sexta-feira, 14 de junho de 2013
Pedagogia & Gratidão
Tenho como dever de gratidão, publicar, mesmo sem a autorização do autor, a análise que pedi a este para fazer de um texto produzido no passado. Uma publicação que resolvi reeditá-la: "Abaixo a Pedagogia". Tanto para ligar o texto à análise, como para torná-la atualizada na leitura desta preciosa e lúcida análise. O autor da análise, Bruno Nathansohn, foi percebido pela minha visão, ainda que míope, mas já e multiplamente testada, pela sua capacidade de perceber e de fazer de uma semente de sequóia, aquilo que esperamos dela. a grandeza. Eis o texto de Bruno. Bebam-no.
"Refletir
sobre o papel de qualquer profissional nos dias de hoje torna-se um desafio.
Principalmente considerando a emergência do novo Paradigma
Sócio-Técnico-Científico (Milton Santos ou Castells?). A reflexão desenvolvida no
texto, revela essa preocupação, em relação à uma profissão-chave, cujo objetivo
é viabilizar uma atmosfera de aprendizagem. Você tem toda a razão quando
destaca a importância do reposicionamento do profissional, frente aos desafios
impostos pelas Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTICs). O
fundamento da lógica ensino-aprendizagem pode ser resgatada da Teoria
Cibernética de Gregory Bates e, depois, Norbert Wiener, inserido no pensamento
complexo. Nessa perspectiva insere-se uma interdependência entre manifestações
antropológicas, como as expressões comunicativas humanas, por meio das artes e
dos utensílios, e essas manifestações em analogia com a mecânica biológica. A
partir daí, permite-se pensar o lugar da técnica no processo de construção de
recursos para a adaptabilidade humana às novas dinâmicas naturais. O grande
problema é quando o ser-humano cria necessidades a partir do desenvolvimento de
suas próprias técnicas. Talvez aí resida o problema em relação à adaptabilidade
do pedagogo em relação aos desafios da educação. Ao invés do pedagogo, ou de
qualquer outro profissional, liderar o processo de criação e aplicação da técnica,
ele se torna dependente dela. A técnica tenderia à uma superação das vontades
humanas, como resultado da própria capacidade em criá-las e recriá-las. Tema
tão protagonizado na literatura Cyberpunk.
A Internet torna-se o Dasein das
relações tecidas no espaço concreto. É a existência, onde o Ser tem a
potencialidade de desabrochar, e só o realiza quando o fundamento estiver
consolidado. Pois, se existem várias possibilidades expressas no cyberespaço, não é um fenômeno que
pertença à rede virtual, senão na rede de relações concretas entre seres
conscientes, tecidas nas esquinas, nas ruas, nas associações de moradores, nas
igrejas ou nas escolas. Em outras
palavras, a Internet é uma potencialidade, mas só se realiza quando existe a
necessidade social e a vontade humana para tal. Apresenta-se, assim, como
potencialidade e não como fator determinante para a mobilização das forças
sociais. O social e o político conduz a técnica e não o contrário. Em termos
práticos, a área de Divulgação Científica, por exemplo, contribui para
qualificar a atuação dos profissionais que atuam com a transmissão da
informação científica e tecnológica para o público leigo. Contribui, fundamentalmente,
além de outras coisas, para a normalização das formas de acesso à uma informação
relevante, e não à uma informação qualquer. O que, do ponto de vista
educacional, significa dar suporte ao pedagogo para que possa orientar os
aprendentes em sua busca no “caos informacional”. Chama à reflexão sobre muitos
desses fundamentos, considerando as fontes de informação como algo essencial
para que haja a possibilidade de uma correta formulação do conhecimento. Sim,
existe um mundo de informação, mas esse é caótico. Sem saber como se guiar, o
aprendente se perde, e suas buscas tornam-se infecundas. O pedagogo teria,
assim, o papel de facilitador, guiando o aprendente, como fazem os comandantes
das naus, por águas turbulentas. Assim, a perspectiva humana não tem que se submeter
à técnica, mas adequar discursos e práticas tendo a técnica como suporte que
atenda à vontade humana."
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