quarta-feira, 4 de julho de 2018

Tirem as conclusões

Após a leitura dos dois artigos anteriores o amigo deverá estar perguntando: - O que fazer? Não sou nenhuma autoridade nem acadêmica, nem profissional que possa garantir uma receita infalível; estou armado apenas do meu profundo sentimento de patriotismo. Mas arrisco a dizer que a receita está também na leitura de von Clausewitz, e mesmo Sun Tzu. Não quero simplificar o problema, pois avalio a sua complexidade, apenas quero entendê-lo para então estabelecer os referenciais que pautarão a solução. O importante é não minimizar a natureza complexa do problema em questão: - Como sair dessa enrascada. 
Para problemas extremamente complexos existe a máxima que apenas soluções extremamente simples são capazes de resolvê-los. As soluções tem sua simplicidade quando são reconhecidas como "a solução";  até que tentativas de soluções mirabolantes fracassem. Ou seja, soluções complexas, não são soluções.

Quando me socorro em von Clausewitz, lembro o que o impressionou na Batalha de Valmy em 1792 foi a ferocidade dos cidadãos comuns que a travaram (naquela época o cidadão comum participava das batalhas já que precisava salvar sua pele e da sua família, caso fosse perdedor). Os conceitos de estratégia da guerra só afloram quando o fundamento principal está presente, a sua motivação. E a motivação é a violência, o ódio e a animosidade. A razão somente participará do jogo da guerra quando houver a animosidade, a oposição e paixão que a alimente. O próprio Clausewitz diz no seu Das Krieg: 
“A guerra, então, é apenas um verdadeiro camaleão, que modifica um pouco a sua natureza em cada caso concreto, mas é também, como fenômeno de conjunto e relativamente às tendências que nela predominam, uma surpreendente trindade em que se encontra, antes de mais nada, a violência original de seu elemento, o ódio e a animosidade, que é preciso considerar como um cego impulso natural, depois, o jogo das probabilidades e do acaso, que fazem dela uma livre atividade da alma, e, finalmente, a sua natureza subordinada de instrumento da política por via da qual ela pertence à razão pura.” (CLAUSEWITZ, Carl Von. Da Guerra. São Paulo:  Martins Fontes, 2010, p.30).
Quando me socorro em Sun Tzu, da mesma forma quero afirmar que o objeto da guerra não é senão
vencer.  Sun Tzu era um general, agia como general, pensava como general, mas sentia como o omem do povo que tinha que vencer para sobreviver. É conhecida sua afirmação: 
Derrotar o inimigo em cem batalhas não é a excelência suprema; a excelência suprema consiste em vencer o inimigo sem ser preciso luta
Ainda poderia adicionar a ação do General Zhukov  que diante de um inimigo mais armado, mais treinado, mais experiente, optou pela única saída possível: - Se fraquejar morre. Era a vitória ou a morte. Não havia saída possível.


Como estamos em uma Guerra, chamada agora de Guerra Híbrida, temos que ter consciência dos três  fundamentos que estes vitoriosos nos ensinaram: - Ter o conhecimento do inimigo, ter a motivação e vencer em qualquer hipótese. Sem estes três é certo que nós seremos derrotados.

A complexidade do teatro de operações nos mostra que, nós, brasileiros que temos a consciência da usurpação de nossa riqueza e de nosso território, não temos os recursos que dispõe o inimigo (sou obrigado a usar este nome, pois assim se portam os nossos que se entregaram, seja por conluio, seja por desistência). Ter esta consciência é parte do primeiro fundamento. A cidadela está em mãos daqueles que deram o golpe; tomaram-na em razão da fraqueza demonstrada pelos comandantes anteriores, já mencionei no artigo anterior. 

A motivação para luta e para o enfrentamento é carente diante da consciência da supremacia do inimigo; lembrando ainda que as forças (polícias e forças armadas) e parte do judiciário estão sob controle do inimigo, ainda que não totalmente. Sem esta motivação de enfrentamento escapa um dos elemento que von Clausewitz cita.  

Mas o terceiro fundamento está presente, desde que tenhamos consciência dele e esta consciência deve estar em todo o cidadão que não esteja cooptado, vencer a qualquer custo, caso contrário será eterno escravo e perderá tudo, da casa a dignidade.

Mas não podemos nos esquecer do conselho de Sun Tzu, "vencer o inimigo sem ser preciso luta".

Diante então do exposto temos que saber quais são as fraquezas e os objetivos do inimigo e conhecer também as nossas forças, os nossos pontos fortes, também como ensina Sun Tzu.
Algumas colocações sintetizam os fundamentos aqui relatados e expressam a "ferocidade da luta".


  • O inimigo deseja as nossas riquezas: o petróleo, a energia e a mão-de-obra escrava.
  • O inimigo não poderá nos destruir, caso contrário não terá a mão de obra barata para explorar o petróleo e a energia, ainda que importação de mão-de-obra barata seja possível. Mas esta é disputada ferozmente nas obras dos Emirados Árabes, no Qatar e alhures, e está situada na África e no Extremo Oriente, o que impõe dificuldades logísticas.
  • A nossa mão-de-obra barata (por isso as "reformas trabalhistas") já provou que pode almejar melhores condições tão logo escape dos controles do cativeiro.
  • Temos aliados que se opõe ao inimigo e que são reforços que podemos arregimentar, que são os partícipes dos BRICS.
  • A aplicação da força destes, principalmente a China, pode se dar exatamente nos pontos fracos do inimigo, exportação de minério de ferro e demais, grãos e carnes diversas. 
  • A aplicação desta força nos elementos estruturais (bancada do boi e agronegócio) abrem uma brecha nas defesas. Faltaria então um elemento essencial que abriria a resistência total que é relativo ao sistema financeiro. Este é a corrida aos bancos. Como dar a largada ?
Diante deste exposto resta-nos a solução mais simples possível para este complexo problema de vencer a guerra híbrida, que é abrir as brechas nos pontos fracos, o fornecimento para China e a corrida aos bancos. Na primeira existirá a aplicação de sobretaxas e na segunda a percepção popular que não somente a riqueza material está sendo cobiçada, mas também a sua própria. E só existe uma arma para este combate, a contrainformação. Essa tem que ser aplicada diuturnamente, diariamente e amplamente. Foi esta arma que aplicaram através da mídia para a preparação do golpe.
O resto os amigos terão de triar as suas próprias conclusões.

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