Independentemente da época, ou do verão fora de época, onde os termômetros marcaram mais de 36º Celsius, a memória me diz que estes fenômenos de violência são recorrentes. Basta ver o registro do domingo ensolarado de 18 de outubro de 1992, há 23 anos onde o mesmo fenômeno ocorreu. E vem ocorrendo.
Não é novidade, como não é novidade que as "vilas-miséria", as "bidonville"(*), as favelas despejam ano após ano nos domingos ensolarados a mesma quantidade de menores com o mesmo grau de violência.
Onde está o problema então ?
Alguns dizem até que está no governo do PT. Outros dizem que está na nossa tolerância com o crime. Alguns até nada dizem.
Mas eu perguntaria: O que fizemos para oferecer de lazer alternativo ?
O que fizemos para que o menor tivesse uma creche onde pudesse se distanciar do crime ?
O que fizemos com a educação em tempo integral ? Para todos os habitantes, das favelas ou não; de qualquer extrato social.
Sempre escuto a mesma resposta todos estes anos: - Não há dinheiro para isso tudo.
Mas claro, não há dinheiro que chegue para pagar juros. Rolar dívida acaba como uma bola de neve.
Não atacamos a raiz dos problemas sociais, fora aqueles que há muito, décadas, já eram para ser implantados e demoraram muito para surtir efeito no presente. ( "Bolsa Família", "Minha casa, minha vida" são exemplos ).
O tempo todo ficamos à falar um economês debochado que pensa poder esconder a realidade do país. Cada um mostrando mais beletrismo que outro, esteja à esquerda ou direita do espectro do pedantismo e da superficialidade intelectual.
Temos uma população, só na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que conta com 17 municípios e é quase 3 vezes mais populosa que a Finlândia (padrão de sociedade igualitária), onde a população favelada está em torno 4 Milhões de habitantes. Se apenas 1%( um porcento ) destes 4 Milhões forem violentos ou marginais, teremos então 40.000 delinquentes. Um contingente maior do a Polícia, e boa parte destes armados. Se apenas 4.000 forem para as praias não haveria polícia que chegue.
Ouvimos as mais primárias, infantis e parvas soluções. Todas restringindo-se à violência pela violência apenas, sem atacar o problema real.
Desde 1982, onde pude testemunhar a presença prévia ao "arrastão" das câmeras da Globo na Praia de Copacabana (altura da Rua Santa Clara) que vejo este "amok"(**) como inevitável resposta a nossa burrice social e política.
Quando vamos aprender ? Já ocorre há mais de trinta anos o mesmo problema.
Ou a nossa pseudo-elite aprenderá por bem ou, infelizmente, na própria carne.
Parece que estamos condenados a segunda opção...de tão... É, é isso mesmo.
* -ver Le-monde de maio de 1991; "Misère et solidarité dans les vieux bidonville*s"
** - amok : palavra malaia que se refere ao "arrastão" que ocorria quando uma turba violenta invadia as aldeias atrás de ópio.
** - amok : palavra malaia que se refere ao "arrastão" que ocorria quando uma turba violenta invadia as aldeias atrás de ópio.
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