quarta-feira, 16 de março de 2022

Guerra? Isso vem de longe

 Já está havendo uma certa impaciência e cansaço por parte da nossa sociedade ao assistir as reportagens da imprensa amestrada, seja televisiva, seja internética ou seja escrita, que assumindo um lado no conflito Rússia/Ucrânia, o que não seria uma questão por si só lamentável, passa a transmitir notícias falsas. Custo a crer que não seja intencional, tal falsidade.

Já há, mesmo dando à noticias os descontos necessários dos exageros e perfídias de ambos os lados do conflito, razoável percepção que este conflito já poderia simplesmente ter terminado, ou mesmo nem começado, se não houvesse, desde 2014 (repito, desde 2014), a matança de civis nas províncias do Donbass (Luhansk e Donetsk). Tivesse a Ucrânia, evitado a ação bélica das milícias, e o do Batalhão Azov, contra as províncias separatistas, provavelmente estas até já estariam incorporadas ao território ucraniano, e esta guerra nem teria se iniciado. Mas temos que lembrar que tanto o ocidente, a OTAN, quanto a própria Ucrânia fecharam os olhos as mais de quinze mil mortes de civis, mulheres, crianças e idosos,  trucidados por aqueles que endeusam até hoje Stepan Bandera (1). A OTAN, ou seja, os países europeus e os EUA, são responsáveis por mais uma tragédia humana. Quanto aos EUA, estes estão acostumados, mas, com exceção da Austria, Suécia, Finlândia, Sérvia e Irlanda, que mesmo pertencentes a União Europeia negam-se a participação na OTAN, os europeus da OTAN são coniventes com as milhares de mortes na Síria, na Líbia, na Bósnia Herzegovina, na Sérvia. Isso para não falar da Geórgia, da Ossétia,  da Abecassia,, da Chechênia, onde provocaram e armaram insurgentes sem nenhuma ameaça aos países da OTAN. Mera provocação e politicagem que resultou em milhares de mortes.

Se observarmos a inclusão dos trinta países vamos ver que há motivação óbvia, enquanto existia a União Soviética; após a sua extinção não há outro motivo de incorporação de nações, a não ser aquela que a Russia reclama: cerco ao seu território. Vejamos o mapa abaixo, (que ainda (2009)  não incorpora Montenegro e Macedônia do Norte, incorporados em 2017 e 2020 respectivamente, ambos com intenção de cercar a Sérvia), e as datas de incorporação dos países. Fácil perceber o cerco intencionado.


Os países  que fundaram a OTAN, desde 1949, foram aqueles que participaram da Segunda Guerra Mundial e teriam motivos de sobra par sua auto-defesa:

EUA e Canadá, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Itália, Luxemburgo, Noruega e Reino Unido. 
Adicionalmente Portugal e Islândia, que não participaram da guerra, entraram na OTAN.

Alemanha, recém ocupada, somente entrou na OTAN em 1955, juntamente a Grécia e Turquia em 1952 e a Espanha em 1982. Aí já se percebe os efeitos da Guerra Fria em oposição ao Pacto de Varsóvia que incorporava os países europeu da União Soviética (Países Bálticos (Lituânia, Estônia, Letônia), Polônia, Hungria, então Tchecoslováquia (atual República Tcheca e Eslováquia), Bulgaria, Romênia e a então Yugoslávia).

Daí em diante, após a dissolução da União Soviética, a OTAN avançou na incorporação dos páises saídos do Pacto de Varsóvia, incorporando em 1999, Hungria, Polônia e República Tcheca (que tinham um passado de opressão Rússia soviética). Em 2004 incorporaram Bulgária, Eslováquia, Eslovênia, Países Bálticos e Romênia.

Quando de 1992 a 1995 houve a Guerra da Bósnia, onde a OTAN, i.e. países europeus,  com um massacre destruiíram, com banho de sangue,  a então Yugoslávia em 1990;  e apertaram o cerco a Rússia em 2009, incorporando Albânia e Croácia. No final em 2017, já depois do banho de sangue em Donbass (Donestk e Luhang), incorporam Montenegro (um belo estado, mas artificial) e Macedônia do Norte, outro estado desmembrado da antiga Yugoslávia. O que mais é preciso, olhando o mapa e vendo as datas para perceber o cerco a Rússia. Faltava apenas a Ucrânia, a Geórgia, o Casaquistão, o Turcomenistão, o Usbequistão, a Quiquizia, a Moldávia, e a Mongólia. Pergunte-se se não houve interferência insuflando revoltas em todos estes países? Mais recentemente o Casaquistão passou por uma crise onde não faltou, com destruição e mortes, a interferência confessada da OTAN, ou melhor dos EUA.

Portanto é necessário ver , com olhos ( e com a mente também)  mais abertos as causas remotas e recentes do atual conflito e não apenas seguir carneiramente a mídia amestrada.


(1) Stepan Bandera:  ativista ucraniano que lutou com os nazistas na Segunda Guerra e que passou a ser homenageado na recente Ucrânia.






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