segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Memórias musicais IV

A memória, não a mais recente mas, com certeza, a mais importante data de 1987. No Theatro Municipal consegui passar o sentimento de musicófilo ( nem sei se existe esta palavra, mas expressa o amor à musica ) se encaixando perfeitamente no espectro de paixões de minha mulher; espectro este que divido com meu filho e as crianças. Gatos também.

Mas naquele dia pude oportunizar uma emoção com somente quem tenha sensibilidade aguçada e tenha a alma sofridamente acostumada à paixão. Tocou fundo na alma o "Concerto de Aranjuez", executado acho que pelo João Pedro Borges, não tenho certeza, mas que era um mestre no violão, isso tenho. Minha mulher não pode conter as lágrimas quando Joaquín Rodrigo expressa sofridamente seu amor  por Victoria. Assim reza a história. Ali todos os amores estavam expressos. Não fora à toa que muitos a versaram de forma popular. Sendo o mais famoso à cantá-la Charles Aznavour na adaptação de Richard Anthony. 

Para aqueles que não conhecem Richard Anthony sugiro uma visita a sua página na internet (http://richard-anthony.fr.gd/) que vim à descobrir, após vê-lo irreconhecível, faz tempo, no "Vivement Dimanche" de Michel Drucker na TV-5. Adorei saber que está vivo e cantando ainda. Este fabuloso cantor, dono de uma versatilidade incrível, além de uma enorme competência musical adaptou o "Concerto Aranjuez" para o popular "Mon Amour" que a voz de Charles Aznavour imortalizou. 

Esta memória posso compartilhar com muitos, pois sei que é terna e inesquecível. Mas gostaria de sugerir que ouvissem o "Aranjuez, mon Amour" na voz portuguesa de Amália Rodrigues. Você ouve de longe um fado português, com a variações mouras e então percebe uma intensa semelhança de sentimentos nestes nossos corações ibéricos. O concerto bem teria nascido um fado. Perdoem-me o trocadilho.



Um comentário:

  1. Foi um início de tarde maravilhoso. Minha primeira vez no grande teatro. Estava animada com essa oportunidade e achando que finalmente havia escolhido um parceiro a minha altura (mesmo que medindo centímetros a menos). Fui surpreendida com o tema musical. Lembrei dos meus pais que entoavam juntos esse trecho: minha mãe num francês perfeito e meu pai com seu tom de jagunço apaixonado. Eram dias felizes. Mas, como o Zezé poderia saber disso tudo? Hoje sei que só ele, Zezé, seria capaz de descobrir meus mais profundos desejos e segredos.

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