quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Alzheimer exibicionista

Tive a oportunidade na minha vida profissional de estudar e participar de desenvolvimento de sistemas de Inteligência. Não era um operador da Inteligência, mas um analista de sistema que desenvolvia sistemas de informação aplicados a guarda, captura, interpretação e fluxo de dados referentes as informações e documentos de Inteligência, fossem estes classificados, administrativos, operacionais ou analíticos.  Com este trabalho e com pesquisas acabei desenvolvendo um  conhecimento sobre Inteligência, tanto na área humana (humint) quanto na área eletrônica (elint). 

Posso afirmar que descrevendo o que fiz acima, estaria violando a regra mais fundamental de qualquer serviço de Inteligência, a discrição. Isso se não estivesse aposentado, como agora estou faz algum tempo. A discrição dá o mote da expressão romanceada que diz que quem trabalha e age nesta área vive nas sombras.

Mas, por quê estou cometendo esta quase indiscrição? Pelo fato que vejo na mídia a badalação que o General Heleno, a ABIN a ele subordinada é o caso, estaria espionando a Igreja Católica que prepara um Sínodo sobre a Amazônia.

O assunto me despertou curiosidade por dois fatos: o primeiro diz respeito ao óbvio vazamento da informação. Se a ABIN tinha a Igreja e seus membros como alvo, jamais esta informação poderia estar nas manchetes. Seria uma prova mais do que cabal de incompetência desta agência de Inteligência. Segundo, refere-se a motivação da Igreja Católica estar fazendo o Sínodo em Roma, no Vaticano. Ninguém melhor do que o clero brasileiro para acompanhar e prestar informações para o desenvolvimento deste Sínodo. Seria, acredito, conveniente convidar aqueles que lá trabalham para as instituições governamentais, tal como Universidades Federais, IBAMA,  Museu Goeldi, Embrapa, etc..sem precisar do concurso de ONG´s que têm suspeitas atividades, como já é sabido por todos. 
Não acredito que o Vaticano tenha as mesmas intenções destas mencionadas suspeitas ong´s..

Cabe então reiterar estas duas questões:
. Porque o General expõe a ABIN?
. Porque o Vaticano fará um Sínodo com participação de Cardeias e Bispos que só conhecem a Amazônia por retrato?

Em relação a primeira posso dizer: Ou o General quer expor à opinião pública o assunto que passaria meio despercebido em meio a tantos assuntos importantes que preocupam os brasileiros, como previdência social sendo "garfada" em seiscentos bilhões, perda de direitos trabalhistas, segurança pública dominada por milicianos, etc.. Ou o General foi "vazado" internamente, o que não quero acreditar, pois a ABIN consome os nossos impostos e não sai barato.. Ou este General está variando, como se diz na gíria.

Em relação ao Vaticano fazer um Sínodo, suponho que a causa esteja mesmo na ação pastores de igrejas neo-pentecostais que, à revelia da FUNAI, andam batizando índios e exorcizando os pobres coitados. Trata-se de crime na área federal. Isso sem falar em delitos de natureza sexual...

Afora o que considero quase como ridícula a figura deste pastor ao fundo, ao "civilizar" estes nossos irmãos e irmãs de Goiás, ainda desconfio que as sua intenções não são lá muito religiosas, já que "convertidos" trabalham para fazendeiros da região à troco de comida. E isto preocupa a Igreja Católica sim, assim como me preocupa e todos aqueles que tem um mínimo de decência. Quanto a participação de bispos de outros países, isso me preocupa. Aí sim, cabe a geração de conhecimento por parte da ABIN, então jamais poderia ter vazado este assunto.. 

Mas, o que resta deste episódio de "vazamento", se é que ocorreu e não publicidade intencional do General Heleno, é que o General não foi nem feliz nem eficaz no que se propõe. Se é uma manobra diversionista, falhou; se é um vazamento, pior ainda. Acho que, ou o General está precisando arrumar mais coisas com que se preocupar confiando a ação a ABIN e seus especialistas, ou realmente está ficando senil. Embora seja mais novo do que eu, acho que está dando mostra preocupante de um "alzheimer exibicionista".  



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