sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Espionagem e mídia

      Se minha memória não falha, um presidente americano, Richard Nixon, teve de sair porque foi apanhado, ou o seu partido, não lembro bem, bisbilhotando adversários. O caso deflagrado pelo Washington Post, a partir de uma dica dada por duas mocinhas que "saíram" com um figurão do FBI, a dois jornalistas novatos que ficaram famosos, Woodward e Bernstein, tornou-se famoso e emblemático. A sociedade americana presa a privacidade, como um direito e dever que representa a nacionalidade. É uma regra pétrea da cidadania americana.
      Agora, quarenta anos depois, os acontecimentos recentes da revelação da espionagem que o Estado Americano, através da NSA, perpetraram aqui no Brasil, mostram que esta regra pétrea evidentemente não se aplica ao outros. Isto sob o manto da proteção do Estado. Ou mudou o povo americano ou este passou a ingenuamente tolerar, após o 09/11 ou o 11 de setembro de 2001, a indiscrição das agências de inteligência do Estado. Este é um tema que suscita a contribuição do pensamento jurídico, sociológico e militar pois, se por um lado, fazer inteligência sem infiltração é ingenuidade, e por outro, fazer da infiltração e espionagem uma ação sem controle do Estado é banditismo.
      Portanto, este é um tema complexo que exige firmeza na ação dos agentes do Estado e competência na proteção deste mesmo Estado. Conhecer as fronteiras entre o lícito e o ilícito implica em técnica e consciência política. Mas ultimamente a coisa anda saindo dos trilhos. Por um lado espertos e demagogos a questionar a necessidade da proteção do Estado e da sociedade, por outro, outros mais espertos à justificar a prepotência e a incompetência. Ou seja, não é assunto para leigos decidirem e para uma imprensa moralmente desqualificada e desmoralizada pelo sectarismo e partidarismo político. 
      A obrigação de reagir a este ato que, na sociedade americana, seria objeto de punição severa; mas aqui nem é muito lembrada na mídia nativa, amestrada pelos interesses do capital internacional.
     Quarenta anos depois do "affair" Watergate, que hoje eu mesmo penso que nem existiu, (foi uma armação do "Garganta Profunda" chefão do FBI - é só ver o filme (Dustin Hoffman, Robert Redford)), pois Nixon contrariou interesses poderosíssimos com o término da Guerra do Vietnam, vemos o Estado americano ser desmascarado, frente ao seu povo e à toda comunidade das nações.
      Só mesmo a nossa imprensa para, diante de ato tão aberrante, querer minimizar e tentar ridicularizar o necessário protesto que Dilma, Presidente do Brasil,  tinha a obrigação de externar na ONU. 
      Ou damos um jeito de botar esta imprensa desqualificada nos trilhos, ou esta vai dar um jeito de nos tirar dos trilhos e destruir o país.



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