terça-feira, 22 de novembro de 2022

ERP+Br


Como vimos nos textos anteriores (dias 17 e 18/11/22) relativos aos sistemas de planejamento e controle (MRP/MRP-II/ERP), respeitando a exiguidade deste espaço, e da minha própria exiguidade de conhecimento, tais sistemas têm, sinteticamente, a missão de adequar o processo produtivo e logístico da empresa à variação de demanda de seus produtos. Buscando assim a economia evitando desperdícios de recursos, seja de mão-de-obra, de energia, de materiais e financeiros.

A conclusão óbvia é que o ambiente de pleno emprego industrial é que irá gerar um comportamento de demanda crescente e economicamente útil. A conclusão que se desdobra desta primeira, é que apenas as nações industrialmente desenvolvidas terão o pleno benefício, ou benefícios, de demanda e de oportunidade de aplicação destes recursos sistêmicos de planejamento e controle. Podemos perceber a profusão de sistemas na era da expansão industrial do anos 60 e 70; tanto nos EUA, quanto na Europa e no Japão, com suas técnicas autóctones.

Não quer dizer que nos ambientes não tão desenvolvidos tais sistemas não tenham na sua aplicação a capacidade de economia de recursos. Mas o que se observa é que em um ambiente industrial com comportamento errático e exíguo da demanda, as funções de otimização acabam por não serem aplicadas; seja pela influência direta da reprogramação/postergação de pedidos dos clientes ou mesmo seus cancelamentos, e mesmo pela dificuldade e incapacidade de suprimento.

Observa-se então a orientação do desenvolvimento desdes sistemas na direção das funções relativas as interfaces funcionais; ou seja, aquelas concernentes a parte fiscal e econômica/financeira. Basta ver a crescente complexidade das funções de expedição/faturamento referentes a cálculo de impostos (incidência – descontos – variabilidade) e mesmo as referentes ao recebimento de insumos.

Incorporando-se então as facilidades da internet (B2B e B2C) nas interfaces fornecedores/clientes a capacidade de resposta a variações encadeia o comportamento errático a toda cadeia de suprimento. Com isso passam os recursos produtivos (mão-de-obra e estoques i.e. capital imobilizado) a terem importância superlativa na atenuação destas variações.

Vale a pela lembrar a época já mencionada do “milagre japonês” por volta dos anos 70, quando a filosofia do “zero inventory” (estoque zero) se disseminou mundo afora. Não poucas empresas foram desabastecidas por não perceberem que o estoque-zero se aplicava principalmente ao estoque de produtos intermediários ( conjuntos, sub-conjuntos e processo ) já que o Japão mantinha um alto grau de materiais de subsistência (grãos, petróleo, carvão, etc…) embarcados, pois não possuía nenhum desses em seu território. Na crise do petróleo de 1973 o Japão tinha contratado e embarcados estes insumos para mais de um ano de consumo, garantindo capacidade de fazer frente a demanda crescente de seus produtos industrializados. Tal crise elevou o petróleo de US$ 12 o barril para US$ 40 em cinco anos. Nem é preciso dizer dos desdobramentos percebidos nas economias ocidentais.

Aqui e quase todo o ocidente copiou as técnicas japonesas sem estarem prevenidos para este aumento de preço e a ruína de seus estoques reguladores de insumos básicos. Pouco adiantou a eficiência dos sistemas. Breve história, imediata conclusão: - Saber aplicar tais sistemas está diretamente ligado a capacidade de perceber o horizonte, mas não elimina a necessidade de dimensionar estoques e recursos. Material, mão-de-obra e capital têm de estar juntos e sincronizados para fazer frente as variações e crises; a escassez de qualquer um dos três desencadeará o processo de deteriorização.

O mesmo se aplica aos sistemas: - projetar, desenvolver e implantar tais sistemas (MRP, MRP-II, ERP, doravante mencionados apenas como ERP) tem de levar em conta, além do estado-da-arte da computação e seus custos, a ambiência econômica e também social, caso contrário passará a aplicação destes ser um estorvo; via de regra motivo de rejeição por parte dos seus usuários. Nos obriga então, no desenho e desenvolvimento de tais sistema tirar partido de técnicas de predição, não mais reproduzindo estatisticamente apenas o comportamento passado ( regressão, ajuste e suavização). Análises mais amplas com correlação de fatores externos, nos permitem a aplicação das técnicas de aprendizado (machine learning) para o dimensionamento de recursos.

Quando as empresas não tem capacidade de atenuar efeitos estocásticos da economia estas os propagam e expandem através da cadeia produtiva. O nome que se dá a tal fenômeno, crise. Um sinônimo ou sucedâneo de pandemia. Como se enfrenta então a crise? Não repassando, evitando a propagação. O maior agente de propagação que tem se observado ao longo das crises é o desemprego, pois não se criaram os “estoques” e atenuadores de mão-de-obra. Isto é explicado pela simultaneidade das taxas de desemprego com o excesso de liquidez. Nem será necessário o auxílio dos economistas para nos revelar que tal simultaneidade se deve a interdependência causal; elas se realimentam. Mas aqui fica uma pregunta: - O que os sistemas ERP, ( já então potencializados com recursos de tratamento de demanda -machine learning, análise bayesiana, redes neurais, etc...- tem a ver com esse fenômeno? Resposta: Antevendo + comportamentos e viabilizando + reações racionais.

Então, mãos a obra i.e. desenhar, projetar, construir sistemas com tais potencialidades. Tudo made in Brasil, ERP+Br

Nenhum comentário:

Postar um comentário