sábado, 28 de novembro de 2020

Mudança de Estado

 Os tempos andam mesmo complicados pois, se política e socialmente estamos lamentavelmente atrelados a locomotiva descontrolada da política americana, agora nesta transição Trump / Binden, aqui também estamos absolutamente desgovernados, presididos por um sociopata, auxiliado por militares sem qualquer compromisso com a saúde e a soberania deste povo. Ainda por cima assessorado pelo bruxo financista do Guedes que, tal qual um Rasputin, enfeitiça a côrte financeira-entreguista.

Ocorre que, como dizia Leibnitz: a natureza não dá saltos. A natureza da alma do povo brasileiro, por mais que tenha tido distorcida sua percepção nestes últimos anos pelas campanhas sórdidas da grande mídia para apoiar a consecução do golpe de 2016/2018 (o golpe foi obviamente engendrado pela Lava-Jato com o auxílio luxuoso do pandeiro do Departamento de Justiça do EUA) ainda reteve na sua memória límbica e mesmo a recente do período 2003/2013, tão badalado pelo The Economist, a verdadeira missão das Instituições, principalmente o Executivo, que naquele período (2003/2013), projetou a soberania do Povo Brasileiro. Se não reteve na memória, pelo menos o instinto de sobrevivência agora já dá sinais, se orienta na direção da recuperação da sua soberania e mesmo da recuperação das instituições. De forma lenta, mas já perceptível; seja nas eleições municipais, seja nas manifestações públicas. Já percebe mesmo que o comportamento do governo federal, em relação a pandemia, está mais para o genocídio doloso do que para economia de recursos... para Guedes entregar aos bancos.

Ocorre também que para a mudança real neste estado em que se encontra o complexo sistema de governo, considerando aí judiciário, legislativo e as demais instituições corrompidas no processo de desmonte do Estado (polícias (federal e estaduais), ministérios públicos e agências) será necessária muita energia para reverter este processo. Esta energia ultrapassa aquela que se conseguiria arregimentar no próprio povo. Pois este se ocupa diuturnamente da sua própria sobrevivência. Somente processos intestinos revolucionários mostraram na história das nações essa possibilidade de arregimentação; pelo menos nos séculos IXX e XX.

Fora os processos intestinos, somente a influência desde fora, a partir de nações que estejam envolvidas nas potenciais riquezas remanescentes, serão capazes de, junto a energia interna amealhada nos coletivos populares, de aportar a adicional energia necessária ao processo de (negentropia) reconstrução e recuperação de nossa soberania. Nem eleições serão capazes de vencer o processo de desconstrução do Estado (entropia).

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Alea jacta est.

 Diante de tantas sandices, de tantas maldades e de tantas traições a soberania do país, acompanhado pelo parlamento e pela excelsa corte deste mesmo país, e nada acontecer, vemos claramente que tal cenário somente se reverterá para uma condição minimamente soberana, quando influenciado pelo meio externo.

Esse pensamento me acode quando do anúncio do resultado das eleições americanas. A influência nos meios políticos e no meio empresarial foi obviamente detectada pela imprensa e esta se divide,  entre a crença na epifania de nossa redenção, por um lado, e pela piora nas relações internacionais dado a histórica belicosidade do democratas americanos incluindo aí o governo Obama.

Não importa qual dos dois caminhos serão trilhados, ou mesmo um terceiro, nossa situação, o estado em que nos encontramos, será afetada, e esta resiliência do esquema Bolsonaro será inexoravelmente quebrada. Não apenas devido ao seu comportamento, metido a esperto, agressivo e sem compostura, mas pelo fato do establishment não mais aceitá-lo. Temos que lembrar também que, após o dia 2 de janeiro do ano que vem, Bolsonaro não será mais útil, já que poderá ser descartado sem haver, por parte deste mesmo establishment, risco de nova eleição para presidente. Neste caso de descarte do incômodo presidente, seu vice Mourão, bem mais palatável aos donos reais do poder, ou seja o capital especulativo, bem mais domesticado pelos formadores de opinião sediados em Langley-Virginia, poderá terminar a obra de desmonte do Estado Brasileiro; já que não lhe fazem oposição os meios de comunicação de massa ora dominados pelos agentes do capital internacional. 

A julgar pelos generais que fazem parte do atual governo, retirando aqueles que acreditavam ingenuamente na seriedade de propósitos do presidente miliciano, podemos concluir que o vice ora em questão não terá muito mais lucidez para tratar a complexidade das relações internacionais imbricada nos, mais complexos ainda, problemas internos de nossa economia e de nossa realidade político-social. Se considerarmos seu discurso primário somente poderemos aproveitar esta janela de oportunidade de mudança de estado se recuperarmos o Itamaraty, com um diplomata que tenha sua carreira provada nos últimos anos de sucesso da diplomacia brasileira (vide  se "Os insatisfeitos" de 28/10/20).

Se realmente houver alguma grandeza por parte daquele que vier assumir o lugar do presidente miliciano, chamaria Celso Amorim para reconstruir o complexo relacionamento Brasil x Estados Unidos, que foi degradado por Trump, não apenas desastrado como inocente útil na mão do complexo industrial-militar, mas como o excelso mau-caráter. Não que Binden não carregue na sua vitória compromissos fortes com este mesmo complexo; mas a sua alavancagem e sua vitória se deveu ao apoio do cidadão negro e desempregado que espera menos gastos militares e mais gastos sociais. Pouco difere em suas esperanças do nosso conterrâneo. 

Para todos efeitos, alea jacta est.


domingo, 8 de novembro de 2020

Milagre americano

Hoje li o discurso de Binden; realmente merece ser elogiado. Mas é um discurso. Revela intenções, verdadeiras ou não. Revela mudanças reais no quadro político americano. Mas uma coisa é o discurso de animação das bases, outra coisa é governar sem maioria no Senado americano. Nem sei se os democratas fizeram maioria na Câmara.

De qualquer forma a administração democrata, para efeito de política externa, não estará muito distante nos seus fundamentos do inventário de intervenções e sanções, da política republicana. Vamos nos lembrar que a maioria das recentes “revoluções coloridas” mundo afora ( ênfase para a Ucrânia) ocorreu sob os auspícios da administração democrata Obama. As sanções impostas ao Irã, a Rússia, a “perigosíssima” e ameaçadora Cuba (que ainda tem em seu território a excrescência da prisão de Guantánamo) vem desde de tempos democratas e o próprio Binden, como senador, apoiou e incentivou a invasão do Iraque à época do Presidente Bush. Nem quero me referenciar a Assange, Portanto, esperar pacifismo por parte da administração Binden, não me parece lógico.

No entanto, no que concerne ao nosso país, acho que podemos esperar alguma melhora nas relações diplomáticas, ainda que esteja viva a memória da interferência, ou melhor da tutela, na Lava-Jato.

Cabe sim, as nossas Instituições, ou seja, seus representantes e seus mandatários, estabelecerem uma relação mais profissional e mais soberana. Isso passa por um comportamento menos juvenil e lacaio e mais profissional por parte destes profissionais, sejam estes civis ou militares. Parece óbvio que esperar tal comportamento de parte do capitão insurreto e jubilado, que hoje tripudia sobre generais, é mais do que ilógico; seria infantil.

As relações internacionais irão sim ser afetadas pela situação da Síria, onde os comandantes militares americanos, que até iriam desocupar o território sírio, partiram para o mais escrachado mercenarismo, “rachando” a venda do óleo sírio com os terroristas da DAESH. Há fotos e testemunhas americanas comprovando a pirataria. Será que a nova administração democrata vai dar vim a esse comportamento vergonhoso por parte dos militares americanos na Síria? Como vão lidar com a situação que criaram na Ucrânia na “Revolução Laranja”? Incluindo também as ligações (escusas?) do filho do presidente eleito com a Burisma Holding. Ainda há a intervenção nada sutil na Bielo-Rússia, as sanções impostas aos construtores do NordStream-2, que incomodam tanto os alemães. A lista de intervenções, provocações, etc.. mundo afora é bem grande. Sobra então a mais importante: - Como irão se relacionar agora (comércio e militarismo) com a China?

Acho mesmo que a nossa vez na fila das reformas e consertos na diplomacia ainda está longe; o que pode nos levar até o ano que vem, ter que varrer “a nossa administração”. Na lista da “basura” estarão inexoravelmente Salles, Ernesto Araújo e mesmo Guedes.

Não dá para vaticinar, mas cobrar um comportamento mais maduro, soberano, decente, menos subalterno por parte dos comandos militares e um Legislativo e um Judiciário mais confiável, é o mínimo que podemos fazer.

Entramos neste fosso, ou nesta fossa; temos que sair com nosso próprio esforço. Esperar pelo “milagre” americano só mesmo alguém “deitado eternamente em berço esplêndido”.


quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Ganharam no grito

 A imensa dificuldade que tenho sentido em, não apenas de externar meu pensamento sobre a nossa triste situação política, social, cultural e o mais que seja, mas de fazer deste pensamento algo organizado e coerente, foi aliviada pela leitura de João Paulo Nogueira Batista Jr. (https://jornalggn.com.br/artigos/bolivia-chile-bacurau-por-paulo-nogueira-batista-jr/) . Sempre procuro buscar neste experiente e lúcido economista e cientista social a inspiração e as lições do que me faltam, e muito. 

O leitor ou leitora que está aí, invisível, inacessível, atrás da tela onde ora vou digitando essas palavras, esse leitor ou leitora haverá de compreender, de certo, que escrever se mostra cada vez mais difícil? Estou à beira de desistir. Mas retiro o ponto de interrogação. Não cabe a dúvida – ironicamente presente na expressão “de certo”. O leitor desta coluna compartilha comigo alguns valores, opiniões e – sobretudo – angústias. Quem vivencia o momento atual, no Brasil e no mundo, sem angústia, sem pelo menos uma ponta de angústia, dificilmente estaria lendo estas palavras neste momento.

Diante desta citação acho que me cabe exteriorizar a enorme preocupação e incômodo com a cobertura das eleições americanas por parte da mídia; como se o resultado final daquele furdunço, mesmo afetando, em diferentes graus, a vida econômica de todas as nações do mundo, fosse mudar profundamente esta situação em que nos encontramos, onde a justiça é vilipendiada, as nossas forças armadas desmoralizadas e o povo mergulhado em desesperança e angustia. Eis a minha ponta de angústia.

Como não podemos nos omitir ou mesmo nos isolar diante deste certame, ainda que pouco vá interferir no comportamento de nosso presidente e seus acólitos, vejo que inexoravelmente a nossa economia acabou sendo afetada, ainda que indiretamente: - aproveitaram-se do frisson das eleições americanas e passaram no Senado a "privatização" do Banco Central, que já era uma autarquia federal bem independente. Se os banca queria mandar na economia e na finança do país, já está a meio caminho andado, só faltando a aprovação da Câmara. Cabe então a pergunta: - Afora os Estados Unidos, onde os Bancos Centrais são autônomos independentes dos governos nacionais? Considere-s ainda o caso do Banco Central da União Europeia. 

Espero que, independente de quem ganhe esta eleição nos Estados Unidos, a componente final das forças internacionais, incluindo o poder econômico da China, a capacidade militar da Rússia, a auto-afirmação da Alemanha, a "reconstrução" de países vizinhos da América do Sul, nos afete e pressione a refletir sobre a necessidade de sair deste laço que nos amarra. Que possamos desfrutar da ciência, que nos oferece a possibilidade das vacinas, a instalação do 5G, a educação estendida aos mais necessitados. 

Lembro que D.Pedro I, arrancou os laços do chapéu par gritar "Independência ou Morte". Se não lutarmos agora pela independência e continuarmos amarrados, amordaçados e algemados por esta súcia jurídica, parlamentar e militar só nos restará a morte como nação. O grito de Pedro I, duzentos anos depois, terá sido em vão. 

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Decrepitude: A instituição ou o general?

 

  1. Hoje eu tinha mesmo que falar sobre esta situação em que se encontram os militares brasileiros. Não falei antes sobre o General ex-porta-voz porque Hildegard Angel o fez de forma inteligente e sintética. Não poderia dizer mais nada. Mas ainda sobram motivos de sobra, principalmente aquela em que o General Heleno participa de reunião com os advogados do Senhor Flávio Bolsonaro, dentro das dependências palacianas, com objetivo de tentar anular as investigações efetuadas pela Polícia Federal.
  2.  Já não bastasse ser acusado, inclusive pelos comandantes militares de outras nações na Força de Paz do Haiti (MINUSTAH), de ordenar o massacre na favela Cité Soleil em Port-au-Prince, capital do Haití, ainda apoia o capitão jubilado por indisciplina e que assume a Presidência eleito sabe-se muito bem como. A Globo que o diga, apesar de agora estar sendo escorraçada. Este General presta-se a participar destes encontros milicianos. Como sua corporação, o Exército Brasileiro, isto é, os seus colegas generais na ativa, veem esta situação? Como o Comandante aceita esta ética ao contrário?
  3. Até onde veremos os nossos prepostos ao uso da força, os que têm obrigação da proteção da Nação e de seu Povo envolvidos, por este general decadente, nesta vergonhosa e decrépita façanha?

Planejava, logo pela manhã, dizer alguma coisa sobre o artigo do Exmo. General de Divisão que defenestrado do círculo dos acólitos do candidato a Cesar, piromaníaco, miliciano emérito. General este que resolveu falar o óbvio para a já maioria do brasileiros. 
No entanto li a coluna da querida Hildegard Angel e ví que nada mais era preciso dizer. Ela descortinou a visão do inferno, e assim deu o título ao seu texto que reproduzo abaixo. Nada mais tenho a dizer sobre este episódio do "general arrependido", mas, que durante um bom  tempo foi bem remunerado com o dinheiro que falta (assim dizem) ao auxílio emergencial. 

Eis o texto que vale a pena ser lido e relido.


Hildegard Angel

        Jornalista, ex-atriz, filha da estilista Zuzu Angel e irmã do ex-militante político Stuart Angel Jones

Visão do inferno

E nós, brasileiros, condenados a sermos eternos retirantes, passeando nossa desgraça ante os olhos distantes de robustos espectadores estrangeiros

28 de outubro de 2020, Por Hildegard Angel, para o Jornalistas pela Democracia

    O fogo nos consome. Queimam os sabiás, as palmeiras de Bilac, as onças do Pantanal, a maçaranduba, o cedro, os jatobás de nossa Floresta Amazônica. O hospital público deficitário arde em chamas e respira por aparelhos, num esforço desesperado para, mesmo sem fôlego, salvar nossas vidas secas. O incêndio não é desastre, é projeto. A Pátria é o butim que eles golpeiam, esquartejam, repartem.

 
Como hienas famintas, se atiram sobre nossas carnes. Um quer o Banco Central pra dividir com seus cupinchas. Outro quer dar o sistema de saúde pros comerciantes da dor, nem que para isso se redija nova Constituição. O senador pleiteia o aquífero pra sua multinacional vender em garrafas plásticas. O Pré-sal já se foi, junto com nossas esperanças equilibristas…

    Enquanto isso, o “imperador piromaníaco”, assim tão bem definido por seu ex-porta voz, toca sua harpa em desafino com a vida, e “o coral dos puxa-sacos cada vez aumenta mais”.

    Quando partirem, nos deixarão a carcaça atirada na caatinga, como no quadro de Portinari. E nós, brasileiros, condenados a sermos eternos retirantes, passeando nossa desgraça ante os olhos distantes de robustos espectadores estrangeiros, que assistem pela TV ao holocausto do Terceiro Mundo, como seriado da Netflix.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Os insatisfeitos

Desde o Carnaval deste ano que não consigo externar uma opinião acerca da nossa situação como país. Afora uma pandemia que nos imobiliza deixando até de contratar serviços caseiros e de reparos, o que nos obriga a fazê-los, confesso que me sinto imobilizado mais por incapacidade de compreender a natureza profunda desta nossa situação, mais do que os empecilhos. 

No entanto, percebo claramente que o desenrolar dos fatos que se sucedem desde há sete anos (2013) foram cuidadosa e profissionalmente plenamente planejados, por quem de interesse, apoiados por trânsfugas que se prestaram a este serviço, ou por ignorância, ou por interesse financeiro, ou por ódio, ou por puro “malcaratismo” mesmo.

A imagem de 2009 que me ocorre simbolicamente revela as causas desta desconstrução a que assistimos do Estado Brasileiro, e que repito abaixo, se associa a participação do Brasil nos BRICS, o que oportunizou uma comunicação minha a Presidente Dilma Roussef, alertando das possíveis consequências geopolíticas por parte dos Estados Unidos. Já que seus interesses de domínio geopolítico e sua doutrina de controle da América Latina estavam sim sendo ameaçados pela liderança brasileira e pela “insubordinação” de Evo Morales, de Chaves e de Kirchner.

Ser reconhecido pelo editor na condição de “estar decolando” como país industrializado, ainda que muito pouco, mas dando os primeiros passos na direção para alcançá-la através da educação, alertou a inteligência americana. O Pré-Sal oportunizaria fazer tal decolagem. Urgia então planejar esta desconstrução. Toda a máquina burocrática da inteligência americana, que já estava empenhada desde 2005 com “mensalão” neste projeto de desconstrução, que envolvia desde a aplicação de recursos locais de comunicação de massa, notadamente a Rede Globo, a participação do Judiciário se orientou na remoção da esquerda do poder. Até então não se cogitava da aplicação direta das Forças Armadas. Mas se viu obrigada a utilizá-la, já que pela via eleitoral parecia impossível. Um projeto foi então meticulosamente elaborado, utilizando-se todos os recursos locais disponíveis no inventário da classe aburguesada que há muito se envergonhava (há controvérsias) de ter apoiado torturadores, estupradores e assemelhados. Avaliou-se qual o maior “armamento” que dispunha então o governo petista para fazer frente ao esgotamento de recursos que lhes impunha o Legislativo e o Judiciário: Petrobrás. 

Daí em diante todos, inclusive o mais ardoroso direitista, sabemos o desenrolar. Construiu-se um deus, com pés de barro é claro, para poder dele se desvencilhar quando necessário, que, como juiz, faria o papel de acusador, investigador, e tudo mais. Dele se toleraria tudo, até as mais torpes manobras, pois era o instrumento que seria utilizado para, após aplicar o golpe parlamentar, tal como se perpetrara no Paraguai, impedir o retorno petista ao poder. Bastava encenar o ato final desta “ópera bufa”: utilizar as forças armadas para garantir, através de GLO (medida criada aos tempos do Governo Dilma) possíveis rebeldias. 

Tudo profissional, bem planejado, mas como soe as ações que envolvem banditismo, os partícipes acabam por se desentender, já que o moto de cada um destes implica na eliminação de seu concorrente pelo poder Eis então o quadro que se apresenta, emoldurado por uma pandemia que imobiliza protestos e neutraliza reações: desgoverno e desorganização do Estado.

Mas … E se vier a vacina e todos se sentirem seguros de ir para as ruas?

E, se por processos intrínsecos à bioquímica do vírus, a pandemia arrefecer? O que me parece improvável até 2022.

E se? Incluindo aí uma “virada” no governo americano.

E se...os militares brasileiros, por algum motivo esotérico, se sentirem envergonhados por terem sido usados nesta patranha contra o Estado Soberano?

Haverá muitas condicionantes, mas uma coisa é certa: arrefecida a pandemia a reação natural a esta sandice irá se desencadear, pois o nível de destruição que se aproxima é imenso.

No entanto, por maior que seja o desastre, estaremos inseridos no cenário global e a mudança em uma variável modifica o estado deste sistema complexo e imenso; tanto em direção a sobrevivência, quanto em direção a destruição.  Nestes últimos dez mil anos uma tem prevalecido, apesar de muitos impérios terem desaparecidos e muitas nações já nem existirem mais, apesar de milhões sucumbirem nas guerras insufladas por poderosos, apesar da impotência biológica diante de um agente micrométrico: a desesperada necessidade de sobreviver aliada ao progresso impulsionado pelos insatisfeitos.


Chego cedo ao trabalho, exatamente para poder ler com calma e decifrar o que a mídia, os blogs e os e-mails que faz parte minimamente da obrigação de se manter informado; senão, "atualizado das fofocas", diria minha saudosa sogra. 
Como chego bem cedo encontro a equipe da limpeza das salas aqui da Secretaria de Segurança, quase na sua totalidade composta por senhoras; o quadro masculino serve aos serviços mais pesados. Pois bem, por aqui trabalha uma senhora, ou senhorita não sei bem, de nacionalidade espanhola. Chegou aqui há uns dois anos e conseguiu ir morar lá em Piabetá, Distrito de Magé ( ou de Caxias ? Não sei ao certo ). Sincronizada comigo ela chega, assim como as outras, lá pelas sete horas, ou mesmo antes. Depende do trem. 
Esta senhora  veio fugida do desemprego desde lá do Reino de Espanya, já que é catalã de Girona e mais precisamente, disse ela, da fome.

Já instalada em Piabetá, que fica na distante periferia da nossa metrópole, disse-me ela que passou a ter um  "esmozar" logo de manhã, um "dinar" lá pelas dez horas, um "almuerzo", um "entrepá" as quatro da tarde, e em casa, um "sopar". Chamou-me atenção que tanto no almoço e no jantar ela mencionava enfática que havia carne, ou peixe, ou frango, quase sempre.

Pois bem, já fazem uns meses ela trouxe a avó lá da cidadezinha de Taradell para Piabetá. A razão desta, até triste, mas salvadora migração: - esta senhora de 86 anos comia apenas um "rotllo" por dia. Ou seja, um paõzinho apenas. Essa dieta de campo de concentração foi graças a salvadora ( para os bancos? ) política desde Madrid que condenou os trabalhadores a fome e ao desemprego. E agora mais ainda ao despejo de suas casas.

Esta senhora me relatou a situação precária de seus compatriotas que, para se intitularem europeus, pagam um preço irreal, desnecessário e imoral. Em condições típicas dizer que sair da Espanha, Girona, para Piabetá é um fato isolado que não representaria a realidade espanhola e mesmo européia. Posso dizer que Poisson me auxiliaria a provar que, exatamente, por este fato está aí representada a mais rasa e suja realidade: a submissão ao capital especulativo, que viveu e fez viver a fantasia do dinheiro fácil, à custa de antípodas asiáticos, africanos, latino-americanos que drenaram as suas riquezas em direção a Europa e ao EUA.

São os mesmos que botaram a Espanha de  joelhos, juntamente a Grécia, Irlanda, Portugal, Islândia e agora Itália (dentre vários), que apregoam medidas financeiras irresponsáveis cuja única meta é abarrotar ainda mais o baú de especuladores. Será que não cabe na cabeça de uns inocentes úteis daqui de nossas plagas que, seguindo este caminho, estaremos todos nós comendo apenas um "rotllo" por dia? E que teremos vergonha de lembrar que fomos capazes um dia de prover ao pobre viajor emigrante as refeições que lhe negaram na terra natal ?  

É exatamente o que está agora movendo as manchetes da nossa mídia, alugada para este fim:  enganar. Faz-me lembrar aquela historinha do Chapeuzinho Vermelho ( nenhuma alusão ao "barrete frígio" ):

- Por que este juro tão grande vovozinha?
- Pra conter a inflação Chapeuzinho
- Por que este desemprego tão alto vovozinha? 
- Pra conter a inflação Chapeuzinho.
- Pra que esta dependência tão grande ao capital internacional vovozinha?
- Pra te comer melhor Chapeuzinho. Será que não percebe? Garota burra e ingênua.

A minha companheira de trabalho espanhola serve como prova viva que não é um fenômeno raro e que, exatamente por estar aqui em Piabetá, serve como prova estatística. Esta companheira não é nem burra nem ingênua: salvou a sua vida e de sua avó, e sabe muito bem diferir o que é ilusionismo capitalista e realidade produtiva.  Varre todas estas salas para prover quatro refeições por dia a sua família.
Disse para mim semana passada, até com certa tristeza por não podê-lo: "Si jo vaig votar, vot en Dilma" 
    

Injustiça e mérito

Nem precisa ser um bacharel, advogado, ou amanuense, (ou coisa assim), para perceber o que jaz na formação de alguns juízes. 

Há muito se propaga a ideia de meritocracia como meio de se alcançar o bem estar e a justiça social, a democracia. Nada mais retrógrado, senão o pensamento em voga e vigente nos séculos XVII e IXX, como aparece na crítica de Pierre Rosanvallon em "A Sociedade dos Iguais",. Lá o autor cita: ...

"O grande sociólogo britânico Michael Young foi o primeiro a falar nos anos 60 da meritocracia, que é um velho ideal dos séculos XVIII e XIX. Young definia como um pesadelo todo país que fosse governador pela meritocracia. E é um pesadelo porque, neste caso, ninguém teria direito a protestar contra as diferenças. Se todas as diferenças estão fundadas sobre o mérito, aquele tem uma condição inferior a tem por culpa própria. Trata-se então de uma sociedade onde a crítica social não teria mais lugar."  

Se alguns juízes, chegassem ao mínimo de reflexão não estariam à cometer as mais rasas e absurdas injustiças e ilegalidades. Isto porque não lhes é cobrada pela sociedade a ponderação e o interesse coletivo, ideia mãe de democracia. 

Pois aí está o Sr. Marcelo Odebrecht preso há mais de quatro meses, por um juiz, concursado por certo, ocupando um cargo "de mérito" sem dar satisfação qualquer a nenhuma instância de direito ou saber superior.
Que meritocracia é esta ? Hipócrita e burra. O juiz, à seu talante, joga na prisão quem lhe parece suspeito ?  Baseado em uma delação premiada (oxímoro mais do que óbvio) ? 

O Almirante Othon lá está aguardando a boa vontade do juiz. Fartas e sobejas provas revelam outros interesses mais amplos e universais por trás da prisão do Almirante, que nada têm à ver com com propina.

Deu no que deu, acharmos que poderíamos fazer justiça fazendo ocupar postos importantes da administração pública pessoas cujo mérito era medido por apenas uma prova.  A prova de conhecimento imediato é necessária ? Claro que é. Mas não haver qualquer aferição do postulador ao cargo sobre seus conhecimentos sociais, suas intenções, seus discursos, é primário, infantil. 
Não gosto de fazer comparações externas, mas tenho que citar os Estados Unidos, onde xerife de polícia é escolhido em eleição. 

Voltando ao assunto do empresário e do almirante; até onde vai e quando irá parar esta sandice ?

Parece que por não mais serem motivos de manchetes estão lá os dois à apodrecer na prisão e o senhor juiz flanando por aí, dizendo um monte de sandices, dando declarações estapafúrdias ( que nem meu filho estagiário de direito diria ). 

Temos que cobrar uma solução para estes absurdos que a meritocracia criou.
Se não, ...interesses escusos

Sugiro a leitura do artigo de Samuel Pinheiro Guimarães :   
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20592
Nela, sua análise sempre plena e lúcida, traz à tona o problema crescente e crônico da desindustrialização.
Nem querendo corrigir, mesmo não conseguiria, nem querendo adicionar, gostaria de aproveitar o espaço crítico aberto pelo nosso insígne diplomata para colocar uma questão que acho pertinente e componente desta nossa "patologia": não temos coletivamente o propósito da produção própria. Se fôssemos traduzir, diria esta ausência remonta à escravidão que acabou envenenando nossa alma.
É, terminou; terminou após um mês de jogo de futebol quase todo dia.
Na sua maior parte, na classificação, foram três jogos por dia.
Para mim, que não sou fanático por futebol, foi até muito. Mas
confesso que já sinto saudades da Copa. Não dos jogos que assisti pela
televisão, alguns até em trechos de gravações à posteriori, mas da
Festa.
No bairro onde moro, onde há muitos albergues e hospedagens, o que
mais via eram torcedores e torcedoras jovens de várias nacionalidades.
E como jovens que eram, bonitos. Parecia uma Torre de Babel, ouvia-se
alemão, espanhol de diversos sotaques, bósnio, francês, inglês e até
uns mais velhos que falavam welsh, galês.
Ouvi outros idiomas que não faço ideia de quais sejam.
Foi uma verdadeira festa e posso dizer do fundo do coração: não ha
preço que pague. É como você fazer uma festa na sua casa e esta ser
muito concorrida. Nos enche de encanto, quanto mais, cheia de meninas
jovens lindas.
Festa é sempre bom.
Bom até para aqueles, que oprimidos, se alegram com esta comemoração,
um simples jogo de futebol.
Está até nas Escrituras, Provérbios 15:15 "Todos os dias do oprimido
são maus, mas o coração alegre é um banquete contínuo". É por esta
razão que a festa alegrou meu coração, independentemente dos custos e
dos ganhos, que afinal foram enormes. O mais importante foi este ganho
imaterial da alegria, mesmo com derrotas.
Afinal fomos solidários com os demais (29) vinte e nove países. Os
outros três se alegraram na comemoração dos jogos: Alemanha, Argentina
e Holanda. Nós e mais vinte nove não tivemos a mesma sorte, por razões
mais variadas, algumas até indizíveis, mas a alegria de receber foi
somente nossa.
No entanto após ouvir as mais variadas opiniões de entendidos de
futebol (derrotados, mas continuam entendidos) que sabem explicar a
derrota, fico buscando em outro extremo a causa de tamanho sucesso do
certame. Não faltou avião, não faltou hotel, não faltou ordem, não
faltou telecomunicação. Só faltou futebol brasileiro, mas de resto
todo mundo viu a grandiosidade de estádios e do espetáculo. A causa do
sucesso, qual seria?
Temos que lembrar também que houve quem destoasse, palavrões,
xingamentos, cambismo, mas realmente não chegou a arranhar a imagem  e
o bonito.
Qual seria a causa de tamanho sucesso?
Ah, simples: simplesmente o povo quis.
Muitos nem perceberam, tão longe que estão do Povo e da realidade.
Chego cedo ao trabalho, exatamente para poder ler com calma e decifrar o que a mídia, os blogs e os e-mails que faz parte minimamente da obrigação de se manter informado; senão, "atualizado das fofocas", diria minha saudosa sogra. 
Como chego bem cedo encontro a equipe da limpeza das salas aqui da Secretaria de Segurança, quase na sua totalidade composta por senhoras; o quadro masculino serve aos serviços mais pesados. Pois bem, por aqui trabalha uma senhora, ou senhorita não sei bem, de nacionalidade espanhola. Chegou aqui há uns dois anos e conseguiu ir morar lá em Piabetá, Distrito de Magé ( ou de Caxias ? Não sei ao certo ). Sincronizada comigo ela chega, assim como as outras, lá pelas sete horas, ou mesmo antes. Depende do trem. 
Esta senhora  veio fugida do desemprego desde lá do Reino de Espanya, já que é catalã de Girona e mais precisamente, disse ela, da fome.

Já instalada em Piabetá, que fica na distante periferia da nossa metrópole, disse-me ela que passou a ter um  "esmozar" logo de manhã, um "dinar" lá pelas dez horas, um "almuerzo", um "entrepá" as quatro da tarde, e em casa, um "sopar". Chamou-me atenção que tanto no almoço e no jantar ela mencionava enfática que havia carne, ou peixe, ou frango, quase sempre.

Pois bem, já fazem uns meses ela trouxe a avó lá da cidadezinha de Taradell para Piabetá. A razão desta, até triste, mas salvadora migração: - esta senhora de 86 anos comia apenas um "rotllo" por dia. Ou seja, um paõzinho apenas. Essa dieta de campo de concentração foi graças a salvadora ( para os bancos? ) política desde Madrid que condenou os trabalhadores a fome e ao desemprego. E agora mais ainda ao despejo de suas casas.

Esta senhora me relatou a situação precária de seus compatriotas que, para se intitularem europeus, pagam um preço irreal, desnecessário e imoral. Em condições típicas dizer que sair da Espanha, Girona, para Piabetá é um fato isolado que não representaria a realidade espanhola e mesmo européia. Posso dizer que Poisson me auxiliaria a provar que, exatamente, por este fato está aí representada a mais rasa e suja realidade: a submissão ao capital especulativo, que viveu e fez viver a fantasia do dinheiro fácil, à custa de antípodas asiáticos, africanos, latino-americanos que drenaram as suas riquezas em direção a Europa e ao EUA.

São os mesmos que botaram a Espanha de  joelhos, juntamente a Grécia, Irlanda, Portugal, Islândia e agora Itália (dentre vários), que apregoam medidas financeiras irresponsáveis cuja única meta é abarrotar ainda mais o baú de especuladores. Será que não cabe na cabeça de uns inocentes úteis daqui de nossas plagas que, seguindo este caminho, estaremos todos nós comendo apenas um "rotllo" por dia? E que teremos vergonha de lembrar que fomos capazes um dia de prover ao pobre viajor emigrante as refeições que lhe negaram na terra natal ?  

É exatamente o que está agora movendo as manchetes da nossa mídia, alugada para este fim:  enganar. Faz-me lembrar aquela historinha do Chapeuzinho Vermelho ( nenhuma alusão ao "barrete frígio" ):

- Por que este juro tão grande vovozinha?
- Pra conter a inflação Chapeuzinho
- Por que este desemprego tão alto vovozinha? 
- Pra conter a inflação Chapeuzinho.
- Pra que esta dependência tão grande ao capital internacional vovozinha?
- Pra te comer melhor Chapeuzinho. Será que não percebe? Garota burra e ingênua.

A minha companheira de trabalho espanhola serve como prova viva que não é um fenômeno raro e que, exatamente por estar aqui em Piabetá, serve como prova estatística. Esta companheira não é nem burra nem ingênua: salvou a sua vida e de sua avó, e sabe muito bem diferir o que é ilusionismo capitalista e realidade produtiva.  Varre todas estas salas para prover quatro refeições por dia a sua família.
Disse para mim semana passada, até com certa tristeza por não podê-lo: "Si jo vaig votar, vot en Dilma" 
    

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Olha onde nos metemos


Tomei a liberdade de replicar e reformatar, na cara dura mesmo, o artigo do Luis Nassif  "Xadrez do golpe de Bolsonaro a caminho, capítulo 2", de 02/02/2020, por Luis Nassif. 
Tomei esta liberdade motivado pela urgência que este artigo suscita para que se tome medidas que faça retornar o caminho da soberania. Se não por parte das instituições mencionadas no último parágrafo, por parte do próprio povo. Não sei ainda de que forma, mas tomando a iniciativa de interromper este processo de destruição da Nação. A depender da mídia, de algumas instituições e daquelas mencionadas, tenho lá minhas dúvidas.
Reproduzo então o artigo e, ao final, farei algumas considerações adicionais.


No dia 8 de maio de 2019, a estratégia era tão explícita que relatei no “Xadrez do golpe de Bolsonaro a caminho“.

A matéria principal de O Globo de hoje, “Atiradores compraram tanta munição de tiro quanto as forças de segurança” reflete apenas um ano de governo Bolsonaro. E mostra como estão sendo armadas suas milícias e grupos aliados, como clubes de atiradores e forças de segurançaprivadas.

Dados obtidos pelo Instituto Sou da Paz, com base na Lei de Acesso à Informação mostram:

  • Os atiradores civis compraram em 2019, pela primeira vez, a mesma quantidade que as forças de segurança pública: cerca de 32 milhões de projéteis.
  • O volume comprado pelo grupo ainda superou em 143% o quantitativo de munições que o Exército informou ter adquirido (13,2 milhões) no ano passado.
  • De 2018 para 2019, as compras diretas dos atiradores subiram 17,2%, enquanto o número de projéteis adquiridos pelos órgãos de segurança pública, incluindo as secretarias de gestão prisional, caiu 14,8%.
Em nenhum momento, Bolsonaro disfarçou seus objetivos, por trás do armamento da população. No dia 15 de junho de 2019, em evento militar no Rio grande do Sul, foi explícito:
— Nossa vida tem valor, mas tem algo com muito mais valoroso do que a nossa vida, que é a nossa liberdade. Além das Forças Armadas, defendo o armamento individual para o nosso povo, para que tentações não passem na cabeça de governantes para assumir o poder de forma absoluta. Temos exemplo na América Latina. Não queremos repeti-los. Confiando no povo, confiando nas Forças Armadas, esse mal cada vez mais se afasta de nós.
Repito que tentei explicar na época.


Peça 1 – O fator Olavo de Carvalho

Depois das últimas escaramuças, não resta dúvida de que a alma do governo Jair Bolsonaro são seus filhos Carlos e Eduardo. E, por trás de ambos, Olavo de Carvalho. Conforme foi possível conferir ao longo desses meses iniciais, todas as loucuras ditas por Olavo e pelos filhos de Bolsonaro têm consequências políticas. Não são meramente bazófias e grosserias. Têm que ser interpretadas ao pé da letra.
Três opiniões relevantes para compor essa primeira peça


A opinião de Olavo sobre os militares
É evidente que, para Olavo, os generais representam o maior empecilho para a guerra final contra o marxismo cultural.

A opinião de Eduardo Bolsonaro sobre o armamento para a população
Em mais de um Twitter, Carlos e Eduardo Bolsonaro deixaram claro que armar a população é condição essencial para a libertação do país. Deram como exemplo os EUA dos pioneiros e a Venezuela da Maduro. Se a população tivesse armas, Maduro não imporia sua ditadura.


A hora do enfrentamento, segundo Olavo
 De todos os tuites de Olavo, o que mais chamou a atenção foi o que ele avisa para deixar para mais tarde a briga com o general Villas-Boas. Quem o avisou foi “o anjo da guarda”. Não é necessário muito tirocínio para intuir quem é o tal de anjo da guarda.
É evidente que o sentido da frase embute a questão da correlação de forças. Mas o que impediria, neste momento, se o próprio Bolsonaro deixou claro que, entre militares e Olavo, fica com Olavo? Certamente não é a correlação de forças políticas dentro do governo Bolsonaro, onde Olavo saiu vitorioso. É a correlação entre o bolsonarismo e as forças externas – incluindo aí, os generais.


Peça 2 – o decreto de Bolsonaro
Portanto, é ingenuidade supor que o decreto de Bolsonaro, ampliando desmedidamente o direito às armas seja mero lobby dos clubes de tiro ou da indústria de armas dos Estados Unidos.
É um posicionamento político para impor-se amparado pelo poder das milícias, dos ruralistas, pelas armas nas mãos de seus seguidores, pelos aliados nas empresas de segurança e, provavelmente, por sua influência junto à média oficialidade das Forças Armadas.
As ligações de Bolsonaro e do PSL com as milícias são óbvias. E há evidências de monta sobre sua proximidade com os mercadores de armas. Dono de um arsenal de 120 armas pesadas, o ex-PM Ronnie Lessa era vizinho de condomínio de Bolsonaro. Ligado a tantos milicianos, colega de tantos ex-militares que vieram dos porões, é impossível que Bolsonaro não soubesse das atividades de Ronnie Lessa

Aqui o primeiro mapa feito mostrando essas ligações.


Peça 3 – as ligações com a indústria de armas dos EUA


No artigo “Xadrez da indústria de armas e o financiamento da direita” mostrei as estreitas ligações entre o lobby das armas e o avanço da ultradireita no mundo. Mostra também a associação dos Bolsonaro com a NRA, a associação dos fabricantes de rifles dos EUA.

Dizia a matéria;

No dia 10 de novembro de 2018, o site da America´s 1st Freedom, da NRA, dizia (https://goo.gl/F7mkKV): “Tiremos o chapéu para Bolsonaro por ver a situação pelo que realmente é”.

Um ano antes, em 2017, Jair e Eduardo Bolsonaro foram recebido com todas as regalias pela NRA, conforme reportagem da Bloomberg (https://goo.gl/KWcMhy):

“Enquanto estavam lá, eles experimentaram uma AK-47 e outras armas de assalto. Depois, Eduardo, vestindo uma camiseta “F — ISIS”, segurou cartuchos de grande calibre para a câmera e expressou consternação por eles poderem “ter um problema” se tentassem trazer a munição para o Brasil.”

Quando entrou em crise, depois de ter defendido o armamento para a população dias antes da chacina e ela passou a ser alvo generalizado de críticas, inclusive do prefeto de Nova York, a saída foi invocar Deus:
A reação da NRA veio através de seu líder, Wayne LaPierre, alertando contra uma “agenda socialista” por trás das campanhas contra o desarmamento. E dizendo que o direito às armas “é garantido por Deus a todos os americanos como direito de nascença” (https://goo.gl/QKwpaa).

A atuação política da NRA é fundamentalmente contra as instituições, das quais a mais visada é a imprensa.

Peça 4 – o fator Wilson Witzel

O governador carioca Wilson Witzel está claramente preparando sua polícia – civil e militar – para a guerra. Pode-se supor que seja contra as organizações criminosas adversárias das milícias. O que aconteceria com essa estrutura armada, caso o bolsonarismo decidisse peitar a hierarquia das Forças Armadas?

É mais uma evidência do posicionamento dos bolsonaristas.

Peça 5 – o caos que se avizinha

Não há a menor possibilidade da economia melhorar. A equipe econômica conduzida pelos  inenarráveis Paulo Guedes e Mansueto de Almeida, parecem determinados a inviabilizar o país, a pretexto de cumprir a Lei do Teto. E sempre com a promessa impossível de que tudo irá melhorar, em um passe de mágica, se for aprovada a reforma da Previdência.


Todas as medidas tomadas parecem ter o intuito de promover a reação da população. Pode ser mera miopia política, de economistas desvairados, pode ser a busca do álibi para o confronto final contra o tal do “marxismo”, que os bolsonaristas vêem até nas Forças Armadas.

De qualquer modo, a cada dia que passa o desalento será maior, assim como a corrosão na popularidade de Bolsonaro. Isso explica a pressa em acelerar providências, a pretexto de recuperar o contato com a base.

O país corre o mais sério risco da sua história, de ser efetivamente controlado por organizações criminosas. Seria relevante que caísse a ficha das instituições – STF (Supremo Tribunal Federal), Forças Armadas e Congresso, antes que seja tarde.

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No momento que iniciava a escrever considerações sobre a urgência de agirmos contra medidas de graves consequências, ( até contra  entrega do SERPRO e da DATAPREV, que contém dados sigilosos sobre todos os cidadãos brasileiros que, juntamente o livre curso de milícias, poria em risco de vida aqueles que estão no serviço da segurança pública ), eis que chega a notícia da morte do capitão Adriano, suspeito do assassinato de Marielle Franco, em operação da Polícia Civil na Bahia. Haverá desdobamentos dessa notícia, e mesmo mudança de curso nas investigações do assassinato de Marielle, suspeitas de queima-de-arquivo aparecerão, e mais implicações dos filhos do presidente. Nada mais há a se justificar da cobrança de urgência. As considerações sobre a liberação de armas já estão mais do que obviamente implícitas.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Ladeira acima


      Há pouco, escrevi aqui que abrir-se-á uma janela de oportunidade para iniciarmos uma reação lá pelos meses de abril e maio. Digo isso baseado principalmente no calendário eleitoral americano que, como já viram no episódio da convenção do Partido Democrata no Estado Iowa, vai ser bem tumultuado, devido a própria característica dos candidatos democratas mas, principalmente, devido a sua contraparte republicana. Neste período de campanha, as atenções irão se voltar para temas mais eleitoreiros no plano dos interesses dos políticos americanos; há de se convir que o Brasil de Bolsonaro é secundário neste plano. E que eles sim, são os agentes verdadeiros do golpe de 2016.
      Cabe a nós brasileiros (brasileiros de fato), neste momento, enfrentar as vicissitudes impostas pelo poder destrutivo de Paulo Guedes (and associates) e gerar energia para se opor ao momento de inércia que está imposto pelas instituições comprometidas com o lawfare. As instituições, retrógradas que são, estão apegadas ao ideário neoliberal e tem pelo Povo Brasileiro o mesmo compromisso, ou até menor, que tem com o agente de viagem para a Disneyworld.
      Por isso, temos mesmo que empurrar a carroça ladeira acima. E esta figura de retórica significa criar os movimentos que foram exploradas em 2013 para enfraquecer o governo Dilma. Não tinham o menor compromisso com as bandeiras que alardeavam, mas que alcançaram seu intuito; isto é: iniciar a "Revolução colorida" que daria base ao estabelecimento da guerra híbrida que seria travada para alcançar o poder e então desmontar o Estado Brasileiro, como hoje se constata com a destruição de seus componentes econômicos e sociais: - a internacionalização dos meios de produção e o sucateamento programado das instituições.
      A nossa "revolução", assim como a "revolução verde" nos países árabes, a "revolução laranja" na Ucrânia, teve como objetivo a tomada do Estado sem confronto armado; ainda que este tivesse que ser aplicado, caso necessário. (até que foi, diria o nosso general). Tal como fizeram na Bolívia, no Equador e tentaram, ou melhor, tentam, na Venezuela.  A nossa, seria a "revolução amarela", que "amarelou" aqueles que ingenuamente acreditaram no que a grande mídia contratada promoveu, um golpe de estado.
      Hoje está mais do que claro para todos, mesmo para os eleitores de Bolsonaro, que Lava-jato, pedalada fiscal, e toda sorte de artimanhas, foram arquitetadas para se preparar a tomada do poder por parte de agentes eternos, mais propriamente o "deep-state" americano que nunca teve pejo de utilizar os meios mais sórdidos na manutenção do seu eterno "estado de guerra". Estado de Guerra este que justifica verbas astronômicas par  indústria bélica e para as agências de inteligência. (são mais do que quinze). Ver: https://thoth3126.com.br/ex-agentes-insiders-que-expuseram-as-17-agencias-de-inteligencia-dos-eua-1/
      Se pudéssemos aqui relatar todos os meios utilizados por estas agências, nem haveria espaço, tampouco é este o objetivo deste texto; mas serve este mesmo texto de alerta para que, (ainda que vindo a ter a pecha de fantasia de "teoria da conspiração", como se fosse possível haver conspiração sem fantasia), possamos reagir na defesa do Estado Brasileiro, na defesa de nossa soberania. Agora sendo violentamente atacada pelo tal do agente Guedes (and associates). "Agente" aqui serve tanto para designar a sua função infiltrada, como analogia aos agentes patogênicos, tal como os das epidemias chinesas.
      A propósito: - para aqueles que conseguem ler em idioma inglês aconselho a leitura deste site "State of the Nation" : http://stateofthenation.co/?p=5231 Verão então do que estas agências são capazes, enganando também o povo americano.

     Aqui no Brasil, conseguiram arranjar um personagem que servisse e interpretasse a peça produzida pela companhia "lava-jato" e dirigida pelo Moro. Diga-se ainda, com papéis distribuídos no Legislativo e no Judiciário também. O apoio da crítica, papel então personificado pela mídia, serviu ao propósito de angariar o apoio de boa parte da população. Eis no que deu. 

      Cabe agora corrigirmos e anularmos as consequências deste golpe perpetrado nesta guerra híbrida. E todos nós, que temos um mínimo de consciência política, já sabemos: - não dá para aguardar 2022; até lá o Estado já foi totalmente destruído.O agente patogênico Guedes terá conseguido seu intento. Não somente ele, mas todos os demais agentes que tem como missão o desmonte do Estado. Vejam, como exemplo, o que recolhi hoje na internet, sobre o que disse Gustavo Franco (um dos associates), da equipe do FHC.

É o fechamento deste texto  hoje. Nada mais há dizer senão empurrar carroça ladeira acima e já.









quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Chega de intolerância.

      Tenho que falar de Carnaval, mesmo em meio ao noticiário tenebroso das falcatruas do Guedes, das sandices do seu chefe. Tenho sim que falar de Carnaval, da qual, confesso, não sou muito adepto. Não que rejeite a manifestação dos foliões inveterados. O que hoje critico é a manifestação allegro ma non troppo, mas não tanto, pois promovida a exageros de bebida, e que não tem a mesma espontaneidade de outrora. 
      Podem me chamar de carioca saudosista, mas quando bondes carregavam figuras pitorescas e as escolas de samba traziam de suas raízes negras baianas não estilizadas, e as "rainhas de bateria" eram autênticas personagens enraizadas culturalmente em suas comunidades, aí sim eu gostava mais.
      A imagem que guardo dos bondes com figuras de uma ingenuidade ímpar penduradas com suas fantasias adaptadas de saiote, chupeta e até de vestido de noiva, me leva a refletir sobre as mudanças que ocorreram nestes últimos setenta carnavais que não brinquei, mas que compensaram por poder testemunhar a alegria alheia. Talvez lá no íntimo quisesse estar pendurado também no bonde São Januário. Aquele que "levava mais um operário...que iria trabalhar", como dizia a música de Wilson Batista e Ataúlfo Alves. Andar nos estribos do bonde, mesmo não sendo carnaval, eu ainda consegui. Era a excelsa manifestação da masculinidade na época. Nada mais simbólico para um adolescente dos anos cinquenta e sessenta.
      Nos anos setenta e oitenta o carnaval perde contato com as suas raízes e os clubes escondem dentro dos seus salões a não confessada vontade da burguesia de tirar a máscara com que se apresenta o resto do ano, a máscara do pudor.
      Os bondes há muito não mais existem, mas as fantasias e os requebros sobrevivem à custa de uma inocência perdida em vinte e um anos de repressão.
      Os moleques que correm a se pendurar nos bondes, pois já vivem pendurados no morro e pedindo socorro a cidade aos seus pés, como dizia o samba de Odemar Magalhães e Luis Antônio em 1953, hoje cantarão com toda a sua força o samba-enredo da Mangueira de Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo. E de lá nascerá a esperança.

Eu tô que tô dependurado
Em cordéis e corcovados
Mas será que todo povo entendeu o meu recado?
Porque de novo cravejaram o meu corpo
Os profetas da intolerância
Sem saber que a esperança
Brilha mais na escuridão

A esperança nascerá pois o povo há de entender o recado, mesmo em meio a esta tenebrosa escuridão: Chega de intolerância.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Abra-te sésamo.

      Como já escrevi aqui em algum momento, e a ideia não é minha e sim de John Dewey, teremos de ser pragmáticos(*), e perceber as sobreposições dos ciclos que se relacionam a existência humana; desde os que interferem nas condições físicas ( não confundam com a astrologia, mas El Ninho etc.. ) até aqueles relacionados as ações humanas no plano social. E um destes ciclos a qual me refiro é aquele na qual contamos os anos, os meses, nossas férias, as férias escolares, aos famosos períodos denominados "recessos" a que nossos exaustos juízes e parlamentares se dão para um repouso de mais de um mês. Entra ano e sai ano fenômenos sociais e econômicos dependem destes ciclos.                Podemos ver que durante este período "de festas" e "de férias", ou seja, os meses de dezembro, janeiro, fevereiro e março pouco acontece que venha mudar o estado e o ânimo político no nosso país (e mesmo de outros nas nossas latitudes). Existe até um dito popular e de conhecimento amplo em que se diz que "no Brasil o ano só começa depois do carnaval". Como Carnaval neste ano cai lá pelo final de fevereiro, o ano então só começaria em março. 
      Tenho que lembrar ainda que foi por esta época pós-carnaval, abril de 1983, que se abriu a janela das "Diretas Já".
     É baseado então nesta cronologia, neste ciclo, que penso que algumas mudanças advirão; seja no plano político, seja no plano econômico. 
    No plano econômico, tenho sérias preocupações e acho que devemos nos preparar para tempos mais difíceis, pois não tenho a menor esperança que o Guedes vá receber alguma inspiração positiva do divino; pois a se depender de sua sabedoria econômica e percepção da realidade, as esperanças serão nulas.
    No plano político haverá confluências e superposição de ciclos que derivam da nossa própria cronologia e outras influências externas que interferem na nossa já pálida soberania. Burocratas americanos preocupados e ocupados na manutenção de seus cargos, influenciados pela própria campanha das eleições presidenciais e mesmo pelas trapalhadas e confusões internacionais em se metem diplomacia e forças armadas americanas. Nem estamos aqui considerando as mudanças que poderão ocorrer no plano europeu no caso de substituição de Angela Merkel. Já que este fato sim poderá provocar mudanças políticas reais, pois Brexit, como se diz na gíria, já era; não afetará muito a política continental da União Européia.
      A superposição destes dois planos, pertinente a zeitgeist destes nossos tempos, é que imporá  o aparecimento de uma janela de oportunidade, e esta desencadeada por fatores: - a conscientização política dos jovens estudantes, como sempre, e a crescente exaustão do repertório de mentiras e  interpretações teatrais dos atores e feitores do poder imperial. Ou seja, Moro, Guedes e os demais. Quanto ao Presidente? Bem, este vive da interpretação desde há muito tempo e não será agora que fará algum diferença a mudança no cenário em que interpreta o papel de presidente.
      Dois fatores então irão ajudar a determinar a compor a solução daquele momento em que a abrir-se-á janela de oportunidade. O comportamento das massas jovens, sendo pouco ou nada afetado pela tentativa, (como sempre tem sido aplicada), da distorção e influência pela mídia alugada. E por via externa, a  necessidade do império aparentar isenção e até mesmo vir a cooptar por razões eleitoreiras, a depender de quem seja o opositor democrata a Trump, se vier a ser, como tudo indica,  ele mesmo o nome republicano.
      Dizer agora a resultante que irá se deslumbrar ao abrir-se esta janela, impossível. Só o demiurgo o dirá. Mas, sejamos pragmáticos, temos mesmo é que empurrar a carroça ladeira acima pra entrar no templo e então alcançar o trinco desta janela. 
      Ou da porta, se lembrarmos do "Ábra-te sésamo" do Raul Seixas.

(*) - melhor seria utilizar a expressão de forma como nos ensinou Whitehead