sexta-feira, 8 de abril de 2011

Poderia ter se evitado?

Impossível não se comover com a tragédia da escola municipal em Realengo, aqui no Rio de Janeiro, cidade onde nasci. Onde nasci e cursei a escola pública primária, a Escola Uruguay, no Bairro de Benfica, ou Pedregulho talvez. Na época, aqui era a capital federal, ou o Distrito Federal. Lembro da minha escola que lá está até hoje, não tão glamourosa, cercada de muros. Lembro-me também que na porta ficava um guarda fardado e armado; farda cinza cheia de botões e quepe azul. Lá ficava obsequioso com as crianças e com as professoras, para as quais quando passavam, tirava o quepe em sinal de respeito. Lembro ainda do Seu Aires, já chegado aos cinquenta, silhueta já arredondada, mas para mim um mocinho com seu revólver, que acho jamais saíra do lustroso coldre de couro preto, preso ao talabarte. A violência era desconhecida, pois a mera presença de Seu Aires já eliminava ameaças. Cada escola pública tinha o seu guarda na porta. Mudei de escola, fui para Escola Honduras na Praça Seca, que lá está com a mesma arquitetura até hoje, e lá estava o policial também. O que aconteceu então com as Escolas Públicas desde o Distrito Federal, do Estado da Guanabara, até hoje? - A resposta é triste: Um absoluto descaso por parte da própria sociedade. Esta, quando passou a colocar seus filhos em escolas particulares, largou à própria sorte o legado público aos mais pobres. Toda e qualquer iniciativa de recuperar a escola tinha como entrave o próprio desinteresse com a Educação pública; afinal passar a estudar no exterior já ficava ao alcance de uma parte maior da população. Se não no exterior, por que não nos famosos colégios religiosos ? Lá, além de se prepararem para uma bela carreira, receberiam ensinamentos sobre os valores morais da família e até vir a conhecer um bom partido, irmãs ou irmãos de colegas da mesma classe social, ou até mais ricos, quem sabe?  A Escola Pública foi literalmente depedrada, desarticulada, intencionalmente destruída. Só uma mente ingênua ou extremamente burra não percebeu a intencionalidade. Daí ter de me perguntar: Poderia ter sido evitada ? Se lá estivesse Seu Aires, talvez o macabro visitante não conseguisse entrar. Se houvesse mais cuidado e mais Guardas em cada escola, talvez tivesse se evitado a tragédia? Estas questões estão inexoravelmente colocadas no plano de nossa autocrítica social. Estas perguntas não irão calar tão cedo. E mais:- Um guarda armado poderia ter abatido o assassino antes deste fazer uma vítima?  Os governantes e os responsáveis pela segurança pública não poderão se esquivar de enfrentar esta questão e de dar uma resposta à sociedade que os elegeu.
Queiramos ou não, temos a obrigação mínima de civilização de ter de evitar fatos como este. Queiramos ou não, temos esta questão martelando na nossa cabeça: -Não poderia ter sido evitado?
 

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