sistema. Se não houver competição este sistema morre. Moedas menos ou mais valorizadas são reflexos de outros estratos da economia real. A nós brasileiros cabe agora eliminar o consumo do supérfluo e ir tratando de formar as novas gerações em melhores patamares de educação e saúde para dar conta do desafio econômico e tecnológico; de melhorar já o nosso índice GINI; de  sanear os poderes da República, inclusive o Judiciário que vem se arrastando em meio a relações nada higiênicas com o capital. Afinal, o discurso neo-liberal se baseou na ineficiência do Estado; foi daí deste descontentamento com o Estado que emergiram os milhões de votos do Serra, pois ele mesmo, de patético que foi, não arrumaria nem um átimo disto.
Bem, o aviso foi dado, mas não creio que no nosso caso haverá surpresas "súbitas", pois vejo em Guido Mantega um pragmatismo aliado a uma forte convicção desenvolvimentista e uma seriedade à toda prova. Não é nem um "pombo" bobo, nem um "falcão" irracional. Quanto ao Banco Central, também não acho que Tombini, pelo que já ouvi deste, seja um "bobo-irracional", pelo contrário.  Mas não quer dizer que estejamos incólumes ao "mal súbito", temos é que parar de comprar supérfluos, "valorizar" a economia real e dar continuidade à marcha do desenvolvimento. Sabemos que a economista Dilma não é maior que a Presidenta Dilma, nem tampouco vai se aventurar em soluções fáceis, como já aconteceu nos planos econômicos do passado. Os tempos são outros, as pessoas são outras, mais capazes e responsáveis. O difícil é fazer a máquina andar na direção certa, de forma suave e sem paradas súbitas. É o Nosso desafio.

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