quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Planejava, logo pela manhã, dizer alguma coisa sobre o artigo do Exmo. General de Divisão que defenestrado do círculo dos acólitos do candidato a Cesar, piromaníaco, miliciano emérito. General este que resolveu falar o óbvio para a já maioria do brasileiros. 
No entanto li a coluna da querida Hildegard Angel e ví que nada mais era preciso dizer. Ela descortinou a visão do inferno, e assim deu o título ao seu texto que reproduzo abaixo. Nada mais tenho a dizer sobre este episódio do "general arrependido", mas, que durante um bom  tempo foi bem remunerado com o dinheiro que falta (assim dizem) ao auxílio emergencial. 

Eis o texto que vale a pena ser lido e relido.


Hildegard Angel

        Jornalista, ex-atriz, filha da estilista Zuzu Angel e irmã do ex-militante político Stuart Angel Jones

Visão do inferno

E nós, brasileiros, condenados a sermos eternos retirantes, passeando nossa desgraça ante os olhos distantes de robustos espectadores estrangeiros

28 de outubro de 2020, Por Hildegard Angel, para o Jornalistas pela Democracia

    O fogo nos consome. Queimam os sabiás, as palmeiras de Bilac, as onças do Pantanal, a maçaranduba, o cedro, os jatobás de nossa Floresta Amazônica. O hospital público deficitário arde em chamas e respira por aparelhos, num esforço desesperado para, mesmo sem fôlego, salvar nossas vidas secas. O incêndio não é desastre, é projeto. A Pátria é o butim que eles golpeiam, esquartejam, repartem.

 
Como hienas famintas, se atiram sobre nossas carnes. Um quer o Banco Central pra dividir com seus cupinchas. Outro quer dar o sistema de saúde pros comerciantes da dor, nem que para isso se redija nova Constituição. O senador pleiteia o aquífero pra sua multinacional vender em garrafas plásticas. O Pré-sal já se foi, junto com nossas esperanças equilibristas…

    Enquanto isso, o “imperador piromaníaco”, assim tão bem definido por seu ex-porta voz, toca sua harpa em desafino com a vida, e “o coral dos puxa-sacos cada vez aumenta mais”.

    Quando partirem, nos deixarão a carcaça atirada na caatinga, como no quadro de Portinari. E nós, brasileiros, condenados a sermos eternos retirantes, passeando nossa desgraça ante os olhos distantes de robustos espectadores estrangeiros, que assistem pela TV ao holocausto do Terceiro Mundo, como seriado da Netflix.

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