segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Olho na Alemanha

Ando meio desligado e com dificuldade de escrever sobre o que quer que seja, o que já me indica a necessidade de férias. Mas não posso deixar de pensar no significado da reeleição de Angela Merkel na Alemanha, centro nervoso e cérebro do garrote imposto aos preguiçosos povos mediterrâneos, diferentes dos laboriosos povos germânicos, mais afeitos ao trabalho, às guerras e ao frio. Frio que lhes impôs a necessidade de poupança e guarda das sobras do verão. Disso deriva a delícia do fondue, do pão velho e das sobras de queijo. É das mais simples regras de sobrevivência que derivam as mais complexas práticas comportamentais e econômicas. Mas ocorre que a farra do empréstimo fácil aos gregos, espanhóis, portugueses e mesmo os italianos, teve a contrapartida do interesse germânico.
      Mas será que a senhora Merkel irá continuar neste jogo de gato e rato?  Ganha as eleições após este quarto mandato, pergunto se não cairá a ficha destes alemães que não estão percebendo a construção da mesma bomba que lhes estourou nas mãos após o assassinato do Arquiduque  Francisco Fernando da Austro-Hungria. As causas que eram presentes à época quase que se reproduzem agora, pois a mesma Sérvia, após décadas de coexistência yuguslava,  há pouco foi palco de uma guerra sangrenta e de um genocídio assistido. A paz dos Balcans é uma tênue membrana a isolar a Europa da Grécia e também do Oriente-Médio. A geopolítica da região, sendo altamente complexa devido a compartimentação de etnias e a instável e mal resolvida divisão territorial, ainda vai dar dor de cabeça se misturada a questão grega. De nada adiantará o isolamento pelos estado-tampões da Macedônia, do revivido Montenegro, se a região continuar sob as tensões que a Alemanha lhes impõe via domínio econômico, como havia feito desde o final do Século IXX. 
      Confesso mesmo que a belicidade americana não chega a me tirar o sono, pois a sociedade americana construiu meios de controlar in-extremis a máquina de guerra. Já a sociedade alemã moderna que amadureceu desde a derrota da Segunda Guerra Mundial, hoje volta a apresentar os problemas de convivência que a tornaram antipáticas perante os demais estados europeus, pois volta agora a se manifestar, à margem de sua valorosa altivez,  o seu espírito intolerante e sectário.
      A reeleição de Merkel é mais parte do problema  e menos da solução, já que reitera o clamor por um recrudescimento da política econômica que desaguou nesta crise que ameaça mercados e estados europeus de forma geral, através de um desemprego que teima em aumentar...até chegar ao limite.
      Não sou economista para deitar falação sobre o que fazer, mas sou minimamente consciente da tempestade que irá formar no horizonte, caso o Obama, o Putin e o Jiabao não chamem a Senhora Merkel às falas.

 

 


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