sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Tudo se conecta...

Durante uma conversa ontem, onde apareceu o nome de Richard Attenborough, sobre um filme, dentre vários (Jurassic Park, Ghandi, ...) em que trabalhou, imediatamente associei o nome de seu irmão David Attenborough; naturalista famoso, que apresentava um programa na televisão chamado “A vida secreta das plantas”.

O relato que faço agora parte de uma experiência ímpar que tive assistindo, em companhia de meu filho ainda pequeno, este programa de David Attenborough. Experiência que descrevi a um par na conversa e à pedido deste faço um breve relato que serve à guisa de discussão e de exegese, pois o texto a seguir assim se revelará:

Assistindo o programa me deparei com a descrição do processo de disseminação da semente da Acácia pelos elefantes africanos. Eles comem suas sementes e vão defecá-las quilômetros adiante, quando ainda a regam com a urina rica em nitrogênio. Uma garantia de propagação da espécie vegetal propiciada pela associação cooperativa de uma espécie animal; milagre ecológico que ocorre há milhões de anos.
Mas aquela menção a acácia me fez fazer a associação com o texto bíblico em Êxodo 25: 10-16


.Também farão uma arca de madeira de acácia; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura de um côvado e meio, e de um côvado e meio a sua altura.
.E cobri-la-á de ouro puro; por dentro e por fora a cobrirás; e farás sobre ela uma coroa de ouro ao redor;
.E fundirás para ela quatro argolas de ouro, e as porás nos quatro cantos dela, duas argolas num lado dela, e duas argolas noutro lado.
.E farás varas de madeira de acácia, e as cobrirás com ouro.
.E colocarás as varas nas argolas, aos lados da arca, para se levar com elas a arca.
.As varas estarão nas argolas da arca, não se tirarão dela.
.Depois porás na arca o testemunho, que eu te darei.

A acácia é citada no texto sagrado sem dizer a razão de sua escolha. Várias interpretações exegéticas foram feitas ao longo dos séculos, com base nesta árvore ser resistente a pragas. Mas esta espécie é designada pela uma variedade imensa de aparências e nomes. Ou seja, a acácia, além de ser uma madeira, é um símbolo, já que abriga várias variedades de árvores, que dá base a interpretação, não apenas exegética mas ainda hermenêutica. Dela então havia tirado uma citação para um capítulo do livro que escrevia e que cabei intitulando “A árvore da acácia”. Não havia melhor nome para expressar a ideia e o tema central deste livro que versava sobre sistemas de produção e apresentava técnicas, métodos e heurísticas de otimização de produção. Baseava-se, à princípio, em equivalentes termodinâmicos, mas a simples citação do texto bíblico, não somente lhes emprestava credibilidade, como expandia conceitos e significados. Se não, observem os seguintes quesitos:
. A madeira: simples, humilde, resistente, incorruptível e farta na natureza. Matéria prima de qualidades intrínsecas e de logística simplificada.
. As medidas: convertidas ao sistema métrico, percebe-se a sua característica ergométrica e uma relação próxima ao segmento áureo, ou suficientemente próxima, que sugere conceitos matemáticos que apareceriam por volta do século V, e que até hoje estabelecem proporção de estética e equilíbrio. Além do conceito de “proximidade” inerente ao pensamento probabilístico.
. As instruções: as instruções de “montagem” e acabamento muito se parecerem, ou mesmo indicam as técnicas industriais que se aplicaram após a Revolução Industrial Vitoriana, ou século IXX da nossa era.
. Os materiais: a semelhança com os circuitos impressos, sobre base de fibra barata e conexões de ouro, nos induz a imaginar os computadores atuais.
A lista de similitudes e relações potenciais não tem fim. Consegui até fazer ilação com Kurt Gödel, vai longe então a amplitude epistemológica do tema.
Mas o que procurei mostrar foi a amplitude das relações e ilações do pensamento, que se expandem do puro racional até a percepção suprarracional, mostrando que mesmo a nossa estrutura vagal, simpática e parassimpática se liga a extratos superiores, que por sua vez se conectam a outros, e outros, e outros, induzindo a uma conexão aparentemente sem limite.
Vejam só, uma “bolota” do elefante tem o mesmo significado epistemológico que a matemática de Kurt Gödel.. - Pode?

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