sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Patroas, porém


Um pensamento que me aflora agora, justo nesta hora, vem mais do sentimento do que razão e, talvez por isso mesmo, sinta-me até mais lúcido para abordar a questão do "amok" a que referi em mensagem passada. Gostaria de expor então.

Atento, até por dever de ofício, a exposição pública do chamado "auto-de-resistência"  (está em todos  jornais e na mídia eletrônica - não que isso lhe dê importância maior do que já tem) forjado no Morro da Providência, estabeleço a conexão óbvia entre o poder do Estado e a população favelada que, como já mencionei na mensagem passada,  está em torno de 4 milhões de pessoas na nossa Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que para ali foram, pelo único e exclusivo fato de que este mesmo Estado, lhes negou as oportunidades que deveriam ser comuns a todos os cidadãos; seja na educação, seja na saúde, seja no lazer, seja na difusão de sua cultura.
A imagem que agora choca revela a relação antiga deste mesmo Estado para com o habitante destas comunidades, que emergiram desde a diáspora do campo após 1888 e, mesmo durante todo século XX, quando lhes foram negadas terras que, por direito, seriam utilizadas para seguir com seu trabalho.  Não é um fenômeno hodierno senão  presente desde a nossa formação como Estado. Estado este, controlado pela elite (branca como eu, diga-se de passagem) que detinha poder e terras. Terras de onde foram expulsos pela miséria e pela automação agrícola. Terras trabalhadas à exaustão por estes refugiados dentro de seu próprio país.  

Quero citar de www.loveira.adv.br/material/agrario/agrario_reforma_EUA.doc/: "O Presidente Abraham Lincoln, em 1862, promulgou a Homestead Law, sendo de fato, a reforma agrária processada nos EUA. Esta, assegurava a cada cidadão ou na iminência de sê-lo, o direito de requerer uma propriedade de até 160 acres de terra do Estado, com o pagamento de uma taxa de 1 dólar e 25 centavos, com reconhecimento do domínio pleno, após cinco anos de posse efetiva da terra. Mais tarde, esse direito foi modificado para aquisição de área de até 640 acres". Podemos dizer que estamos atrasados um século e meio.


As consequências da nossa incapacidade de fazer a nossa reforma agrária estão agora aí expostas publicamente; seja na manifestação violenta nas praias por parte dos marginais plenos, seja na execução de quem deveria estar na escola, ou mesmo conectado na internet como nós agora, podendo ler sites em inglês, ou outro qualquer idioma. Nem creche, nem escola, nem lazer. Nada. Onde a razão poderá encontrar qualquer vestígio de sanidade ?
Onde poderemos chegar se não corrigirmos imediatamente, sem demagogia, esta brutal distorção de valores morais e humanos ? 
Quando poderemos tirar estes 150 anos de atraso ?

Perdoe-me o desabafo amigo e confidente Francisco, mas este pensamento emergiu quando ouvi, agora pela manhã, a seguinte frase: - " devia era matar toda esta gente mesmo ". Era uma senhora bem vestida, nova, mas com a alma apodrecida. Devia ser companheira daquelas retratadas na passeata pelo impeachmente ( ver as fotos ).



Agora me diga, sem querer cobrir, ou encobrir, os meus colegas armados: - Que diferença existe entre eles e estas senhoras ?
Elas estarão soltas.

Não tenho dúvida que o "amok" só tenderá a continuar. Nas terras malaias, onde este fenômeno acontecia, agora se produz arroz para exportação para todo o Oriente; - a reforma agrária não apenas acabou com o amok mas fez de Kuala Lumpur exemplo. É lá que estão as Torres Petronas.

Aqui estão as patroas...Ridículas, mas patroas.

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