quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Chega

Entender o que ocorre no Brasil à partir de fora é impossível. Vários testemunhos já foram dados, muitos até assisti, seja por europeus ricos, seja por autoridades governamentais, seja por orientais que observam desde longe, mas atentos agora, seja por quem for, entender é impossível. Impossível entender e admitir a passividade que nos domina. Já ouvi comparações com o povo grego, irlandês, espanhol e não se consegue traçar nenhum paralelo, tampouco encontrar justificativas.
Deixamo-nos enganar  pelo impeachment. Assistimos a campanha feita pela mídia orquestrada, desde os agentes (Milleniun, Amcham, Lemann e vários outros) passando pelos notórios Temer, Cunha, Jucá, Aécio, Padilha, Moreira Franco, e achamos que não ia acontecer nada. E simplesmente tudo ia continuar tranquilo e calmo. Os mais exaltados, achavam até que iria melhorar. Mas como? Se uma campanha de ódio destilada por estes agentes visava exatamente a destruição do Estado. 
A quem mais interessaria a demolição do Estado Brasileiro ? Sua mundialmente conceituada engenharia civil e hidráulica, sua indústria aeronáutica, seu petróleo, sua produção agrícola, sua gigantesca produção de proteína animal? A quem, senão aos concorrentes ?

Ocorre que nós não vimos, cegos que estávamos pelo ódio e pela extrema negação de nossas origens, consequência da mente enfraquecida e já entorpecida pela subliminar campanha. Falo da nossa cabeça, da nossa elite. Realmente, a cabeça estava aqui, mas o coração estava em Miami, ou Nova York, ou Paris, ou Londres. Nossos valores já não eram mais aqueles do Ariano Suassuna, do Câmara Cascudo, do Guimarães Rosa, do Drummond, da Cora Coralina, do Mário Quintana. Não, simplesmente havíamos os esquecido, de tanta arenga e mutilação do idioma, dos costumes, das nossas cores.
Passeatas verde e amarelas financiadas por banqueiros matreiros e mesmo por agentes estrangeiros, sem saber o que mesmo significavam aquelas cores das casas dos Habsburgo e dos Bragança. Assim como copiávamos o bater de panelas chilenos, quando lá faltava a comida (o que não ocorria aqui, pois tínhamos até um bolsa família).
Aquele verde e amarelo das passeatas insufladas já não se vê mais pois, como disse Drummond ", ... a cor do arrependimento também desbota ".
A diuturna campanha, hoje é substituída pela vã tentativa de justificar o injustificável e muito menos explicável.
Tudo está desmoronando e nós não sentimos, pois perdemos a capacidade de sentir. E já faz tempo.
Mas pergunto então:  Nós quem ?
Nós, aqueles que nunca nos desempregamos. Nós, aqueles que nascemos em condições econômicas de conforto?
Fico em dúvida. Será que aqueles, que agora perdem os irrisórios auxílios do Bolsa Família, reagirão tão passivamente ?
Será que as comunidades faveladas dos grandes centros estarão tão anestesiadas ? 
Os indicadores sociais já não são tão tranquilos. 
Já há sinais de intranquilidade. Mas há aqueles que ainda não se deram conta que esta passividade levará ao desespero. Repito então Drummond. "Não é fácil ter paciência diante dos que a têm em excesso".
Ninguém consegue mais entender, nem os que estão de fora.
Chega.






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