quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Cultura física é muito bom...


Todo dia, ou quase todo dia, sou estimulado pela minha mulher a caminhar pela manhã. Andar marchado, sincopado, mas junto com ela é claro, coisa séria, Ou deveria ser séria, pois a preguiça volta e meia justifica a afirmação do "quase todo dia". Afinal é a dedicação da minha mulher e a sua preocupação pela minha saúde que se salva. Vem daí a minha reflexão.

O que tenho refletido e observado é que nos tempos presentes a cultura física tem sido um fator importante de preservação da saúde e a manutenção de níveis mais baixos de acidentes vasculares. Há vários indicadores que mostram o aumento de expectativa de vida como consequência da prática de esportes e da preocupação com o físico.

Mas, como tudo tem dois lados, também fez-me lembrar uma história, uma parlenda, de um mestre, um xamã, que respondeu ao discípulo, quando este perguntou quem venceria o embate dos dois lobos que viviam em nós no recôndito de nossa alma. Parábola que o xamã usou para representar o conflito entre o bem e o mal, coisa que o persa Mani já havia propagado oriente afora, havia milênios. 
O xamã usou a natureza mais próxima para expor a dualidade; o que suscitou a pergunta do discípulo: Qual dos dois lobos sobreviverá na nossa alma? O do Bem ou o do Mal ? Ao que o xamã responde: - Aquele que você alimentar.

Ressalto esta dualidade no que concerne a cultura física, quando os excessos se evidenciam e se multiplicam. E não estou falando de corpos super sarados, ou de proeminentes glúteos. Me assalta a ideia dos espetáculos eternizados pela lente de Leni Riefenstahl, no estádio Reichssportfeld de Berlim, construído para exaltar o mito da juventude ariana. Padrão reclacitrante de beleza e saúde. 
A história, ou melhor, Jesse Owens, cuidou de desconstruir o mito. Assusta-nos ressuscitá-lo.

Daí a percepção dos dois lobos do xamã. Fico cismado com a orientação desequilibrada da juventude em direção aquela cultura cega que desviou sua atenção dos valores mais humanos, mais legítimos da evolução da civilização, para uma glória pseudo-heroica. Seduziram a juventude à época da Olimpíada de 1936. "Ich rufe die Jugend derWelt" (Eu chamo os jovens do mundo) bradava o arauto no estádio.  Não era física, muito menos cultura; era lavagem cerebral, conseguida pela propaganda ostensiva e pela propaganda subliminar. Assusta-nos a dos nossos dias. 

A cultura física servirá á evolução do homem moderno em contraponto a propaganda da alimentação gordurenta do rumble-tumble da jerk-food, com que se abraçam nos cinemas para assistirem aos mais esmerados jerk-movies.  
A oportunidade das Olimpíadas para valorizar a cultura da "esporte e saúde para todos" está bem próxima.
Basta então que alimentemos o lobo certo.

ps. rumble-tumble, são aqueles imensos potes de comida
      jerk-food é comida porcaria
      jerk-movie, nem precisa dizer o que é, basta ligar alguns dos centos e tantos canais da televisão. 



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário